Um problema sério que nos dias atuais vem se intensificando é a questão de limites das crianças e dos jovens.
Vejo isso com muito pesar, e penso muito em um escritor e sociólogo, Lasch, que advertiu que estávamos criando uma sociedade sem senso de limites.
A minha geração tinha hora de ir para a cama, ganhava presente no aniversário e no natal, e não exigia tanto dos pais.
Hoje, é com tristeza que vejo meninas de dois anos usando moda feita para elas, imitando a moda de adultos. Crianças pirraçando para não dormirem cedo. Escolhendo comida.
E digo sem medo de errar: culpa dos psicólogos. Fui de uma geração que levava uns tapas na bunda quando passava das medidas, e não ficou com traumas por isso.
Hoje não se encosta um dedo nos filhos, embora no outro extremo da história se jogam filhos pela janela.
Mas não vou falar disso hoje. Fica para outro dia, porque o assunto é muito mais sério para ser discutido “em passant”.
Adolescentes mal saídos das fraldas frequentam a noite, vão a baladas, onde tudo pode acontecer, as meninas ficam grávidas cada vez mais cedo, e empurram o serviço para cima das mães.
Há uma juventude muito séria, justiça seja feita, e como tenho visto meninos de 13, 14 anos, cabeças feitas. Mas como há pilantrinhas também.
E sabem exigir! Estudar é algo que só é feito em troca de prêmios, como se estivessem sendo submetidos a castigos, e não plantando para o próprio futuro.
O bullying cresce assustadoramente, e eu não iria ser professora atualmente por nada.
Isso tudo só mostra pais despreparados, se borrando de medo de que seus filhos façam alguma bobagem.
Pais que não sabem onde seus filhos estão. Ou de tão apavorados chegam a achar legal colocar chips nos filhos.
Entendo, o mundo está violento, mas está faltando diálogo. Conversas francas.
Um destes dias tive um pai que me procurou para perguntar o que fazer em relação à rebeldia dos filhos.
Tudo uma questão de saber colocar limites. Não pode porque não pode, eu não deixo e ponto final. Filho tem que saber que pais ainda mandam, quando é o contrário que se vê.
Este pai disse que paga a seus filhos para aparar a grama. Correto. Embora o mais correto seria dizer: Fulano vai aparar a grama. Não comem? Não moram? Por que não podem colaborar?
Medo, puro medo dos pais. Não querem traumatizar seus anjinhos. Estão errando feio. O mundo não vai dar a eles o que estes pais estão dando. E vai se criar um monte de preguiçosos, gente que acha que o mundo deve algo a eles.
Para evitar serem desrespeitados publicamente, nem sequer têm mais com seus filhos aquela linguagem de olhar que os filhos antes entendiam e não discutiam.
Os pais é que sabem que tipo de gente estão criando. Gente que não vai parar em emprego, porque não têm a menor noção de que manda quem pode e obedece quem tem juizo.
Pais que vão à escola ( aconteceu estes dias) e agridem professores e diretores, fisicamente, porque seus filhos foram punidos por algo errado.
Para tudo há meios legais. Se a punição foi injusta, que reclamem a quem de direito, mas ir lá espancar os mestres, isso é coisa que se faça? Que exemplo!
No futuro estes anjinhos vão precisar terapia, ou coisa pior. Se houvesse mais limites em casa as cadeias teriam menos gente.
Vejo pais se individando para dar ao filhinho o que não podem. Mas o filhinho quer...
A menina quer roupas novas a cada dia, afinal a tribo dela mudou o uniforme. E a personalidade, não existe? Todos andam em grupos?
Nossa sociedade está decadente, Lasch avisou. Quando vamos dar atenção aos alertas?
( Texto da psicanalista Marcia Lee-Smith )
Vim. Vi. Gostei e Voltarei.
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