você disse algo agradável ou não agradável. Carrego tal imagem. Sou essa imagem. Da próxima vez que eu o encontrar, você é meu amigo, e assim por diante... Essas imagens se produzem por causa das reações que se recordam, as quais se convertem na imagem - a imagem que ele tem a respeito dela e a que ela tem a respeito dele. A relação estabelece-se entre essas duas imagens, que são os símbolos das recordações, dos padecimentos. Portanto, de fato não existe relação alguma. Assim é que o indivíduo se pergunta: é possível não ter nenhuma imagem do outro? Enquanto ele tiver uma imagem dela, e ela tiver uma imagem dele, tem de haver conflito, porque o cultivo das imagens destrói a relação. Por meio da observação, podemos descobrir se é possível não ter imagem alguma de si mesmo ou de outrem - estar por completo livre de imagens? Se você investigar realmente, profundamente, descobrirá que há criado uma imagem da outra pessoa, e ela, também, uma de você. Cada um criou uma imagem do outro, um quadro acerca do outro. Esses dois retratos, imagens, palavras, ficam em mútua relação. Onde há imagens, uma estampa do outro, deve haver conflito. E com essa imagem você olha para a pessoa. A imagem não é a pessoa. Ela é a reputação, e conceitos são facilmente criados; a reputação pode ser boa ou má. Mas o cérebro humano, o pensamento, cria a imagem. Torna-se esta última a conclusão, e vivemos por meio de imagens e imaginações. Bem, como posso olhar sem imagem? Porque, se você olha com uma imagem, isso implica, evidentemente, uma distorção. A imagem é o passado, que foi reunido pelo pensamento como resmungos, brigas, dominação, prazer, companheirismo e tudo o mais. É a imagem que separa; é a imagem que cria a distância e o tempo.É a imagem que produz conflito na relação. Pode a mente olhar, observar sem nenhuma imagem acumulada pelo tempo? Pode ela observar sem o observador - que é o passado, o “eu”? Posso olhá-lo sem a interferência dessa entidade condicionada, que é o “eu”? Certamente, o amor é aquele relacionamento no qual não há imagem."
Krishnamurti
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