sexta-feira, 26 de março de 2010

Experiencia de vida


Afirma Rumi, poeta e místico árabe: "você pode pensar que compreende algo,
mas a mais superficial experiência disto pode causar a perda de toda a sua
compreensão".

A experiência de vida provoca percepções diferentes em cada pessoa, afinal cada um é um universo individual. Esta diferença de percepção é maior entre pessoas extrovertidas e introvertidas.
Algumas diferenças entre “extrovertido” e “introvertido” conceituados por Jung:
As atividades do tipo “extrovertido” parecem ser determinadas em grande parte pelos objetos que os interessam; para ele, o objeto - ou seja, tudo o que está fora dele - é o eixo dos acontecimentos; faz o que lhe é solicitado pelo mundo exterior e vive de acordo com as exigências e padrões da realidade objetiva em curso; ele não dá valor ao seu mundo subjetivo interior. Está mais interessado na amplitude do conhecimento.

“Não há qualquer outro tipo humano”, afirma Carl C. Jung, “que se iguale ao tipo perceptivo extrovertido no que diz respeito ao realismo. Seu senso objetivo para os fatos é extraordinariamente bem desenvolvido. O que ele às vezes experimenta dificilmente merece o nome de “experiência”.
As atividades do tipo “introvertido” parecem ser, em grande escala, dirigidas por algo dentro deles mesmos, algo "subjetivo"; o seu ser interno é o centro de tudo e a importância do mundo objetivo (tudo o que ocorre fora dele) é julgada apenas na medida em que o afeta; os estímulos objetivos desencadeiam um processo mental que é centrado no "eu" interior; o introvertido sempre tenta compreender o que percebe e o que lhe acontece e, com esse esforço subjetivo, tenta, por assim dizer, adaptar o mundo exterior ao seu mundo privativo interior; recolhe fatos apenas como evidência para suas próprias hipóteses e não em benefício dos próprios fatos; tem dificuldades em fazer uma abordagem objetiva da vida; está mais interessado na profundidade do que na amplitude e o processo de pensamento pode ser alimentado tanto de fontes subjetivas e/ou inconscientes como de dados reais por meio dos órgãos sensoriais.
O tipo extrovertido é objetivo, o introvertido subjetivo. A diferença de percepção entre os dois tipos e suas conseqüências podem resumir-se num fato citado por Elie G. Humbert em “Jung”: Jung “ficou impressionado ao ver Freud e Adler se oporem em função de duas teorias que lhe pareciam igualmente válidas, e explicava a ruptura pela impossibilidade de admitirem que sua divergência, tinha a ver com suas estruturas, extrovertida para Freud, introvertida para Adler.”

segunda-feira, 15 de março de 2010

A descoberta do Mundo




"Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.


Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste. /.../


O que eu queria, e não posso, é que tudo que viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo a que eu pertencesse.


Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer : tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente
os meus sentimentos."
(A descoberta do mundo - Clarice Lispector)