domingo, 26 de abril de 2009

Experiência Direta


A desmistificação de muitos conceitos leva-nos a ter uma percepção real do nosso mundo. Inicialmente, é importante observar que nada nos é dado gratuitamente. Tudo o que temos e somos é mérito nosso, indiscutivelmente.Há um ditado árabe que diz: "ninguém pode tirar o que realmente lhe pertence". Por isso o esforço, o estudo, a pesquisa e o trabalho nos darão um resultado proporcional. O resultado nem sempre é aquele que esperamos e é aqui que entra a capacidade de auto-observação e do aprendizado. As respostas a todos os nossos questionamentos estão disponíveis. A intuição decorre de uma idéia súbita através da irrupção de conteúdos inconscientes na consciência. É uma percepção cognitiva que comprime anos de experiência e aprendizado num clarão instantâneo. Pela intuição somente colhemos resultados baseados no que está armazenado na memória consciente e inconsciente. Este processo de percepção nada tem de milagroso, divino ou heróico. Na intuição, dados conscientes e inconscientes aglutinam-se para formar uma idéia, um conceito, uma solução para dado problema. Ao nos dedicarmos ao estudo, à pesquisa e, principalmente, pela auto-observação vamos acumulando informações. A auto-observação torna-nos mais conscientes desse processo o que dá maior valor, confere uma tonalidade afetiva às nossas informações. A auto-observação nos torna testemunhas e participantes dos processos que se desenvolvem a nossa volta. Os mistérios da vida começam a perder a sua obscuridade para revelarem-se como são: naturais. A experiência direta é formada, portanto, pela auto-observação e pela intuição. Por isso nós não precisamos de autoridades religiosas, filosóficas ou "gurus". Nós, somente nós, individualmente, pela experiência direta,podemos evoluir, desenvolver os nossos dons e tornarmo-nos sábios,"iluminados". O conhecimento está disponível, basta procurá-lo. Não devemos seguir ninguém, mas precisamos ter a capacidade de aprender, isto é, de despertar, de tomar consciência. Neste processo podemos até mesmo nos informar sobre mestres e sábios que podem se adaptar à nossa realidade pessoal. Não elegemos autoridades, não seguimos pessoas, nós somos nós mesmos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Animal Racional


Consciência determinada e dirigida caracteriza o homem civilizado. Isto é, ele é um autômato que se guia pelo instinto animal, pelo aprendizado resultante da repetição de comportamentos e idéias alheias e, pela fé. Todos "acham" alguma coisa. Ele simplesmente repete o que aprendeu e é incapaz de perceber que esta é apenas uma cópia mal feita. Fala e escreve o que assimilou sem que lhe acrescente nada de pessoal. É incapaz de debruçar-se sobre um tema e além de estudá-lo em profundidade, tentar compreendê-lo, percebê-lo, ter consciência própria. Gosta de ser chamado de homo sapiens, como se este título fosse o suficiente para torná-lo sábio. Tem uma viseira estreita por onde somente enxerga o chão que pisa e, se olhar para as estrelas, certamente irá tropeçar e cair. Animal racional! É a razão incipiente que atrapalha a tua vida porque se fosses irracional viverias em harmonia com a Criação. Com"poucas luzes" és igual a um macaco solto numa loja de louças. Somente irás despertar quando quase tudo já tiveres quebrado.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Percepções


A atenção, a observação, a auto-observação levam-nos a perceber que tudo o que ocorre no universo é natural. Ao olharmos para o mundo com a mente e com o coração, usando a experiência direta e a intuição, vendo a realidade além da razão e da lógica não estamos sendo irracionais como afirmam alguns autores. O que afirmamos é que a razão tem o mesmo nível de importância do sentir, o que no mínimo, é coerente com as leis da vida. Tudo é natural. A visão dual nos priva da capacidade de vivermos a verdadeira vida. Ela vê e identifica as partes individualmente, como se elas fossem entidades próprias, autônomas e existissem por si mesmas. A visão dual é instintiva e identifica o universo em que vivemos. Amigo e inimigo,comestível e não comestível, perigoso e não perigoso, dia e noite, quente e frio, prazeroso e desprazeroso, belo e feio, certo e errado, bom e mau,positivo e negativo, masculino e feminino, matéria e espírito, Deus e o Diabo etc. são formas de dividir, de separar. Identificamos o mundo que nos cerca pelos seus opostos. A percepção de que o universo, o todo é a união dos opostos somente vai acontecer quando tomamos consciência de que as partes são faces da mesma moeda, são dois aspectos da mesma realidade. Mas para compreendermos que tudo é dual; tudo tem dois pólos; tudo tem seu par de opostos; os antagônicos e os semelhantes são a mesma coisa; os opostos são idênticos em sua natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam;todas as verdades são semiverdades e todos os paradoxos podem reconciliar-se" precisamos da experiência. Precisamos viver com toda intensidade cada parte isoladamente para compreendermos o todo. Devemos mergulhar profundamente no mundo das paixões para conhecermos o mundo do amor e da liberdade. Para sermos livres precisamos ter sido escravos. Como pode alguém saber o que é liberdade se nunca esteve preso? A experiência da vida nos cobre de profundas cicatrizes que são marcas indeléveis de que aprendemos, de que tomamos consciência do que é viver. Então podemos afirmar: não tenho medo da morte porque eu "vivi". E continuo "vivendo".Afinal a morte também precisa ser "vivida".