domingo, 10 de abril de 2011

Perspectivas


Há basicamente três perspectivas em que o ser humano pode avaliar o mundo e a si mesmo:
1- Não pensar no pensar
Aqui o homem atua mais através de suas emoções, principalmente a partir do medo e da busca pelo prazer. Desta perspectiva o mais importante são os sentimentos e as formas de apaziguar o medo e manter o prazer. Desta perspectiva surgem os mitos e as religiões. O importante não é a averigação intelectual da validade dos mitos ou dos dogmas, mas o grau de satisfação que estes dogmas ou mitos trazem para o ser humano. Nesta perpectiva não se valoriza o pensamento mas o sentimento/emoção. A fé é a base desta perspectiva.

2 - Pensar no pensar
Historicamente esta perspectiva iniciou-se com os gregos e originou primeiramente a filosofia e posteriormente a ciência. Nesta perspectiva o ser humano procura pensar sobre o pensamento, tentando entender como este funciona, suas características, seus limites, suas vantagens e desvantagens. No caso da filosofia esta perspectiva é utilizada de forma pura, valorizando mais o sujeito que pensa. No caso da ciência esta perspectiva é utilizada como uma forma de pensar criticamente para avaliar com metodologia apropriada (dentro desta perspectiva), os objetos que circundam o sujeito, e o própio sujeito. A lógica é a base desta perspectiva.

3 - Pensar no não pensar.
É a perspectiva das religiões orientais, onde se valoriza a ausência do pensamento , pois segundo esta perpectiva, o pensamento limita o ser, e portanto deve ser transcendido. A meditação é a base desta perspectiva.

Uma não perspectiva.
Todas as três perspectivas acima são maneiras de abordar o mundo e o ser humano, e existem essencialmente para cumprir a função básica do pensamento que é a capacidade de solucionar problemas e de descobrir motivos para os fenômenos. Há a possibilidade porém de uma quarta via que não é uma nova perspectiva, eu chamo de Não pensar no não pensar. Qualquer coisa que se diga sobre esta "quarta via" será dito de uma das três perpectivas acima, e portanto não será a quarta via. Historicamente tanto o oriente quanto o ocidente, tem representantes desta "quarta via", mas eles não compõe um grupo homogêneo, e quando vão falar sobre esta "quarta via" fatalmente falam a partir de uma das três perspectivas acima.


Lao Tsu, expressou bem esta "quarta via"ao afirmar:

"O Tao que pode ser falado não é o verdadeiro TAO"


quarta-feira, 6 de abril de 2011

Mistério


"No silêncio da noite e na serena tranquilidade da manhã, quando o Sol começa a iluminar os montes, apercebemo-nos de um grande mistério. Este mistério está em todas as coisas vivas. Se nos sentamos debaixo de uma árvore, sentimos este velho planeta com todo o seu incompreensível mistério. Na quietude da noite, quando as estrelas cintilam e parecem estar muito próximas, temos consciência do espaço a expandir-se e da ordem misteriosa de todas coisas, do imensurável e também do nada, do movimento dos montes na escuridão e do grito da coruja.
Nesse completo silêncio da mente, o mistério vai aumentando, sem tempo nem espaço... A experiência é a morte desse indizível mistério...para estar em comunhão com esse mistério, a nossa mente, o todo que nós somos deverá estar no mesmo nível, sincronizado, com a mesma intensidade que isso a que chamamos misterioso. E isso é amor. Com este amor todo o mistério do universo se abre."

Krishnamurti