quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fênix

O Mito da Fênix remonta ao antigo Egito, sendo depois transmitido para os gregos e outras civilizações. 
Entre os egípcios, esta ave era conhecida como Bennu, porém ambas eram associadas ao culto do Deus-Sol, chamado Rá no Egito. Ao morrer, este pássaro era devorado pelas chamas, ressurgindo delas uma nova Fênix, a qual juntava as cinzas de seu progenitor e, compassivamente, as conduzia ao altar do deus solar, localizado em Heliópolis, cidade egípcia. 
Os pesquisadores não chegaram ainda a um consenso sobre a duração da vida da Fênix; uns apontam quinhentos anos, bem mais que um corvo, o qual já vive muito tempo; outros garantem um prazo bem maior, aproximadamente 97mil anos. Ao cabo de cada ciclo existencial, a ave sente a proximidade da morte, prepara uma fogueira funerária com ramos de canela, sálvia e mirra, e automaticamente se auto-incendeia. 
Algumas narrativas apresentam uma versão distinta, segundo a qual a fênix, à beira da morte, se dirigia a Heliópolis, aterrissava no altar solar e então ardia em chamas. Depois de um período ainda não definido precisamente, ela retorna à vida, simbolizando assim os ciclos naturais de morte e renascimento, a continuidade da existência após a morte. O povo egípcio acreditava já, nesta época, que este pássaro simbolizava a imortalidade. 
Ela também é conhecida por sua intensa força, que lhe permite levar consigo fardos de grande peso; segundo alguns contos, seria capaz de transportar inclusive elefantes. 
De acordo com as lendas difundidas por cada povo, a ave assumia características específicas – com penas roxas, azuis, vermelhas, brancas e douradas entre os chineses; douradas e vermelhas com matizes roxos para os gregos e egípcios. Era maior que uma águia. 
Para os povos antigos, a fênix simbolizava o Sol, que ao final de cada tarde se incendeia e morre, renascendo a cada manhã. Neste sentido, os russos acreditavam que ela vivia constantemente em chamas, por isso era conhecida como Pássaro de Fogo. Diante da perspectiva da morte, ela era considerada como um símbolo de esperança, de persistência e de transformação de tudo que existe,um sinal da vitória da vida e da inexistência da morte como ela é atualmente concebida pela civilização ocidental. Seu canto era extremamente doce, ganhando tons de intensa tristeza com aproximidade da morte. 
As lendas afirmam que sua formosura e sua melancolia influenciavam profundamente outros animais, podendo mesmo levá-los à morte. Afirma-se que somente um pássaro podia existir de cada vez, e que suas cinzas tinham o dom de ressuscitar alguém que já morreu. 
O nome adotado entre os gregos para esta ave pode ter surgido de um erro de Heródoto, grande historiador da Grécia Antiga, pois ele possivelmente confundiu o pássaro com a árvore sobre a qual ela era geralmente representada, a palmeira – phoinix em grego. 
Os cristãos associam a Fênix, na arte sacra, à ressurreição de Cristo; nas mais diversas mitologias ela tem o mesmo significado, tanto entre gregos e egípcios, quanto entre os chineses. Diversos escritores se referiram à Fênix, tanto na Antiguidade quanto nos dias atuais, entre eles Hesíodo, Heródoto, Ovídio,Voltaire, Rabelais. 
A Fênix é um pássaro da mitologia grega que quando morria entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas. 
Outra característica da Fênix é sua força que a faz transportar em vôo cargas muito pesadas, havendo lendas nas quais chega a carregar até elefantes. 
A Fênix nas tradições germânicas é a deusa Gullweig. Teria penas brilhantes, douradas, e vermelho-arroxeadas, e seria do mesmo tamanho ou maior do que uma águia. 
Segundo alguns escritores gregos, a Fênix vivia exatamente quinhentos anos. Outros acreditavam que seu ciclo de vida era de 97.200 anos. No final de cada ciclo de vida, a Fênix queimava-se numa pira funerária. A Fênix, após erguer-se das cinzas, levava os restos do seu pai ao altar do deus Sol na cidade egípcia de Heliópolis (Cidade do Sol). 
A vida longa da Fênix e o seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual. 
Os gregos provavelmente copiaram dos egípcios a idéia da Fênix. Esses últimos adoravam “benu”, uma ave sagrada semelhante à cegonha. O “benu”,assim como a Fênix, estava ligada aos rituais de adoração do Sol em Heliópolis. As duas aves somente representavam o Sol, que morre em chamas toda tarde e emerge a cada manhã. 
Segundo a uma antiga versão russa tinha o nome de pássaro de fogo,na qual vivia em chamas. 
A Fênix, o mais belo de todos os animais fabulosos, simbolizava a esperança e a continuidade da vida após a morte. Revestida de penas vermelhas e douradas, as cores do Sol nascente, possuía uma voz melodiosa que se tornava triste quando a morte se aproximava. A impressão que a sua beleza e tristeza causava em outros animais, chegava a provocar a morte deles. Segundo a lenda, apenas uma Fênix podia viver de cada vez. 
Hesíodo, poeta grego do século VIII a.C., afirmou que esta ave vivia nove vezes o tempo de existência do corvo, que tem uma longa vida. Outros cálculos mencionaram até 97.200 anos. Quando a ave sentia a morte aproximar-se, construía uma pira de ramos de canela, sálvia e mirra em cujas chamas morria queimada. Mas das cinzas erguia-se então uma nova Fênix, que colocava piedosamente os restos da sua progenitora num ovo de mirra e voava com eles à cidade egípcia de Heliópolis ,onde os colocava no Altar do Sol. Dizia-se que estas cinzas tinham o poder de ressuscitar um morto. 
O devasso imperador romano Heliogábalo (204-222 d. C.) decidiu comer carne de Fênix, a fim de conseguir a imortalidade. Comeu uma ave-do-paraíso, que lhe foi enviada em vez de uma Fênix, mas foi assassinado pouco tempo depois. 
Atualmente os estudiosos crêem que a lenda surgiu no Oriente e foi adaptada pelos sacerdotes do Sol de Heliópolis como uma alegoria da morte e renascimento diários do astro-rei. 
Tal como todos os grandes mitos gregos,desperta consonâncias no mais íntimo do homem. 
Na arte cristã, a Fênix renascida tornou-se um símbolo popular da ressurreição de Cristo. Curiosamente, o seu nome pode dever-se a um equívoco de Heródoto, historiador grego do século V a.C.. Na sua descrição da ave, ele pode tê-la erroneamente designado por Fênix (phoenix), a palmeira (phoinix em grego) sobre a qual a ave era nessa época representada. 
A crença na ave lendária que renasce das próprias cinzas existiu em vários povos da antiguidade como gregos, egípcios e chineses. 
Em todas as mitologias o significado é preservado: a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca têm fim. 
Para os gregos, a Fênix por vezes estava ligada ao deus Hermes e é representada em muitos templos antigos. Há um paralelo da Fênix com o Sol, que morre todos os dias no horizonte para renascer no dia seguinte, tornando-se o eterno símbolo da morte e do renascimento da natureza. Os egípcios a tinham por “Benu” e estava sempre relacionada a estrela “Sótis”, ou estrela de cinco pontas, estrela flamejante, que é pintada ao seu lado. 
Na China antiga a fênix foi representada como uma ave maravilhosa e transformada em símbolo da felicidade, da virtude, da força, da liberdade, e da inteligência. Na sua plumagem, brilham as cinco cores sagradas. 
No início da era Cristã esta ave fabulosa foi símbolo do renascimento e da ressurreição. Neste sentido, ela simboliza o Cristo ou o Iniciado, recebendo uma segunda vida, em troca daquela que sacrificou pela humanidade. 
A Fênix representa a ave legendaria que vivia na Arábia. Segundo a tradição, era consumida por ação do fogo a cada 500 anos, e uma nova e jovem fênix surgia das suas cinzas. Na mitologia egípcia, a ave fênix representava o Sol,que morria à noite e renascia pela manhã. 

A Fênix é símbolo de ressurreição.

( http://pt.scribd.com/doc/53120066/O-Mito-da-Fenix )


“Na Índia vive um pássaro que é único: a encantadora fênix tem um bico extraordinariamente longo e muito duro, perfurado com uma centena de orifícios, como uma flauta. Não tem fêmea, vive isolada e seu reinado é absoluto. Cada abertura em seu bico produz um som diferente, e cada um desses sons revela um segredo particular, sutil e profundo. Quando ela faz ouvir essas notas plangentes, os pássaros e os peixes agitam-se, as bestas mais ferozes entram em êxtase; depois todos silenciam. Foi desse canto que um sábio aprendeu a ciência da música. A fênix vive cerca de mil anos e conhece de antemão a hora de sua morte. Quando ela sente aproximar-se o momento de retirar o seu coração do mundo, e todos os indícios lhe confirmam que deve partir, constrói uma pira reunindo ao redor de sí lenha e folhas de palmeira. Em meio a essas folhas entoa tristes melodias, e cada nota lamentosa que emite é uma evidência de sua alma imaculada. Enquanto canta, a amarga dor da morte penetra seu íntimo e ela treme como uma folha. Todos os pássaros e animais são atraídos por seu canto, que soa agora como as trombetas do Último Dia; todos aproximam-se para assistir o espetáculo de sua morte, e, por seu exemplo, cada um deles determina-se a deixar o mundo para trás e resigna-se a morrer. De fato, nesse dia um grande número de animais morre com o coração ensanguentado diante da fênix, por causa da tristeza de que a veem presa. É um dia extraordinário: alguns soluçam em simpatia, outros perdem os sentidos, outros ainda morrem ao ouvir seu lamento apaixonado. Quando lhe resta apenas um sopro de vida, a fênix bate suas asas e agita suas plumas, e deste movimento produz-se um fogo que transforma seu estado. Este fogo espalha-se rapidamente para folhagens e madeira, que ardem agradavelmente. Breve, madeira e pássaro tornam-se brasas vivas, e então cinzas. Porém, quando a pira foi consumida e a última centelha se extingue, uma pequena fênix desperta do leito de cinzas.
Aconteceu alguma vez a alguém deste mundo renascer depois da morte? Mesmo que te fosse concedida uma vida tão longa quanto a da fênix, terias de morrer quando a medida de tua vida fosse preenchida. A fênix permaneceu por mil anos completamente só, no lamento e na dor, sem companheira nem progenitora. Não contraiu laços com ninguém neste mundo, nenhuma criança alegrou sua idade e, ao final de sua vida, quando teve de deixar de existir, lançou suas cinzas ao vento, a fim de que saibas que ninguém pode escapar à morte, não importa que astúcia empregue. Em todo o mundo não há ninguém que não morra. Sabe, pelo milagre da fênix, que ninguém tem abrigo contra a morte. Ainda que a morte seja dura e tirânica, é preciso conviver com ela, e embora muitas provações caiam sobre nós, a morte permanece a mais dura prova que o Caminho nos exigirá”.

( Farid al-Din Attar – A Conferência dos Pássaros )


domingo, 22 de janeiro de 2012

Civilização

Devo pertencer 'aqueles poucos que percebem certo poder.
O poder da civilização e sua fascinação.
Quanto maior esse poder, maior a ilusão.
Quanto maior o despertar, mais impede libertar.
Porque a luta agora não é oculta, escondida, despercebida.
Onde nossos sentidos, intuições e instintos são subjugados
É francamente percebida, descoberta e aberta .
E esse inimigo poderoso chance alguma dá.
Mas o pior de tudo não é a luta em sí,
Mas a solidão que ela produz.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Plenamente feminina

"A civilização atual, ainda dominada pela ganância do homem, desenvolveu um pouco a percepção da mulher, mas aumentou muito suas dores.
Ontem, a mulher era uma serva feliz; hoje, é uma senhora infeliz.
Ontem, era uma cega que andava 'a luz do dia; hoje, tem visão, mas anda nas trevas da noite.
Ontem, era bela na sua ignorancia, virtuosa na sua ingenuidade, forte na sua fraqueza; hoje, tornou-se feia na sua sofisticação, superficial nos seus conhecimentos, distante do coração pelas suas pretensões.
Virá um dia em que a mulher reunirá a beleza e o conhecimento, a arte e a virtude, a fraqueza do corpo e a força da alma ?"

("Asas Partidas" - Khalil Gibran )

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Questão de limites

Um problema sério que nos dias atuais vem se intensificando é a questão de limites das crianças e dos jovens.
Vejo isso com muito pesar, e penso muito em um escritor e sociólogo, Lasch, que advertiu que estávamos criando uma sociedade sem senso de limites.
A minha geração tinha hora de ir para a cama, ganhava presente no aniversário e no natal, e não exigia tanto dos pais.
Hoje, é com tristeza que vejo meninas de dois anos usando moda feita para elas, imitando a moda de adultos. Crianças pirraçando para não dormirem cedo. Escolhendo comida.
E digo sem medo de errar: culpa dos psicólogos. Fui de uma geração que levava uns tapas na bunda quando passava das medidas, e não ficou com traumas por isso.
Hoje não se encosta um dedo nos filhos, embora no outro extremo da história se jogam filhos pela janela.
Mas não vou falar disso hoje. Fica para outro dia, porque o assunto é muito mais sério para ser discutido “em passant”.
Adolescentes mal saídos das fraldas frequentam a noite, vão a baladas, onde tudo pode acontecer, as meninas ficam grávidas cada vez mais cedo, e empurram o serviço para cima das mães.
Há uma juventude muito séria, justiça seja feita, e como tenho visto meninos de 13, 14 anos, cabeças feitas. Mas como há pilantrinhas também.
E sabem exigir! Estudar é algo que só é feito em troca de prêmios, como se estivessem sendo submetidos a castigos, e não plantando para o próprio futuro.
O bullying cresce assustadoramente, e eu não iria ser professora atualmente por nada.
Isso tudo só mostra pais despreparados, se borrando de medo de que seus filhos façam alguma bobagem.
Pais que não sabem onde seus filhos estão. Ou de tão apavorados chegam a achar legal colocar chips nos filhos.
Entendo, o mundo está violento, mas está faltando diálogo. Conversas francas.
Um destes dias tive um pai que me procurou para perguntar o que fazer em relação à rebeldia dos filhos.
Tudo uma questão de saber colocar limites. Não pode porque não pode, eu não deixo e ponto final. Filho tem que saber que pais ainda mandam, quando é o contrário que se vê.
Este pai disse que paga a seus filhos para aparar a grama. Correto. Embora o mais correto seria dizer: Fulano vai aparar a grama. Não comem? Não moram? Por que não podem colaborar?
Medo, puro medo dos pais. Não querem traumatizar seus anjinhos. Estão errando feio. O mundo não vai dar a eles o que estes pais estão dando. E vai se criar um monte de preguiçosos, gente que acha que o mundo deve algo a eles.
Para evitar serem desrespeitados publicamente, nem sequer têm mais com seus filhos aquela linguagem de olhar que os filhos antes entendiam e não discutiam.
Os pais é que sabem que tipo de gente estão criando. Gente que não vai parar em emprego, porque não têm a menor noção de que manda quem pode e obedece quem tem juizo.
Pais que vão à escola ( aconteceu estes dias) e agridem professores e diretores, fisicamente, porque seus filhos foram punidos por algo errado.
Para tudo há meios legais. Se a punição foi injusta, que reclamem a quem de direito, mas ir lá espancar os mestres, isso é coisa que se faça? Que exemplo!
No futuro estes anjinhos vão precisar terapia, ou coisa pior. Se houvesse mais limites em casa as cadeias teriam menos gente.
Vejo pais se individando para dar ao filhinho o que não podem. Mas o filhinho quer...
A menina quer roupas novas a cada dia, afinal a tribo dela mudou o uniforme. E a personalidade, não existe? Todos andam em grupos?
Nossa sociedade está decadente, Lasch avisou. Quando vamos dar atenção aos alertas?

( Texto da psicanalista Marcia Lee-Smith )

Diferenças e Respeito


Quero falar sobre as difíceis relações entre pessoas que tem culturas diferentes. Este assunto é um tabu, porque todos são igualmente necessários ao mundo.
Há lugar para todos os seres, a sociedade nem sequer sobreviveria sem que houvesse do que planta ao que consome o produto final. O indivíduo que varre o escritório tem uma importância imensa, embora ganhe pouco, a pessoa que faz o café geralmente não aparece, mas na hora que os funcionários querem um cafezinho, ou quando se pensa em servir um café ao cliente, este café deve estar pronto.
A pessoa que lava o banheiro tem uma função enorme, afinal banheiros limpos dão aos aeroportos e shoppings uma sensação de higiene e limpeza.
Mas infelizmente a comunicação entre estes funcionários e os usuários é praticamente impossível.
Não sei se a palavra seria cultura, ou se o termo função ficaria mais bem empregada ao caso.
É preciso entender que todos tem seu papel social, mas existe naturalmente e é impossível não existir uma dificuldade na comunicação entre estas pessoas.
E em geral o funcionário gola azul, como os americanos os chamam, sente-se inferiorizado frente aos gola branca.
Que seria de uma cidade sem os lixeiros, os coveiros, os varredores de ruas?
Tem até aquela piada dos dois leões que fugiram do zôo, e um deles foi recapturado em horas, e o outro demorou dias a voltar.
O que foi recapturado logo perguntou ao outro? Como pode, você some por 10 dias, e ainda volta gordo?
E ele responde: eu me escondi num escritório. Todos os dias comia um funcionário, e só me pegaram porque comi, sem querer, o rapaz que fazia o café.
Esta piada mostra que a importância dos golas azuis não é tão pequena assim.
Mas deixando para o fim a questão social, vejamos o porquê da dificuldade de comunicação.
Uns foram educados para determinados papéis na sociedade, outros para outros.
Eu sou totalmente intelectual. Besteira mentir e dizer que não sou. Fiz várias faculdades, mestrados, sou ruim com uma vassoura na mão e não sei deixar uma panela brilhando.
Mas dou valor a quem sabe. Só não consigo ter um papo gostoso com essas pessoas. Nós somos de mundos diferentes.
Profissionalmente consigo. Mas como ser humano não. O profissional é diferente do indivíduo. Como gente, como pessoa, prefiro conversar com os meus iguais. Como profissional não vejo diferença entre ninguém.
Aliás, aqui no meu caso há um pouco de inverdade nisso. Como física, jamais poderia conversar com muita gente, não me entenderiam. Como psicanalista chego à conclusão de que a psicanálise como dizia Freud, exige que haja alguma cultura do analisando, ou ele não entenderá as metáforas.
Assim, é com todo mundo. Quem disser que não é está mentindo.
Não adianta eu querer ser amiga de alguém que se distrai costurando, se para me distrair eu preciso de um bom livro que me faça pensar.
Homens também são assim. Menos que as mulheres.
E eu até me pergunto se gostaria de ser diferente. Muito acham que isso é uma questão de esnobismo. A palavra é pesada. Mas se eu entendo de política internacional não consigo levar um papo com quem diz que a culpa da cotação do dólar é alguma coisa que nada tem a ver. O máximo que posso fazer é dizer hm hm...
Não é esnobismo, é mais o que a minha mãe diria: lé com lé, cré com cré, um sapato em cada pé.
Se eu fosse convidada para uma recepção no palácio da rainha da Inglaterra, ficaria totalmente perdida, não é o meu lugar. Também se fosse convidada para um evento bem popular, ficaria encolhida num canto, porque não saberia agir.
Socialmente existem diferenças, que não estão calcadas em dinheiro. Um cara pode ser milionário e gostar de coisas bem populares. Outro pode ser um pobretão e gostar de ler Shakespeare.
Não é o que se ganha, ou o quanto se tem que determina isso. Não somos iguais, esta é a verdade. Não me importaria de morar numa roça, mas levaria para lá centenas de livros, e não participaria das festas do povo, eu sei disso.
Outros, ricos ( e diga-se de passagem que rica eu não sou), adorariam trocar a vida deles por uma vida bem “fuleira”, esquecer as faculdades estudadas, e entrar num grupo de violeiros e se divertiriam.
Então o ponto aqui é: temos de saber quem somos, o que somos, e procurar nos relacionar com nossos pares, seja para amizades, ou principalmente no casamento.
Muitas vezes alguém nos atrai exatamente por serem o que não somos, e sabemos que jamais seremos. Mas por quanto tempo?
Isso tudo tem que ser muito pensado antes de um casamento, antes de uma mudança para um lugar. É o marido certo? É a cidade certa?
Isto tem a ver com psicanálise? Tudo a ver. Se nossos problemas começam na infância, e se na infância definimos quem seremos, pois é isso que acontece, em decorrência do nosso ser e da educação dada por nossos pais, ou quem tenha nos criado, os problemas futuros são todos de fundo analítico.
Queremos dar a nossos filhos uma educação sempre melhor do que a que tivemos e queremos que tenham amigos de bom nível.
Isso, gostando ou não, de muitas forma se relaciona com dinheiro, infelizmente. Pais pobres nem sempre podem dar o melhor a seus filhos, exceto incutir neles a vontade de crescer.
Mas o ambiente pesa bastante. E as histórias de Cinderela são apenas histórias.
Então vamos admitir que somos quem somos, temos nossos referenciais, e não vamos ter traumas por isso. Muito menos passar nossos traumas a nossos filhos. Todos temos nossas funções no mundo. Pelo menos saibamos nos respeitar, se outros são aparentemente “mais “ que nós, e saibamos respeitar aqueles que tem um nível de cultura e/ou dinheiro e gostos não compatíveis com o nosso.
Só assim podemos viver em paz dentro de uma sociedade pluralista.

( Texto da psicanalista Marcia Lee-Smith )

Textos de Khalil Gibran

"Os corações que as tristezas unem permanecem unidos para sempre. O laço da tristeza é mais forte que o laço da alegria. E o amor que as lágrimas lavam torna-se eternamente puro e belo."

"Deve existir algo extranhamente sagrado no sal: está em nossas lágrimas e no mar..."

"Sua razão e sua paixão são o leme e a vela de sua alma navegante. Se um dos dois quebrar, você pode adernar e ficar á deriva ou ficar imóvel no meio do mar. Porque a razão, reinando sozinha, restringe todo impulso. E a paixão, deixada a si é fogo que arde até sua própria destruição."

( a Abelha e a flor ) : "Ide pois aos vossos campos e pomares, e lá aprendereis que o prazer da abelha é de sugar o mel da flor, mas que o prazer da flor é de entregar o mel à abelha.
Pois, para a abelha, uma flor é uma fonte de vida. E para a flor uma abelha é mensageira do amor
E para ambas, a abelha e a flor, dar e receber o prazer é uma necessidade e um êxtase"

" Conhecer a dor da excessiva ternura. Ser ferido pela própria inteligência do amor, e sangrar de bom grado e alegremente. Mas se amarem e tiverem desejos, deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente a cantar a sua melodia à noite."

"Entre as colinas, quando vos sentardes à sombra fresca dos álamos brancos,
partilhando da paz e da serenidade dos campos e dos prados distantes, então que
vosso coração diga em silêncio: "Deus repousa na Razão". E quando bramir a
tempestade, e o vento poderoso sacudir a floresta, e o trovão e o relâmpago
proclamarem a majestade do céu, então que vosso coração diga com temor e
respeito: "Deus age na Paixão". E já que sois um sopro na esfera de Deus e uma
folha na floresta de Deus, também devereis descansar na razão e agir na paixão. "

" Os vossos corações conhecem, no silêncio, os segredos dos dias e das noites. Mas os vossos ouvidos têm sede de ouvir finalmente o eco do saber dos vossos corações. Gostaríeis de saber pelo verbo o que sempre soubeste pelo pensamento. Gostaríeis de sentir com os dedos o corpo nu dos vossos sonhos.
E está certo que assim o queirais.
A fonte oculta da vossa alma deve necessariamente jorrar e correr a murmurar para o mar; e o tesouro das vossas profundezas infinitas revelar-se aos vossos olhos. Mas que não haja balança que pese o vosso tesouro desconhecido; e não procureis explorar os abismos do vosso saber com a vara ou com a sonda, pois o eu é um mar sem limites e sem medida.
Não digais: "Encontrei a verdade", mas antes: "Encontrei uma verdade."
Não digais: "Encontrei o caminho da alma." Mas antes: "Cruzei-me com a alma que seguia pelo meu caminho."
Pois a alma percorre todos os caminhos. A alma não caminha sobre uma linha nem se alonga como uma vara. A alma abre-se a si própria como se abre um lótus de inúmeras pétalas."

"É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. 
O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações. "


"Na floresta não existe ignorante ou sábio
Quando os ramos se agitam, a ninguém reverenciam
O saber humano é ilusório como a cerração dos campos
que se esvai quando o sol se levanta no horizonte
Dá-me a flauta e canta!
O canto é o melhor saber, e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelas"

"O conhecimento de si mesmo é a mãe de todo conhecimento. Portanto estou incumbido de conhecer a mim mesmo, me conhecer completamente, conhecer minhas minúcias, minhas características, minhas sutilezas, e cada átomo meu."

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Alquimistas


Transmutações na alma ditadas pela quintessencia de nossos proprios descobrimentos em vivências, tornam-nos alquimistas únicos, onde a mente, onde o pensamento agora readapta-se ao vazio de ditames desse valioso presente que nós mesmo nos damos, ao nos permitirmos, e cujo fruto nosso proprio coração regozija-se .



terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Ponte




Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar, para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu. Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o!

( Nietzsche )


domingo, 8 de janeiro de 2012

Spinoza


Diz a lenda que apenas dois homens conheceram Deus: Cristo e Spinoza . Esse, perseguido tambem pela Religião criada pelos homens, "em nome do outro".

( Texto de Paul Strathern ): "Spinoza é o filósofo dos filósofos. Construiu um sistema metafísico de beleza surpreendente, brilhante, tanto mais que não se inspira nem na realidade nem na experiência. Era um homem profundamente religioso, embora aparentemente não professasse nenhuma fé. Sua filosofia é permeada pela idéia de Deus e ele mesmo viveu uma vida de santo. Consequentemente, foi abominado em vida por todas as religiões e, após a morte, suas obras seriam difamadas, perseguidas e queimadas. Hoje em dia, quando não se exige mais dos filósofos a crença em deus, quando eles levam - como todos nós - vidas escandalosas e tem que prestar atenção na realidade, Spinoza é tido como o filósofo exemplar. Se eventualmente for canonizado, será o padroeiro dos hipócritas. "

Spinoza nasceu em Amsterdã em 24 de Novembro de 1632 e faleceu em 21 de Fevereiro de 1677 em Haia. Excomungado e expulso pelas religiões Judaica e Cristã, quase tiram sua vida em atentados. Fugiu e viveu uma vida simples e reclusa, como lapidador de lentes.
Criou uma filosofia aparentemente anacrônica para nós, com seu pensamento teísta e sistemático. Ironicamente, as conclusões que tirou desse antiquado sistema estão profundamente afinadas com o pensamento moderno - do campo científico 'a política. Tanto o sistema como suas conclusões são de uma beleza sem par na história da filosofia. E se a beleza é a verdade e a verdade é a beleza, a filosofia de Spinoza é tudo o que precisamos saber.
Escreveu sua obra maior, "Ética" (de Deus ) além de "Tratado Político" , "Tratado sobre a Religião e o Estado", "Melhoramento do Intelecto" .

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ser sério


"Somos muito sérios em relação a certas coisas que nos proporcionam grande prazer, satisfação; desejamos a todo custo cultivar esse prazer - seja o prazer do sexo, seja o do preenchimento de uma ambição - um prazer qualquer. Mas bem poucos de nós são sérios no tocante ao percebimento do problema da existência, dos conflitos, das guerras, das ânsias, dos desesperos, da solidão, do sofrimento.
Ser sério em relação a essas coisas fundamentais significa aplicar a elas uma atenção contínua, e não um simples e esporádico interesse . Aquela seriedade deve constituir a base de nosso pensar, viver e agir. Quanto mais sérios formos, interiormente, tanto mais madureza teremos. A madureza nada tem que ver com a idade . Não é questão de acumular incontáveis experiências ou um saber imenso. Só é possível essa madureza com o conhecimento mais amplo e mais profundo de nós mesmos.
Que entendeis por “seriedade”? Ser sério, ardoroso, implica naturalmente a capacidade de descobrir o que é verdadeiro. Se a mente está acorrentada pelo saber, pela crença, à mercê das influências condicionadoras , pode ela descobrir alguma coisa nova?
Porque seriedade supõe aplicação ao aprender, quer dizer, aplicar toda a atenção a estudar não apenas determinada matéria, uma particularidade da vida, porém o todo da vida, que é um campo imenso. Sério, ardoroso, apaixonado, “intenso”, é aquele que procura compreender o inteiro processo da consciência, ou seja, o todo da vida.
Por conseguinte, para o homem sério, que deseja aprender, o primeiro requisito é que esteja livre para investigar - isso significa não ter medo; que esteja livre para olhar, observar, criticar; que seja inteligentemente cético, não aceite opiniões. Como antes dissemos, quando caminhamos com a luz de outrem, essa luz nos levará à escuridão - não importa quem seja o que nos oferece a luz. Mas, para podermos caminhar com a luz de nossa própria compreensão, é preciso atenção e silêncio e, por conseguinte, muita seriedade.
Se um homem deseja descobrir uma nova maneira de vida - uma vida livre de violência, de total liberdade interior, e a esse descobrimento devota seu tempo, sua energia, seus pensamentos, tudo - a essa pessoa eu chamaria de homem sério. Esse homem não se deixa facilmente desviar de seu intento; poderá buscar entretenimentos, mas sua rota está traçada. Isso não significa ser dogmático, obstinado, inadaptável. Ele está pronto a prestar ouvidos a outros, a considerar, examinar, observar.
A maior parte de nós, em ficando graves, perde o senso de alegria. A seriedade sem alegria, em muitos casos é artificial, e por isso deve ser evitada.
Se cultivardes a seriedade com a alegria que decorre do fato de o terdes em vosso coração (o Eterno), como parte de vós mesmos, então essa seriedade se torna deleite em vez de se tornar morbidez e expressões rudes. "

Jiddu Krishnamurti

- Resolução de início de ano: continuar o mesmo caminho de ameaça 'as sombras, 'as falsidades e 'as mentiras, em batalhas mais duras, porém, cheias de ternura.