"Somos muito sérios em relação a certas coisas que nos proporcionam grande prazer, satisfação; desejamos a todo custo cultivar esse prazer - seja o prazer do sexo, seja o do preenchimento de uma ambição - um prazer qualquer. Mas bem poucos de nós são sérios no tocante ao percebimento do problema da existência, dos conflitos, das guerras, das ânsias, dos desesperos, da solidão, do sofrimento.
Ser sério em relação a essas coisas fundamentais significa aplicar a elas uma atenção contínua, e não um simples e esporádico interesse . Aquela seriedade deve constituir a base de nosso pensar, viver e agir. Quanto mais sérios formos, interiormente, tanto mais madureza teremos. A madureza nada tem que ver com a idade . Não é questão de acumular incontáveis experiências ou um saber imenso. Só é possível essa madureza com o conhecimento mais amplo e mais profundo de nós mesmos.
Que entendeis por “seriedade”? Ser sério, ardoroso, implica naturalmente a capacidade de descobrir o que é verdadeiro. Se a mente está acorrentada pelo saber, pela crença, à mercê das influências condicionadoras , pode ela descobrir alguma coisa nova?
Porque seriedade supõe aplicação ao aprender, quer dizer, aplicar toda a atenção a estudar não apenas determinada matéria, uma particularidade da vida, porém o todo da vida, que é um campo imenso. Sério, ardoroso, apaixonado, “intenso”, é aquele que procura compreender o inteiro processo da consciência, ou seja, o todo da vida.
Por conseguinte, para o homem sério, que deseja aprender, o primeiro requisito é que esteja livre para investigar - isso significa não ter medo; que esteja livre para olhar, observar, criticar; que seja inteligentemente cético, não aceite opiniões. Como antes dissemos, quando caminhamos com a luz de outrem, essa luz nos levará à escuridão - não importa quem seja o que nos oferece a luz. Mas, para podermos caminhar com a luz de nossa própria compreensão, é preciso atenção e silêncio e, por conseguinte, muita seriedade.
Se um homem deseja descobrir uma nova maneira de vida - uma vida livre de violência, de total liberdade interior, e a esse descobrimento devota seu tempo, sua energia, seus pensamentos, tudo - a essa pessoa eu chamaria de homem sério. Esse homem não se deixa facilmente desviar de seu intento; poderá buscar entretenimentos, mas sua rota está traçada. Isso não significa ser dogmático, obstinado, inadaptável. Ele está pronto a prestar ouvidos a outros, a considerar, examinar, observar.
A maior parte de nós, em ficando graves, perde o senso de alegria. A seriedade sem alegria, em muitos casos é artificial, e por isso deve ser evitada.
Se cultivardes a seriedade com a alegria que decorre do fato de o terdes em vosso coração (o Eterno), como parte de vós mesmos, então essa seriedade se torna deleite em vez de se tornar morbidez e expressões rudes. "
Jiddu Krishnamurti
- Resolução de início de ano: continuar o mesmo caminho de ameaça 'as sombras, 'as falsidades e 'as mentiras, em batalhas mais duras, porém, cheias de ternura.
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