sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Devaneios desreflexivos


Não há nenhum ego, não há nenhum eu, não há nenhum espírito, não há nenhuma alma, e não há nenhuma mente.
Há alguns anos me deparei com isto. Pensei sobre isto.
Toda busca então tende a desaparecer.Não há sentido nas buscas...
Todo o questionamento, discussão, diálogo sobre estes temas passam a ser meros passa-tempo.
A humanidade passou séculos discutindo sobre estes temas, mas, uma vez em que se depara que não há nenhum ego, nenhuma alma, nenhuma mente, então a seriedade destas perguntas desaparecem, e fica apenas o prazer de conversar sobre isto.
Não há então qualquer sentido em ser salvo, pois não há ninguém para ser salvo.
Não há então qualquer sentido em evoluir espiritualmente, pois não há nada a evoluir .
Não há então qualquer sentido em buscar a liberdade, pois não há ninguém para ser livre.
Então eu percebi que o corpo não está preocupado com estas questões.
Para o corpo, é irrelevante saber se existe alma, espírito ou Deus. O corpo funciona apenas para preservar a vida, e por isto surge o pensamento, como suproduto do funcionamento do corpo / cérebro. Percebi que o pensamento deve agir de forma sadia, sem atrito, para preservar a vida no corpo. Mas durante seu funcionamento, alguns detritos vão aparecendo, e são estes detritos que criam a demanda por respostas a estas questões. Quando percebi que estas questões são apenas refugos, detritos de seu funcionamento, o próprio pensamento se incumbe de fazer o que deve ser feito com estes detritos: jogá-los no lixo. Então corpo e pensamento, voltaram a agir como sempre agem, unidos no objetivo de manter a vida, até que o próprio processo natural da vida transforme o corpo em alimento para outras vidas.
Ou até que alguma angustia possa desequilibrar novamente...

(Devaneios desreflexivos)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Assim é a vida !


"Agora, sem que alguém me pedisse ou ordenasse, virei guardião dos passarinhos que fazem do meu jardim seu ponto de encontro. Aqui êles encontram água, comida e abrigo nas folhas das árvores e sob o beiral da casa. Como há predadores, ao primeiro sinal de perigo êles se reúnem e entram num alvoroça tamanho que me chamam a atenção. Ele, o gavião, dá o seu forte grito de guerra perante os assustados pardais, bicos-de-lacre e currecas que se reúnem no espinheiro ao lado, que ao invés de inibir, facilita o ataque do predador. Hoje, antes de conseguir afugentá-lo, ele fez o ataque e com a vítima piando entre suas garras, ainda dá um rasante sobre o jardim para exibir-me o seu troféu e mostrar a minha impotência perante a sua força e agilidade.

Juntei umas pedras miúdas, pedaços de tijolos e de madeira, para, junto com os meus gritos, mesmo sabendo que não tenho qualquer chance de sucesso, continuar a minha vigília em defesa dos mais fracos."

Assim é a vida! Mesmo sabendo-nos impotentes perante as forças da vida, da natureza e da ignorância do ser humano, sempre nos move essa vontade de criar um mundo ideal onde todos possamos viver felizes.