sábado, 31 de dezembro de 2011

Auto-sabotagem; medos e entraves




Texto original da psicologa Bel Cesar : http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=2724

A armadilha da auto-sabotagem
:: Bel Cesar ::
Há momentos da vida que reconhecemos que estamos prontos para dar um novo salto, para efetivar uma mudança profunda. Nos lançamos num novo empreendimento, numa nova relação afetiva, mudamos de cidade e até mesmo de apelido. Mas, aos poucos, nós nos pegamos fazendo os mesmos erros de nossa vida passada. É como se tivéssemos dado um grande salto para cair no mesmo buraco. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos. Nos auto-sabotamos. Isso ocorre porque, apesar de querermos mudar, nosso inconsciente ainda não nos permitiu mudar!

Em nosso íntimo, escutamos e obedecemos, sem nos darmos conta, ordens de nosso inconsciente geradas por frases que escutamos inúmeras vezes quando ainda éramos crianças. Toda família tem as suas. Por exemplo: Não fale com estranhos é uma clássica. Como a nossa mente foi programada para não falar com estranhos, cada vez que conhecemos uma nova pessoa nos sentimos ameaçados. Uma parte de nosso cérebro nos diz abra-se e a outra adverte cuidado.
Num primeiro momento, o desafio em si é encorajador, por isso nos atiramos em novas experiências e estamos dispostos a enfrentar os preconceitos. No entanto, quando surgem as primeiras dificuldades que fazem com que nos sintamos incapazes de lidar com esse novo empreendimento, percebemos em nós a presença desta parte inconsciente que discordava que nos arriscássemos em mudar de atitude: Bem que eu já sabia que falar com estranhos era perigoso.

Cada vez que desconfiamos de nossa capacidade de superar obstáculos, cultivamos um sentimento de covardia interior que bloqueia nossas emoções e nos paralisa. Muitas vezes, o medo da mudança é maior do que a força para mudar. Por isso, enquanto nos auto-iludirmos com soluções irreais e tivermos resistência em rever nossos erros e aprender com eles, estaremos bloqueados. Desta forma, a preguiça e o orgulho serão expressões de auto-sabotagem, isto é, de nosso medo de mudar.
Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Nós nos auto-iludimos quando não lidamos diretamente com nosso problema raiz.

A auto-ilusão é um jogo da mente que busca uma solução imediata para um conflito, ou seja, um modo de se adaptar a uma situação dolorosa, porém que não represente uma mudança ameaçadora. Por exemplo, se durante a infância absorvemos a idéia de que de ser rico é ser invejado e assim menos amado, cada vez que tivermos a possibilidade de ampliar nosso patrimônio nós nos sentiremos ameaçados! Então, passaremos a criar dívidas, comprando além de nossas possibilidades, para nos sentirmos ricos, porém com os problemas já conhecidos de ser pobres. Não é fácil perceber que a traição começa em nós mesmos, pois nem nos damos conta de que estamos nos auto-sabotando!

Na auto-ilusão, tudo parece perfeito. Atribuímos ao tempo e aos outros a solução mágica de nossos problemas: com o tempo a dor de uma perda passará; seu amado irá se arrepender de ter deixado você e voltará para seus braços como se nada houvesse ocorrido. No entanto, só quando passarmos a ter consciência de nossos erros é que não seremos mais vítimas deles!
Temos uma imagem idealizada de nós mesmos, que nos impede de sermos verdadeiros. Produzimos muitas ilusões a partir desta idealização. Muitas vezes, dizemos o que não sentimos de verdade. Isso ocorre porque não sentimos o que pensamos!

Muitas vezes não queremos pensar naquilo que sentimos, pois, em geral, temos dificuldade para lidar com nossos sentimentos sem julgá-los. Sermos abertos para com nossos sentimentos demanda sinceridade e compaixão. Reconhecer que não estamos sentindo o que deveríamos sentir ou gostaríamos de estar sentindo é um desafio para conosco mesmos. Algumas de nossas auto-imagens não querem ser vistas!

É nossa auto-imagem que gera sentimentos e pensamentos em nosso íntimo. Podemos nos exercitar para identificá-la. Mas este não é um exercício fácil, pois resistimos em olhar nosso lado sombrio. No entanto, uma coisa é certa: tudo que ignoramos sobre nossa parte sombria, cresce silenciosamente e um dia será tão forte que não haverá como deter sua ação. Portanto, é a nossa auto-imagem que dita nosso destino.

O mestre do budismo tibetano Tarthang Tulku, escreve em seu livro The Self-Image (Ed. Crystal Mirror): A auto-imagem não é permanente. De fato, o sentimento em si existe, no entanto o seu poder de sustentação será totalmente perdido assim que você perder o interesse por alimentar a auto-imagem. Nesse instante, você pode ter uma experiência inteiramente diferente da que você julgou possível naquele estado anterior de dor. É tão fácil deixar a auto-imagem se perpetuar, dominar toda a sua vida e criar um estado de coisas desequilibrado... Como podemos nos envolver menos com nossa auto-imagem e nos tornar flexíveis? Somos seres humanos, não animais, e não precisamos viver como se estivéssemos enjaulados ou em cativeiro. No nível atual, antes de começarmos a meditar sobre a auto-imagem, não percebemos a diferença entre nossa auto-imagem e nosso 'eu'. Não temos um portão de acesso ou ponto de partida. Mas, se pudermos reconhecer apenas alguma pequena diferença entre a nossa auto-imagem e nós mesmos, ou 'eu' ou 'si mesmo', poderemos ver, então, qual parte é a auto-imagem.
A auto-imagem pode representar uma espécie de fixação. Ela o apanha, e você como que a congela. Você aceita essa imagem estática, congelada, como um quadro verdadeiro e permanente de si mesmo, explica Peggy Lippit no capítulo sobre Auto-Imagem do livro Reflexões sobre a mente organizado por seu mestre Tarthang Tuku (Ed. Cultrix).
Na próxima vez que você se pegar com frases prontas, aproveite para anotá-las! Elas revelam sua auto-imagem e são responsáveis por seus comportamentos repetitivos de auto-sabotagem. Ao encontrar a auto-imagem que gera sentimentos desagradáveis, temos a oportunidade de purificá-la em vez de apenas nos sentirmos mal. O processo de autoconhecimento poderá então se tornar um jogo divertido e curioso sobre nós mesmos!

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mensagem do Cosmos






Estimativas dos astronomos nos informam alguns numeros sobre a dimensão do Universo. 14 bilhões de anos de existencia.
Existem aproximadamente 100 bilhões de Galáxias . Há superaglomerados de Galáxias, onde algumas desses 100 bilhões, estranhamente se juntam e seguem alguma direção , em uma espécie de "caminho" na negritude profunda do Cosmos. Esse numero calcula-se em 270 mil tais superaglomerados. Outros grupos de galáxias formam um numero também astronomico: 500 milhões que caminham em aglomerados menores. Galáxias grandes, estima-se em 10 bilhões. Anãs, ou pequenas Galáxias, estima-se em 100 bilhões.
Quantas estrelas contém cada galáxia? Há estimativas em cerca de 100 bilhões de estrelas, em cada galáxia. Ou perto de 2000 bilhões de bilhoes de estrelas no total do Universo. São numeros astronomicos que nos permitem cada vez mais compreender o Universo através de observações,calculos e estimativas.
Imaginemos que apenas 0,1% de todas essas 2mil bilhões de bilhões estrelas, contém um sistema planetário aproximadamente como o nosso em que vivemos. Imaginemos que dentre esses 0,1%, apenas 0,1% possa existir vida... mas não podemos imaginar se tais formas de vida possam ser similares ás tantas formas de vida que contém um dos planetas de nosso sistema o Solar chamado Terra, em um braço espiral de nossa Galáxia chamada Via Lactea; essa acompanhada por outras galáxias menores, como as Nuvens de Magalhães ,tão visíveis em um céu noturno. Mas podemos sim imaginar que existam alguns seres pensantes e também, com sentimentos.
Esses numeros impressionam...
Sabemos que nesse nosso planeta Terra existem muitas, muitas especies que contém vida, muitas ainda não catalogadas ou desconhecidas pela ciencia, onde nós, seres humanos, somos parte..., onde nosso numero hoje nos informam cerca de 7 bilhões. Isso mesmo, 7 bilhões de seres humanos vivem nesse planeta chamado Terra, inserido em um Universo de...

nos perdemos agora frente 'a quantidade de objetos no Cosmos...!

Imaginemos agora os países, as nações, as cidades, as terras habitadas pelos seres humanos nesse planeta, e suas leis, costumes, religiões, e éticas. Imaginemos agora além desse mundo real , um outro mundo, o mundo virtual , a Internet, pois não é só o mundo real que permite relacionamentos hoje em dia.
Vamos, agora, diminuir ainda mais esse funil e irmos para nosso país , com nossa lingua própria, onde nos comunicamos, inclusive em milhares de sites do mundo virtual. Vamos diminuir mais ainda esse funil, onde agora duas pessoas se conheceram , seja no mundo real, seja no mundo virtual.
O incompreensível de tanta compreensão, ainda é a possibilidade em surgir confusões, atritos, conflitos e discussões, que não nos permitem ultrapassar uma simples barreira tão mesquinha chamada "Eu", com nossos gostos pessoais, nossa religião, nossos condicionamentos, nossas eticas , nossos costumes, inclusive nossos entraves, que em diversas vezes teimamos em impor ao outro . O incompreensível de tanta compreensão, é muitas vezes não nos permitirmos dialogar de um modo franco e aberto.
É ainda mais incompreensivel, dentro da mensagem que o Cosmos nos transmite, criarmos inimigos tanto no mundo real quanto no mundo virtual, em uma existencia tão pequenina de cada um de nós comparada ao Cosmos, ao invés de darmos um tremendo valor que um encontro com o outro deveria significar.


                                             

sábado, 24 de dezembro de 2011

Mercadão de Almas


"Há homens morrendo em todos os cantos do planeta. Mortes horrendas, desnecessárias. E há homens que, enquanto não morrem, assistem ao espetáculo da violência, faces da morte distribuídas por canais de TV, pedaços de corpos disputados por jornais e revistas. É este o programa da família. Crianças acostumadas, desde a mais tenra idade, ao sadismo de seu semelhante.
Será esse o motivo? Eu procuro um motivo que justifique a frieza do homem diante do sofrimento do outro, seja lá que outro for. Foi assim com Sócrates, Cristo, Zumbi, Gandhi, Martin Luter King, Tiradentes, Lennon, garotos arremessados de um trem em movimento e tantos outros que, a seu modo, exerciam ou lutavam pela liberdade e pela paz, mas foram premiados com a cruz, com a faca, com a bala, com a bomba, com a tortura.
Quais são mesmo os motivos? Ainda não sei. Ser humano sem humanidade? É um triste paradoxo. Como se um peixe que não soubesse nadar, como uma águia que se recusasse a voar. Estou perplexa.
Aqui, no Mercado da Cantareira, em São Paulo, acompanhada de um amigo, essas interrogações me invadem. Esses porquês.
Como é que esses homens, sem humanidade, vão-se comover com animais amontoados em gaiolas, implorando por socorro, por misericórdia?
Há, por exemplo, um box especializado em venda de animais para rituais religiosos. Há pequenos bodes, cabritos e galos pretos à espera do sacrifício. Os primeiros nem lutam mais pela vida. Chegaram a lutar antes de entrar num caminhão, a milhares de quilômetros daqui. Chegaram a lutar dentro do caminhão - com berros, com chifradas - por ar, por água, por comida. Agora, presos numa cela de azulejos brancos, eles se ferem um aos outros.
Estão cegos, paralisados pelo medo e pela dor. Acaricio a cabeça de um deles, que não reage. Parece um animal empalhado. Só sei que está vivo porque o corpo esquelético, respira.
Uma pessoa se aproxima. Olha os galos pretos, que gritam inconformados. Eles são valentes. Ela escolhe um. O dono do box - um homem branco, gordo, com uma expressão tão fria quanto a de um manequim de loja (terá filhos? Terá um amor?) - o dono do box abre a gaiola e agarra o animal pelas pernas. O galo bem que tenta reagir: grita, bate as asas, imponente. O dono, então, levanta-o e, com precisão, arremessa sua cabeça contra a parede. Não, o bicho não morre. O homem é "bom" no que faz. Deixa-o em estado de choque, entre a vida e a morte. Porque seu novo dono o quer vivo: o ritual exige seu sangue quente.
O funcionário do box, mais falante, diz que tem dó dos bichos. Mas o que se há de fazer? "Nós cuidamos deles, passamos remédio nos olhos feridos. Mas eles se ferem novamente", explica o rapaz, o erro dos bichos.
Chega? Não. Há também os coelhos. Um deles, cujo valor foi estabelecido em trinta Reais, lambeu meus dedos quando o peguei no colo. Nunca tinha visto isso. Queria levá-lo comigo; entretanto, meu amigo me disse que seria um incentivo à continuidade daquele comércio. Não levei. Hoje, sinceramente, arrependo-me.
Eu não queria ver mais nada. Mas ninguém entra num local desses impunemente. É preciso ir ao Mercado Municipal, próximo ao da Cantareira, onde também há animais. Estes, por sua vez, estão todos mortos. São exibidas cabeças de porcos dentro de um freezer transparente com o nome de "Porco Feliz". E um anúncio grande num outro box, com os dizeres: "temos filhotes de javali". Sim, tem gente que faz sua ceia de Natal com filhote de javali.
Estou cansada. Não agüento mais ver essas fotos nem escrever sobre o que vi. Eu só espero que as pessoas - nas festas de Natal e Ano Novo - valorizem mais o amor do que cadáveres sobre a mesa, façam mais amor do que rituais sangrentos. Porque a vida nos dá o que damos a ela. Só teremos um ano melhor se plantarmos, uma a uma, as sementes dos frutos que queremos colher.
Eu desejo a todos vocês que saibam semear com sabedoria."

( texto pego na Internet no dia 24/12/2011 as 22:45 horas-véspera de Natal )

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Tempestade


O pássaro e o homem tem essências diferentes.
O homem vive à sombra de leis e tradições por ele inventadas;
o pássaro vive segundo a lei universal que faz girar os mundos.
Acreditar é uma coisa; viver conforme o que se acredita é outra.
Muitos falam como o mar, mas vivem como os pântanos.
Muitos levantam a cabeça acima dos montes;
mas sua alma jaz nas trevas das cavernas.
A civilização é uma arvore idosa e carcomida, cujas flores são a cobiça e o engano e cujas frutas são a infelicidade e o desassossego.
Deus criou os corpos para serem os templos das almas.
Devemos cuidar desses templos para que sejam dignos da divindade que neles mora.
Procurei a solidão para fugir dos homens, de suas leis, de suas tradições e de seu barulho.
Os endinheirados pensam que o sol e a lua e as estrelas se levantam dos seus cofres e se deitam nos seus bolsos.
Os políticos enchem os olhos dos povos com poeira dourada e seus ouvidos com falsas promessas.
Os sacerdotes aconselham os outros, mas não aconselham a si mesmos, e exigem dos outros o que não exigem de si mesmos.
Vã é a civilização. E tudo o que está nela é vão.
As descobertas e invenções nada são senão brinquedos com a mente se diverte no seu tédio.
Cortar as distâncias, nivelar as montanhas, vencer os mares, tudo isso não passa de aparências enganadoras, que não alimentam o coração e nem elevam a alma.
Quanto a esses quebra-cabeças, chamados ciências e artes, nada são senão cadeias douradas com os quais o homem se acorrenta, deslumbrados com seu brilho e tilintar.
São os fios da tela que o homem tece desde o inicio do tempo sem saber que, quando terminar sua obra, terá construído a prisão dentro da qual ficará preso.
Uma coisa só merece nosso amor e nossa dedicação, uma coisa só...
É o despertar de algo no fundo dos fundos da alma.
Quem o sente não o pode expressar em palavras.
E quem não o sente, não poderá nunca conhecê-lo através de palavras.
Faço votos para que aprendas a amar as tempestades em vez de fugir delas.

( Khalil Gibran )


Esconderijos



"Busquemos agora de esconder. Se te escondesses no meu coração, não seria difícil encontrar-te. Mas se te escondesses atrás de tua própria casca, então seria inútil procurar por ti."

Khalil Gibran

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Caricaturas


"As pessoas são, umas para as outras, reflexos deformados de seu próprio ego.
Quis ser rico e assumi uma determinada caricatura de capitalista. Quis ser inteligente e vesti uma caricatura de gênio. Quis ser bom e me casei com uma caricatura de mulher angustiada. Todas elas eram projeções de meu ego. Mas se para mim este último corresponde a determinado aspecto de meu ego, para outra pessoa, provavelmente, ele corresponde a algo totalmente diferente. Devo compreender também que eu próprio, para os outros, sou uma projeção de seu ego e, até mesmo, uma projeção diferente para cada um deles.
Jogo de ilusões.
Quando nos dermos conta de tudo isso, conseguirmos ver tudo clara e distintamente, teremos ainda o direito de ficar bravos com alguém?
Todos os seres que encontramos “são”, na verdade, nós mesmos. Todos trazem uma parte essencial de nosso enigma, são telegramas cifrados, mistérios que temos de esclarecer para nos compreender e nos tornar quem de fato somos.
Nossa mãe, nosso pai, nossos irmãos e irmãs, nosso companheiro, nossos filhos, amigos, colegas são uns dos tantos arcanos a desvendar, umas das tantas mensagens que nossa alma envia para si mesma. Os seres humanos costumam se casar com aquelas pessoas que evidenciam uma tendência que foi recalcada ou cuidadosamente dissimulada. O parceiro torna visível "a sombra" da pessoa. Cada um desses seres é nosso próprio ser. Eles nos constituem. Detêm o segredo de nossa identidade.
E isso se estende a todo o universo: o lugar onde vivemos, nossa sociedade, nossa época. Eles nos criam e nós os criamos. Essa produção recíproca e paradoxal não deve ser entendida à maneira como o oleiro fabrica uma peça de cerâmica, mas antes à maneira como o sonhador fabrica o sonho que o faz sonhador.
Quem são todas essas pessoas que nós somos?
No momento em que sonhamos, somos o sonho."


( o Fogo Liberador - Levy - pag 88)


domingo, 11 de dezembro de 2011

O que não queremos ver


Essa foto acima é do fotógrafo Kevin Carter, tirada provavelmente em março de 1993, e foi a vencedora do Premio Pulitzer em abril de 1994. A foto mostra um abutre esperando a criança morrer para poder se alimentar.
Essa é a natureza do abutre.
A foto mostra a criança faminta, agonizante, rastejando rumo 'a um campo de alimentos mantida pela ONU distante 1 km , durante a grande crise de fome que devastou o Sudão.
O som do choramingar macio perto da vila de Ayod atraiu Carter a essa criança sudanesa. A menina havia parado para descansar, ao esforçar-se para chegar ao centro de alimentação, onde um abutre tinha aterrado próximo. Carter disse que esperou aproximadamente 20 minutos, aguardando que o abutre abrisse suas asas. Não o fez. Carter tirou a fotografia e perseguiu o abutre para afastá-lo. Entretanto, foi criticado por somente estar fotografando e não ajudando a pequena menina.
Carter foi um fotografo que mostrava o que não queriamos ver. Carter não podia fazer nada além, naquele momento , porque milhares de crianças viviam na mesma situação ( e ainda vivem hoje em dia, no mundo todo).
Em 27 de julho de 1994 , tres meses após o prêmio, e em uma profunda depressão, Carter levou seu carro até um local da sua infância e suicidou-se utilizando uma mangueira para levar a fumaça do escape para dentro de seu carro. Ele morreu envenenado por monóxido de carbono aos 33 anos de idade. Partes da nota de suicídio de Carter dizia:

"Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para o aluguel.. Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas…
DINHEIRO!!!…
Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor… Pelas crianças feridas ou famintas… Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos… Se eu tiver sorte, vou me juntar a Ken… (sua falecida esposa) [ "

Mas o que Carter fez foi muito mais com suas fotos... e com essa foto denominada "a Foto que Chocou o Mundo". Carter tirou sua própria vida, mas com isso nos mostrou o que devemos fazer.
Rezar , quem assim deseja , como um início de tudo, porque tocou o coração.
Tocou o coração porque temos profundo sentimento.
O mesmo sentimento que nos leva a não nos conformar com isso.
Não nos conformando , nos leva a agir.
Agindo da forma como cada um de nós pode agir, de acordo com nossas forças e nossa capacidade.
Porque não nos conformamos,
Pois temos profundo sentimento...

sábado, 10 de dezembro de 2011

O retorno ao seu Passado



Retornar ao seu passado longo, triste, de pouco significado hoje, requer muita auto-sabotagem, uma tremenda negação do próprio coração. Sempre existirão aqueles que apoiarão essa ação, e normalmente estarão inseridos nas trincheiras da Religião retógrada, porque pela fé e pela crença que exige a própria negação de sí num sistema retógrado onde o medo se impõe, haverá um "suposto" bem maior , pelo bem de "todos". Agindo assim , em verdade existe o medo ou a insegurança do que seria o futuro, aliado a isso, o medo do que a sociedade impõe como regras; e para aqueles que medram, não resta outra alternativa... - na cabeça deles!
Agir com tal escolha com tanto medo, é negar a Vida. Agir sem coragem é se condenar ao passado longo e muitas vezes triste. Voce não foi feito(a) para esse tipo de escolha imatura, porque a Vida é dinãmica, não sabemos o que existe adiante, e agindo voltando ao passado, significa medo do futuro, e para voce compreender isso, voce precisa entender que valores éticos inseridos em uma sociedade, inclusive religiosos , nunca podem superar os valores da própria alma, os valores de seu próprio coração, os valores de sua própria essencia. Civilizações erguem-se , prosperam e desaparecem no decorrer do tempo. Essas criam suas leis, seus costumes, suas religiões e sua ética em seu tempo. Assim somos nós "formatados".
Se voce perceber essa grande verdade, voce permitirá escutar seu próprio coração,e com coragem voce romperá com tudo isso, dará um passo além das civilizações e seus costumes,porque tudo isso impede, segura, te atrasa - não responde e nem corresponde aos anseios de seu próprio coração. E voce conhece seu potencial em ultrapassar tais barreiras ?
Isso é exigir muito de voce ? Não, não é ! É seu próprio coração quem pede!
E quem te disse que responsabilidades adquiridas no passado, devam ser extintas ? Essas incluem-se inclusive além das civilizações , porque fazem parte de seu coração e é ele quem irá determinar esse modo correto e reto em sua vida.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

o Convite



( Por Oriah Mountain Dreamer )
Não me interessa o que você faz pra viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.
Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria parecer que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa que planetas estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.
Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.
Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro consigo mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.
Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não é bonito, todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida em sua presença. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: “Sim!”.
Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito para as crianças.
Não me interessa quem você é, como chegou até aqui. Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.
Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da companhia que tem nos momentos vazios.



Defeitos dos outros - considerações

(Sobre a postagem anterior a essa)
Quando nos relacionamos com outros, sejam idéias, crenças e princípios, muitas vezes notamos forte resistencia quanto aos temas propostos ou discutidos, e vice-versa. A mensagem ou artigo anterior a esse ( com o título "os Defeitos dos Outros" postado logo antes ) refere-se a isso inclusive, porque ao observarmos o comportamente confuso, de resistencia ou fuga do outro, muitas vezes tocamos no assunto porque desejamos alertá-lo quanto 'as "crenças pessoais" particulares ( refere-se ao que cada um de nós adquirimos durante nossa vida como "nossas verdades" desde o nascimento - não refere-se exclusivamente 'a crença religiosa, apesar de incluí-la), e isso inclusive é feito muitas vezes de um modo inconsciente. É comum quando adentramos no tema Religião por exemplo, fortes resistencias surgem, porque tambem faz parte da "crença" pessoal. Assim como é comum quando pontos de vistas diferentes ou mesmo opostos se apresentem, tais resistencias salientam-se. Toda a deterioração de relacionamento no convívio humano demonstra que a pessoa não estava aberta ao "novo" , ao diferente, ao oposto, e sim fechada consigo mesma em suas crenças pessoais . Isso apenas reflete a forma como o Ego se protege - uma forma de egoísmo, no sentido primordial de preencher-se com as coisas durante sua vida e de olhar-se a sí mesmo nessa forma preenchida, com todas essas coisas internamente, e não naquilo de algo tão ruim num sentido como um " ser humano da pior espécie", apesar de sim, contribuir para o desgaste no relacionamento. É algo comum, apesar que arraigado e fortemente defendido e, por isso, confusões se apresentam. Oras, é comum inclusive culpar o outro pela visão que o mesmo supostamente teria sobre voce, assim como é comum aquele que é acusado, revidar o outro por justamente ser demonstrado isso no convívio , porque tais coisas arraigadas e expostas durante o relacionamento, levam a pensar exatamente dessa maneira, porém, é um reflexo do como voce mesmo se apresentou ao outro durante o relacionamento. Fugas surgem, dissabores se apresentam, mágoas refletem-se e separações acontecem. Por que não se permitir compreensão ? Porque é mais fácil evitar, fugir e impedir, do que se autocompreender. O medo impera porque temos medo de nos expor. Expor nossas crenças pessoais - aquilo que aprendemos, nos formatamos e nos fechamos, não nos permitindo . Em um exemplo clássico e comum: a confiança. Se voce exige do outro essa qualidade, e se voce esta a cercá-lo com desconfianças, duvidas e ciumes , é porque é exatamente isso que voce está demonstrando que voce não possue em voce mesmo, normalmente ligado 'a sua própria auto-imagem insegura que normalmente é reflexo de sua (baixa) auto-estima, ou seja, é voce quem se carrega de desconfianças, é voce que não confia em voce mesmo, é voce que está sendo movido por algum fator em sua auto-estima - o problema está em voce! Voce mostrou a imagem da desconfiança. Cada vez que voce foge disso, cada vez que voce evita isso, cada vez que voce acusa o outro por isso, voce em realidade está se punindo, porque voce foge, e fugindo voce não compreende, e enquanto não compreender, voce continuará vivendo de uma forma erronea - onde a dor continua a prevalecer, e é essa sua punição.

Precisamos crescer, sem perder a ternura.

Os Defeitos dos outros


Os Defeitos dos Outros
Por Ayya Khema
Somente para distribuição gratuita.
Este trabalho pode ser impresso para distribuição gratuita.
Este trabalho pode ser re-formatado e distribuído para uso em computadores e redes de computadores contanto que nenhum custo seja cobrado pela distribuição ou uso.
De outra forma todos os direitos estão reservados.
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"O que percebemos como defeito nos outros é simplesmente uma representação dos nossos próprios defeitos. Se observarmos o que se passa com a outra pessoa, poderemos usar aquilo que notamos como um espelho para conhecermos a nós mesmos."
( Um comentário sobre dois versos do Dhammapada, de autoria da falecida Ayya Khema. )

Fáceis de serem vistos são os defeitos dos outros,
Difíceis mesmo de ver são os nossos;
Os defeitos dos outros você revela
Como no ato de separar a casca do grão,
Mas os seus próprios defeitos você esconde
Como o trapaceiro esconde a jogada perdida.
Aqueles que sempre se queixam dos defeitos dos outros,
Que criticam constantemente,
Os desejos deles crescerão
Distantes estão eles da cessação dos seus desejos.
Dhp 252-3

Essas duas estrofes do Dhammapada são de relevância universal e capazes de gerar insights significativos. Na primeira estrofe, nossa tendência para esconder nossos defeitos é como o subterfúgio de trapacear, porque essencialmente estamos sendo desonestos para com nós mesmos. Reconhecer como somos na realidade é extremamente difícil, especialmente em relação aos nossos defeitos, pois a nossa opinião sobre nós mesmos é sempre tão fora do ponto, ela é ou muito alta, ou muito baixa. A melhor maneira de obtermos um retrato claro e realista de nós mesmos é nos observarmos com atenção plena.
Não é difícil para nós notarmos os defeitos das outras pessoas, pois eles freqüentemente nos irritam e nesse estado negativo ficamos convencidos de que aquilo que pensamos é o certo e que por isso temos o direito de julgar. E nós ficamos prontos para criticar, e ao fazer isso esquecemos que o nosso pensamento está baseado nas nossas próprias opiniões, que não são completamente imparciais. Num certo sentido, todas as nossas opiniões estão erradas, pois elas estão enraizadas na ilusão do nosso ego: “eu tenho, eu quero, eu farei; eu acredito, eu sei, eu penso.” No nível relativo, essas nossas opiniões podem retratar a verdade, mas a verdade relativa não poderá nunca ser suficiente para nos satisfazer completamente, pois no fim, ela pode expressar apenas a verdade de um ego contra a de um outro ego. Uma pessoa acredita nisso, uma outra acredita naquilo; uma faz isso de um jeito, uma outra faz isso exatamente do jeito oposto. A verdade construída em torno da noção de um ego não pode ser absoluta e pura. Na melhor das hipóteses, ela reflete preferências pessoais. A verdade relativa não pode ir além disso.
Partindo do ponto de vista da verdade absoluta, temos um quadro muito diferente. A partir dessa perspectiva, nós começamos a entender que os defeitos que nos preocupam nos outros deveriam ser reconhecidos em nós mesmos com o mesmo interesse. Os defeitos dos outros são um reflexo dos nossos próprios, pois do contrário não seríamos capazes de reconhecê-los. Quando vemos alguém com raiva ou exibindo-se com ostentação, nós reconhecemos esses defeitos por já termos experienciado esses estados em nós mesmos. Nós sabemos como essas reações emocionais surgem e como as sentimos. Do mesmo modo, diz-se que só um Buda pode reconhecer um Buda, porque só um iluminado conhece a iluminação.
Quando nos damos conta de que estamos criticando outras pessoas, deveríamos entender que estamos no caminho errado. É improvável que a nossa crítica terá alguma utilidade; pensando bem, quando foi que alguém mudou depois de ser duramente criticado? Espalhar negativismo é sempre prejudicial, principalmente para nós mesmos. É provável que uma outra pessoa fique irritada conosco e se reagirmos com raiva e ressentimento, entraremos num círculo vicioso de mais negativismo ainda, e possivelmente perderemos um amigo.
Portanto, a crítica não ajuda – mas ficar ciente, sim. Se, por exemplo, notamos alguém agindo sem atenção plena, a reação correta seria, “Eu me pergunto quão atento estou neste momento?” E essa é a única resposta válida. Se observarmos algo inábil no comportamento de uma outra pessoa e quisermos criticá-la, deveríamos nos lembrar que a crítica é prejudicial para nós mesmos.
Quando a crítica repetida se tornar um hábito, nós teremos entalhado marcas de negativismo dentro de nós mesmos. Provavelmente todos nós conhecemos alguém que faz da crítica um hábito, e nós sabemos o quão desagradável é escutá-lo. Portanto, devemos estar alertas para com as nossas críticas, e evitar que as outras pessoas sofram com esse hábito desagradável. Deveríamos também estar conscientes de que cada vez que criticamos, estamos gradualmente formando um hábito.
E se, ao contrário, usarmos a oportunidade para observar o que está acontecendo com as outras pessoas, poderemos usar o que notamos no comportamento delas como um tipo de espelho de nós mesmos. E esse é um espelho precioso, porque embora ele não nos proporcione uma vista dos nossos traços físicos, ele nos permite começar realmente a difícil tarefa do auto-conhecimento. Essa tarefa é difícil porque nós não só somos desprovidos de atenção, como preferimos essa situação – nós preferimos não conhecer a verdade; estamos ansiosos por evitá-la por que tememos que ela seja desagradável.
Dois dos oito fenômenos mundanos estão envolvidos aqui: elogio e crítica. Preocuparmo-nos em ganhar elogio e evitar a crítica é obviamente um pouco absurdo, mas na verdade nós não questionamos isso. E além disso, essa preocupação é a responsável pela nossa relutância em entrar em qualquer tipo de auto-análise: temos medo de encontrar coisas que poderiam fazer com que tenhamos que aceitar a nossa culpa. Preferimos usar viseiras, evitando olhar para dentro de nós mesmos de maneira abrangente.
O medo da censura pode ser tratado usando a fórmula, “Reconheça, não critique, mude.” O primeiro passo é se tornar consciente desse medo de ser repreendido, do desacordo, da falta de apoio e apreciação.
A raiz de todo medo é o medo da não existência. De modo subliminar, ele está presente em todos nós e pode emergir repentinamente com o pânico, simplesmente por que nós não queremos incorrer em censura. Ao mesmo tempo, estamos sempre prontos para colocar a culpa nos outros, com a crença de que isso não irá nos prejudicar. Mas estamos enganados, pois ao dar lugar para a negatividade, somos nós que sofremos.
O medo da censura é o mesmo que o nosso medo da morte, ou o nosso medo como agente do nosso ego, da nossa auto-afirmação. No final, é o medo de não estar mais aqui. É claro que quando prevemos uma acusação, não tememos desaparecer naquele momento; tememos o desaparecimento da nossa auto-estima que depende da apreciação dos outros.
Obviamente, isso é loucura, mas mesmo assim a maioria das pessoas está totalmente convencida dessa idéia, algumas ao ponto da obsessão, de modo que elas ficam o tempo todo tentando agradar a todos. Mas como esperamos alcançar isso? Nós, em primeiro lugar, sequer sabemos quais são os sentimentos e desejos das outras pessoas.
Embora não possamos fazer tudo de acordo com o que os outros querem, podemos sempre tentar fazer o que é mais benéfico.
Que nós queremos aplauso e elogio, é um fato da vida. Nossas ações são geradas com esse fim e se o nosso desejo é frustrado, somos tomados pelo medo que impede a objetividade. Em outras palavras, nós tememos a crítica. Para nos livrarmos desse medo, deveríamos começar tentando não ser tão críticos nós mesmos, compreendendo que o que quer que façamos retornará como um bumerangue.
Esse primeiro passo em direção ao insight do princípio de causa e efeito – algo observável por toda parte no universo – é insuficiente para superar todo o medo. O segundo passo envolve a compreensão da natureza do medo. Na nossa busca por afirmação por parte dos outros, nos tornamos escravos do nosso ambiente. E enquanto esse ambiente deixar de corresponder às nossas expectativas ou de confirmar o quão maravilhosos, inteligentes e bonitos nós somos, continuaremos desconfortáveis. Tal atitude torna a vida imensamente difícil e obstrui nosso progresso em direção ao auto-conhecimento.
Por outro lado, o auto-conhecimento honesto é essencial para que sejamos capazes de abandonar as nossas obsessões, inclusive o nosso medo da censura. Pois só podemos abandonar aquilo que tivermos reconhecido completamente por nós mesmos, e é bem desnecessário transformar o nosso medo da censura em medo do auto-conhecimento. O fato de sermos capazes de abandonar o ego, depois de termos compreendido que isso não significa que iremos morrer, significa que o egocentrismo não é mais a força dominante na nossa vida. As coisas não precisam revolver em torno de como nós as vemos todo o tempo. Ao invés disso, abrimos um espaço dentro de nós para aquilo que é universalmente verdadeiro. Nós então compreendemos que, por que existem erros em cada aspecto da existência condicionada, a perfeição não será encontrada em lugar nenhum.
Considere o fato da impermanência: tudo que existe deve desaparecer, e nada permanece o mesmo. Se tentarmos nos agarrar a alguma experiência, ela escapará como areia através dos nossos dedos. A falta de confiabilidade fundamental nas coisas pode, é claro, se tornar uma ocasião para uma crítica, especialmente quando outras pessoas nos deixaram na mão por não manter um compromisso ou não completar um trabalho como combinado.
Ninguém, sob forma nenhuma, criticaria uma estrela no céu quando ela se torna supernova e desaparece – nós sabemos que não teria sentido demonstrar esse tipo de reprovação já que isso acontece naturalmente. Mas na realidade, isso é a verdadeira natureza de todas as coisas, e igualmente não faz sentido se queixar sobre a falta de confiabilidade de tudo o mais no universo. Todas as coisas condicionadas são imperfeitas.
Essa é a razão pela qual vale a pena olharmo-nos sem medo e ver o que é que nós não gostamos nas outras pessoas. Desgostamos da negatividade delas? Deveríamos nos examinar em relação à negatividade. Desgostamos da busca constante de atenção da parte delas? É possível que nós também tenhamos o mesmo desejo de ser o centro de atenção? Dessa maneira, conseguiremos nos conhecer cada vez mais.
Todos nós conhecemos o medo que surge repetidamente no decorrer desse exercício: “Talvez eu não seja tão bom quanto eu pensava e se eu não sou bom, outras pessoas irão me desaprovar .” Eu chamo isso de “pensamento de resultado direcionado”: nos enrijecemos de medo diante dessa ameaça como diante de uma chicotada, e isso poderá levar à dor física. Nós acreditamos que tudo tem que ser perfeito, correto em tudo. Mas que expectativa é essa? No universo tudo caminha do seu próprio jeito continuamente. Os rios fluem e qualquer tentativa de pará-los causaria uma enchente. A vida flui continuamente; quando cada dia termina, um novo dia nasce. Por que não nos entregamos a esse fluir das coisas e paramos de pensar em colocar numa direção específica todas as coisas que têm que ser corrigidas?
Isso se aplica tanto à nossa meditação quanto a tudo o mais. Embora possamos estar sentados calmamente na nossa almofada, sem que ninguém nos diga nada ou nos critique, ainda assim descobrimos que nós mesmos estamos colocando pressão e bloqueando a nossa meditação. Se pensarmos que a nossa meditação tem que ser perfeita, seremos incapazes de meditar, e só encontraremos ansiedade. Não tem sentido pretender fazer tudo de modo perfeito; só podemos nos esforçar para fazer o melhor possível. Estaremos em melhor situação se desistirmos do desejo de sermos estimados. É claro que se alguém nos demonstra sua apreciação, gratidão e mesmo contentamento pelo que fizemos, isso é bom, mas bom para eles.
Deveríamos lembrar também que estamos mudando constantemente. Nossos poderes e capacidades podem ser vistos flutuando de um momento para outro. Isso também se aplica na meditação. Algumas vezes a mente foca muito rapidamente; em outras ocasiões ela pode ter que se livrar de tantos pensamentos que uma hora terá passado antes mesmo de termos alcançado um grau de silêncio interior. Nós tendemos a atribuir essa inabilidade ao nosso “ego” e assumí-la como nossa. Mas, por que será que sentimos a necessidade de fazer isso? O que acontece realmente é que a mente está constantemente mudando.
Se pudermos ver como tudo muda em nós mesmos, será lógico concluir que o mesmo acontece com todos os demais. Se uma pessoa se comporta de modo indigno de elogio, deveríamos considerar que ela mudará, na esperança de que seja para melhor. Assim, ao tornarmo-nos mais conscientes da impermanência, especialmente da impermanência do mau comportamento, nós acharemos mais fácil abandonar o hábito de prestar atenção obsessiva aos pequenos erros e de criticar.
Como vimos, aquilo de que nos ressentimos mais nos outros são aquelas características que menos gostamos em nós mesmos. Nós também vimos que se despendermos algum tempo, de vez em quando, para investigar e compreender essas tendências, poderemos fazer um esforço para superá-las. Entretanto, no decorrer desse processo estaremos susceptíveis de fazer algumas críticas pesadas, porque ao mesmo tempo que o comportamento que observamos possa se assemelhar com o nosso próprio comportamento, as pessoas que criticamos podem não estar fazendo o esforço para a purificação que nós fazemos. E essa atitude cria uma quantidade enorme de atrito nos relacionamentos; pode não ser de forma explícita, mas mesmo assim, estaremos guardando sentimentos de desaprovação e antipatia. Repetidamente precisamos fazer um novo esforço para aceitar os outros e refrearmo-nos de criticar. E isso é verdadeiro até em relação a nós mesmos. Não deveríamos criticar e reclamar, mas ter sempre em mente a fórmula: “Reconheça, não critique, mude.”
A primeira parte - obter uma opinião clara sobre nós mesmos - é o mais difícil. A segunda – não criticar, também não é fácil, pois a mente responde negativamente a qualquer sensação desagradável. Tudo que desgostamos em nós mesmos – tudo que não podemos aceitar e que gostaríamos de mudar – produz uma sensação desagradável e a auto-reprovação, e com isso podemos perder a noção do caminho para o auto-conhecimento.
É o insight da impermanência que facilita a busca do auto-conhecimento. Quando se tornar claro que tudo que vemos está desaparecendo, ficará muito mais fácil evitar o hábito de nos criticarmos.Tudo que vem, vai, e nunca mais retorna, e nada que vem em seguida será exatamente o mesmo, não importando o quão parecido possa ser. Investigando a impermanência deste modo, começaremos a ser capazes de nos aceitar e de aceitar os outros de bom grado.
Reconhecer a verdadeira natureza daquilo que criticamos nos outros, irá nos ajudar a desenvolver uma nova opinião a nosso respeito. Nós nos libertaremos daquilo que nos ofende, não evitando as pessoas com esses defeitos, mas deixando de lado a necessidade de fazer com que os outros sejam responsáveis por não serem do jeito que nós achamos que eles deveriam ser.
Nesse processo, podemos reconhecer tanto a impermanência, como dukkha. Compreender que dukkha (sofrimento/insatisfação) surge de nossas próprias reações negativas, que inclui o medo da crítica, torna as coisas mais fáceis para que nos refreemos de criticar os outros. Podemos ver que quase todos conhecem o medo que deriva da falta de apoio e da falta de julgamento positivo, e que esse tipo de dependência das pessoas é extremamente desagradável.
Como podemos supor que as outras pessoas possam ter sempre uma opinião correta sobre nós? Será que não acordamos para o fato de que estamos todos presos na armadilha da ilusão, que torna impossível para nós termos uma opinião verdadeiramente objetiva? A ilusão é que somos indivíduos separados e que podemos ter unicamente contatos agradáveis, através dos meios dos sentidos, se formos suficientemente espertos para arranjar as coisas da maneira certa.
Todos vivem com essa ilusão que lhes proporciona o desejo pela existência e o medo da aniquilação. Como, então, é possível que outra pessoa nos confirme a nossa existência? Todos os medos refletem esse medo da aniquilação. O medo não está limitado ao medo relacionado com a nossa existência física, mas se estende para a nossa existência emocional ou auto-afirmação. Se nos tornarmos cientes desse medo, poderemos desenvolver uma profunda empatia em relação às outras pessoas, pois toda a humanidade sente esse desejo pela existência, que produz o dukkha mais severo.
Esse medo profundamente enraizado é o obstáculo no caminho para o contentamento perfeito, num nível humano básico, e uma vez que comecemos a entender essa correlação, pararemos a busca da satisfação nos lugares errados. Ao invés disso, tentaremos transcender as dificuldades da condição humana causadas pela ilusão do ego. Mas, primeiro, temos de reconhecer que o medo do auto-questionamento, junto com o medo de ser criticado pelos outros, e a correspondente compulsão para criticar, são motivados pela necessidade de reforçar a nossa auto-afirmação. Ao condenarmos os outros, estamos fazendo com que nos sintamos melhor. Chegaremos perto da verdade se admitirmos que todos nós temos fraquezas.
Esse reconhecimento nos leva um grande passo adiante em direção ao insight quanto à fundamental insuficiência da existência, nesse nível humano, condicionado. E só quando nos tornarmos cientes dessa insuficiência é que experienciaremos uma urgência de deixar esse nível para trás – não fisicamente, é claro, mas no que se refere a abandonar nossa ilusão do ego. Os problemas que temos que superar não nos incomodarão mais e nós ganharemos o insight de quaisquer outros problemas que continuem a nos causar dificuldades. Seremos capazes de ver que ainda temos de transcender aqueles problemas, uma vez que alguns eventos ainda podem nos incomodar. Se, por exemplo, ao ler nos depararmos com más notícias e instantaneamente sentirmos negatividade brotando dentro de nós, poderemos assumir que ainda não perdemos nosso desejo e a nossa raiva. Existe muito de destruição no mundo, mas irritação e condenação mostram apenas que o ódio está profundamente enraizado nas pessoas.
Todos nós nascemos com seis raízes – três boas e três más – e elas são a razão pela qual não faz sentido fazermos críticas, tanto a nós mesmos, como aos outros. A única resposta que faz algum sentido é reconhecer essas raízes e nos comprometermos a encorajar as boas raízes a florescer para que gradualmente atenuemos as prejudiciais.
As raízes prejudiciais são, é claro, o desejo, a raiva, e a delusão, (delusão no sentido de ilusão do ego). Mas os seus opostos também nos deveriam ser familiares. Se pudemos ver as três raízes boas – generosidade, amor incondicional, e sabedoria – nas outras pessoas, poderemos chegar à conclusão natural de que elas também estão presentes dentro de nós. Na realidade, nós sabemos muito bem, exatamente quando, onde e como praticar. Palavras e preceitos nunca são suficientes por eles mesmos, mas nós já temos sabedoria dentro de nós, o bastante para perceber a verdade quando queremos ouví-la, e saber onde ela pode ser encontrada.
Aqueles que sempre se queixam dos erros dos outros,
Que criticam constantemente,
Os desejos deles crescerão,
Longe estão eles da cessação dos seus desejos.
Nessa estrofe, “cessação dos desejos” é um outro termo para a perfeita purificação. Isso quer dizer que o desejo e a raiva não estão mais presentes, e quando eles tiverem desaparecido a pessoa estará perto da completa iluminação. Até lá, como essas palavras do Buddha deixam claro, existe muito trabalho interior a ser feito, pois enquanto criticarmos, não estaremos cientes das nossas motivações e seremos incapazes de trabalhá-las.
Essas motivações são principalmente as duas raízes do desejo e da raiva. Ambas brotam da delusão, ou ignorância, da ilusão que nos leva a crer que realmente existe “alguém.” No nível relativo é verdade que estamos aqui sentados na nossa almofada de meditação, mas a verdade absoluta é completamente diferente. E como vivemos de acordo com a verdade relativa, como um “eu” que existe em relação a “você,” nós nos experienciamos como separados dos outros e queremos proteger e construir paredes à nossa volta. Para realizar isso, nós fazemos uso dessas motivações e a cada vez que formos negativos, elas são fortalecidas .
Essa é a razão pela qual é tão importante observarmos nossas reações emocionais com atenção plena – estarmos conscientes delas repetidamente, assim que elas ocorrerem, ainda que não possamos abandoná-las. Uma vez que notemos essas reações, poderemos notar também quanta agitação elas incitam e portanto, quão prejudiciais elas são para a calma que necessitamos para a meditação. Na vida diária, não é fácil notar a diferença entre uma mente calma e uma agitada; a meditação, a longo prazo, faz com que esse contraste seja mais aparente. Notamos que nossas reações não consistem unicamente de crítica; suas raízes podem ser encontradas no desejo, na aversão e no medo.
De acordo com o Buda, nossos desejos crescem quando olhamos para os defeitos dos outros e cedemos ao anseio por emoções negativas, pois isso reforça a nossa separação, o que por sua vez leva a uma ilusão de ego ainda mais entrincheirada. Por outro lado, nossos relacionamentos também podem ajudar-nos a aprofundar o insight, se compreendermos que os outros estão sujeitos às mesmas leis da impermanência, sofrimento e insatisfação como nós. Na verdade, deveríamos considerar os relacionamentos com outras pessoas como ocasiões para um aprendizado, e se os usarmos dessa maneira, nos beneficiaremos de um sistema educacional de primeira classe. De fato, podemos considerar nossa vida de modo geral como uma contínua oportunidade para aprender. Todos os relacionamentos podem ser uma medida do nosso treinamento no amor e compaixão e uma excelente oportunidade para podermos nos conhecer.
Se rejeitarmos ou condenarmos uma pessoa, estaremos agitados por dentro. No momento em que abandonamos esse sentimento de censura, a paz retorna. Abandonar não é fácil, mas existem muitos insights pequenos que podem ajudar-nos nessa direção, por exemplo, o insight de que nós mesmos criamos essa agitação e que isso nos prejudica.
Se continuarmos refletindo sobre a impermanência e dukkha, começaremos a entender que o universo todo está sujeito a eles. Tudo está em constante processo de dissolução, de desaparecimento e de um novo surgimento. É por causa desse movimento ininterrupto de todas as coisas que nada pode ser inteiramente satisfatório. Uma vez que reconheçamos o fato da impermanência em todas as coisas, não sofreremos mais por isso. Somos, afinal, parte de uma comunidade de bilhões de pessoas, e cada uma experienciando exatamente o mesmo fato da vida.
Podemos aplicar os princípios gerais da impermanência e dukkha a qualquer situação. Observar essas características em tudo que colocarmos os nossos olhos é o próximo passo no caminho em direção ao insight. Nós então veremos que nada é perfeitamente satisfatório, que tudo é impermanente. Nessa análise, nenhuma exceção pode ser feita; tudo tem de ser incluído. Não podemos dizer, “eu tenho a experiência de dukkha, mas aquela pessoa que me causou tanto dukkha é uma imprestável.” Na verdade, ela experiencia tanto dukkha quanto nós. Assim, gradualmente, desenvolveremos um sentimento de que o mundo é uma totalidade, e que ele não consiste meramente de fenômenos individuais.
Cada vez que reagimos com medo, a soma total de medo no mundo é aumentada. Cada vez que guardamos negatividade dentro de nós, desaprovação ou crítica, a soma total de negatividade é aumentada. Por outro lado, se compreendermos a impermanência e dukkha, esse insight aprofundará a soma total de sabedoria no mundo. Se virmos claramente que cada indivíduo carrega a responsabilidade pela totalidade, estaremos mais preparados para viver num nível onde não vejamos mais todas as coisas como entidades separadas.
Cada boa ação acrescenta bondade no mundo, porque nós somos o mundo. Nossas sensações, pensamentos, palavras e ações são um componente do mundo. Com base nisso, é pura falta de visão criticar; fazer isso é deixar de ver as características fundamentais, ou marcas da existência que são: impermanente, insubstancial e insatisfatória. Quanto mais meditarmos e quanto mais profundamente absorvermos e refletirmos sobre as verdades universais do dhamma, mais fácil será para nós aplicarmos atenção plena nessas marcas da existência e na vida diária.
No nível da verdade absoluta não existem entidades separadas – tudo é manifestação. Mas no nível relativo cada um carrega a responsabilidade pela manifestação do bem. O medo é uma característica que pode ter suas origens no desejo de reter uma natureza essencialmente fixa e separada como indivíduos, e no desejo de que a vida seja agradável o tempo todo. Ambos os desejos não são realistas: não podemos ficar aqui para sempre e as coisas não podem ser agradáveis o tempo todo, assim, o medo surge em relação a esses dois objetivos e bloqueia o nosso caminho. O medo pode ser uma emoção muito poderosa. Diz-se que o medo da morte é pior que a morte. Do mesmo modo, este tipo de emoção desabilita qualquer tentativa de sustentar um insight real. Quase todo meditador experimentou o medo que pode surgir durante a concentração, quando a asseveração do ego repentinamente entra em temporária suspensão.
Uma vez vencido esse medo, o próximo passo é compreender que estivemos correndo atrás de algo impossível. Então, o desejo, realmente sério, de transcender esse nível humano comum de existência se desenvolverá. O medo que surge no curso desse processo precisa ser abandonado, não uma vez, mas muitas vezes, sempre que formos atacados pelo medo de que o nosso ego esteja sob ameaça. Essencialmente, é o mesmo medo de quando estamos sendo criticados ou quando nos é negada a certeza de um ego, que tanto desejamos. Existem muitos nomes diferentes para o medo, mas basicamente é o medo da não-existência.
O antídoto mais efetivo contra a nossa tendência de criticar, os nossos próprios erros e os dos outros, é testemunhar a verdade da impermanência e dukkha. Não é suficiente dizermos para nós mesmos, “eu não deveria criticar.” Nós provavelmente sabemos disso há muito tempo. O problema é que nós somos freqüentemente atraídos pelas coisas que não deveríamos ser. Com relação a isso, só uma atitude engajada com o insight, o principal propósito da meditação, é que poderá nos ajudar.
O objetivo da meditação é fazer com que experienciemos a nós mesmos mais profundamente, e essa é a razão pela qual ela deveria ser apoiada pela contemplação e reflexão para aumentar a nossa autoconsciência. Que grau de medo nós guardamos dentro de nós? Quanto tememos a perda de nós mesmos? Esse tipo de inquisição nos leva mais próximos da verdade. O problema crucial aqui não é se somos capazes de abandonar o nosso medo imediatamente, mas se podemos ganhar novos insights através desse nosso exame.
Poderemos aprender muitas coisas com os defeitos dos outros. Acima de tudo, poderemos chegar a conhecer muita coisa sobre nós mesmos. E quando assim o fizermos, alcançaremos um sentimento de conexão, de solidariedade para com os outros, como se eles fossem nossos irmãos e irmãs. Do contrário, enquanto nos mantivermos separados e enfatizando nossas diferenças pessoais, nossos apegos, nossos desejos e raiva terão a sua força aumentada.

( fonte: http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/defeitos_outros.php )

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

(texto proibido)


Lembre-se do dia mais importante da sua vida: o dia que você descobriu pela primeira vez o amor ,ou a música, ou a aventura... quando milhares de novas portas se abriram e de repente tudo era possível.
Por que muitos dias não podem ser como esse?
Por talvez um motivo: por vivermos em uma civilização que não se preocupa em ajudar, muito menos em discernir , muito menos em ir atrás das reais aspirações de nossos corações ...
E vivemos mais a luta pela sobrevivencia.
E isso nos torna impotentes, pois esse é o resultado de um mundo que cada um de nós criou, e ajudamos a manter.
Quando voce sentir que, no fundo, a honestidade consigo mesmo conflita com a ordem existente , voce se permitirá, de algum modo...
Estar apaixonado significa realmente querer viver num mundo diferente: um mundo mais excitante, mais bonito, mais alegre; um mundo feliz. Um mundo onde tudo importa e nada jamais é obsoleto.

( texto proibido )


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Budismo


O Budismo é uma filosofia de vida (e não uma religião) baseada nos ensinamentos deixados por Sidarta Gautama, o Buda histórico, que viveu aproximadamente entre 563 e 483 a.C. no Nepal. Essa filosofia é difundida no mundo todo e encarada por alguns como religião, embora o Buda não seja considerado um Deus e seus ensinamentos nada tenham de místico.
O objetivo do budismo é fazer com que cada um liberte-se do sofrimento e encontre a felicidade. Não há nenhum Deus, nenhuma liturgia, nenhum livro sagrado. Por isso, o budismo original é um estilo de vida não-sectário, que pode ser seguido por qualquer um, mesmo que seja praticante de uma religião.
O principal ensinamento do budismo está concentrado no que é comumente chamado de As Quatro Nobres Verdades, sendo que a última delas desdobra-se no Nobre Caminho Óctuplo, uma prática de oito passos para conduzir as pessoas à felicidade.
Devido às dificuldades de tradução e transmissão oral dos ensinamentos, em muitos lugares – inclusive na Wikipedia – as Quatro Nobres Verdades são apresentadas da seguinte forma: “A vida é sofrimento; a causa do sofrimento é o desejo; a cessação do sofrimento é se ver livre do desejo; o modo de fazê-lo é o Caminho Óctuplo”.
Vejamos agora como seria uma interpretação mais adequada das Quatro Nobre Verdades.
Primeira Nobre Verdade: a vida está em desequilíbrio-
Na tradução mais popularizada, temos que “a vida é sofrimento”. Porém, basta olhar os ensinamentos do Buda para observar que ele jamais definiria uma coisa tão maravilhosa quanto a vida como “sofrimento”.
O que o Buda quis dizer foi que a vida de quem não se conscientiza está fora do eixo, está caminhando para o rumo equivocado, está fora de equilíbrio. É esse desequilíbrio que leva ao sofrimento. É como um carro que tivesse um dos eixos quebrados e por isso ficasse rodando em círculos, sem nunca chegar aonde pretende.
Segunda Nobre Verdade: o desejo fora de hora leva ao sofrimento-
“A vida é sofrimento e o que causa o sofrimento é o desejo”. A versão da qual discordamos diz que a causa dos sofrimentos é o desejo. Mas o que seria da vida sem desejos, sem a motivação do crescimento? O homem não teria chegado aonde chegou não fosse seu desejo pelo saber, pelo progresso – com todas as suas conseqüências positivas e negativas.
A razão pela qual nós sofremos é o desejo fora de hora, o hábito de estar sempre querendo antecipar o futuro, querendo mais e mais, ou de estar relembrando o passado, sem nunca aproveitar o momento presente.
Se nunca estamos satisfeitos com o momento de agora, estamos sempre querendo alguma outra coisa. Essa é a principal causa do sofrimento. Se estivermos presentes, vivendo completamente o momento presente, não haveria “querer” e “não querer”. Estar-se-ia em plenitude.
"O momento em que você quer ou não quer é o momento em que você deixa o agora, o momento presente, e aí, então, isso leva ao sofrimento. "(Rodney Downey)
Terceira Nobre Verdade: libertar-se do apego ao desejo-
A terceira nobre verdade tradicionalmente é contada como a extinção do desejo para o fim do sofrimento. Mas não foi exatamente isso que o Buda falou.
A palavra usada pelo Buda histórico foi nirvana, que significa apagar. Porém, segundo a filosofia daquela época, quando se apaga uma chama, diz-se que a chama ficou livre. Quando se acende, captura-se a chama.
Apagar um desejo, nesse sentido, significa libertá-lo. Quando abandonamos o apego ao “eu quero” e “eu não quero”, nossa vida entra em equilíbrio. Estamos, finalmente, livres.
Não apague seus desejos, eles são uma motivação necessária para a vida. Apenas desapegue-se de estar sempre querendo algo mais e deixando de viver o momento presente, deixando de viver a vida.
Quarta Nobre Verdade: o Nobre Caminho Óctuplo-
O Nobre Caminho Óctuplo é a maneira pela qual o ser humano pode libertar-se do apego ao desejo. São oito atitudes que devem ser seguidas no dia-a-dia. São instrumentos práticos para colocarmos a nossa vida em equilíbrio e nos aproximarmos da felicidade. Não há neles nada de místico.
1. Palavra apropriada
Você deve apenas falar a verdade. Deve apenas fomentar conversas que causem harmonia e progresso. Deve usar palavras leves, elogiosas e construtivas. Deve somente conversar produtivamente.
2. Ação apropriada
Suas ações devem preservar os seres vivos: homens, animais e vegetais. Você deve pegar apenas aquilo que lhe pertence. Deve ser fiel ao companheiro amoroso. Deve ingerir apenas alimentos e bebidas que façam bem à sua saúde. É por isso que muitos budistas são vegetarianos, para não causar sofrimentos aos animais, que são seres sencientes (ou seja, que sentem dor).
3. Meio de vida apropriado
A profissão escolhida deve ser honesta, para o bem comum e nunca prejudicando e explorando nosso semelhante.
4. Esforço apropriado
Você deve esforçar-se para fazer o bem e consertar o que está equivocado, fora de equilíbrio.
5. Plena atenção apropriada
Você deve viver em estado de constante atenção. Atenção com o corpo, com as sensações, com os pensamentos e com os sentimentos.
6. Concentração correta
A concentração é a mente unipolarizada, isto é: mente voltada para um único ponto. Desenvolver a concentração requer que você abra mão do desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Que cultive a alegria, a tranquilidade e o amor. Que mantenha-se ativo e disposto; relaxado e despreocupado; certo do seu objetivo de vida.
7. Compreensão apropriada
Compreender as Quatro Nobres Verdades
Compreender as três características da existência: O corpo é impermanente, as sensações são impermanentes, as percepções são impermanentes, as formas mentais são impermanentes, e as consciências são impermanentes. E tudo o que é impermanente é sujeito ao sofrimento e mudança. Dessa forma, não se pode dizer “isto pertence a mim” ou “isto é meu”.
Compreender as ações meritórias (a ação apropriada, a palavra apropriada e o pensamento apropriado) e a raiz dessas ações: renúncia, desapego, boa vontade, benevolência, generosidade, moralidade, meditação, reverência, gratidão, respeito, altruísmo, transferência de mérito, alegria pelo sucesso alheio, ouvir a doutrina, expor a doutrina, ter corretos ponto de vista e compreensão.
Compreender as ações demeritórias (Pelo corpo: destruir seres vivos, roubar e explorar, adultério, ingerir tóxicos e bebidas alcoólicas. Pelo verbo: mentir e caluniar, levar e trazer conversas, palavras pesadas, duras e ofensivas, tagarelice e conversas frívolas. Pela mente: cobiça-egoísmo, vaidade, má vontade, ódio e raiva, errôneos pontos de vista.) e a raiz dessas ações: cobiça, ódio, ilusão, ignorância, egoísmo.
8. Pensamento apropriado
São todos os pensamentos que vêm das ações meritórias e que devem ser mantidos em nossa mente o máximo de tempo possível. Quando um pensamento inapropriado – aquele baseado nas ações demeritórias – surgir, deve ser imediatamente substituído por um pensamento apropriado.

( Toni Durden - fonte: http://mude.nu/mente/budismo-busca-felicidade-contra-sofrimento/ )



Quem é você?

Por que, para os budistas, você não existe?

Você não existe. Isso o que você chama de “eu” é apenas uma ilusão e o apego a esse ego é a maior fonte de sofrimento da sua vida. É o que lhe impede de alcançar a plena felicidade.
As ideias acima fazem parte – de modo simplificado – da teoria da Dissolução da Noção de Ego, um dos principais ensinamentos do Budismo. Essa teoria serve muito bem para quem tem outras crenças e religiões, ou mesmo para quem não tem crença alguma e quer apenas se tornar uma pessoa mais livre, mais feliz.
Existem diferentes interpretações sobre o que seria exatamente a Dissolução da Noção de Ego. A lógica é a de que tudo o que existe no mundo está interligado e é interdependente. Não faz sentido, portanto, a visão dualista que normalmente temos entre “eu” e “os outros”.
Quando quebramos essa visão, paramos de julgar, condenar, brigar com os demais seres. Não teríamos como prejudica-los sem prejudicar a nós mesmos. E o melhor: ajudando-os, estamos ajudando a nós mesmos.
Mas quem seria esse “eu” que ajuda ou prejudica?
Você é o seu corpo? Você se definiria como um amontoado de células, ossos, músculos e pêlos?
Você é a sua mente? Por acaso você a controla? Experimente fechar os olhos por alguns segundos e prestar atenção somente na sua respiração.
Você vai notar que, após um pequeno espaço de tempo, seus pensamentos vão longe. Mas como isso acontece? Não é você que controla a sua mente e não era você quem ia focar somente na respiração?
Quem já praticou um pouco de meditação sabe que os pensamentos surgem e desaparecem num espaço amplo. Algumas vezes nos apegamos a um deles, afirmando que somos nós quem estamos o pensando. Mas não seria o contrário? Não seriam os pensamentos que pensam a si mesmo?
Sendo assim, você ainda é a sua mente?
Quanto mais você tentar observar, mais vai ver que não existe um “eu” intrínseco a quem se apegar. O personagem que construímos constrói também um mundo só dele.

" “Um ser humano é parte de um todo chamado por nós de Universo, é uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experiencia a si mesmo, seus pensamentos e sentimentos, como alguma coisa separada do resto ─ uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e à afeição por umas poucas pessoas próximas. Nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos dessa prisão alargando nossos círculos de compaixão para envolver todas as criaturas vivas e o todo da natureza em sua beleza. Ninguém pode conseguir isso totalmente, mas a luta para a realização desta façanha, em si mesma, é parte da libertação e base da segurança interior.” – Albert Einstein "

Entendendo que não há distinção entre o “eu” e “os outros” podemos amar incondicionalmente todas as criaturas vivas, podemos perceber que não há momentos ordinários. Por mais piegas que possa parecer, essa é uma forma ampla e sábia de se viver. A compaixão que vem dela gera altos níveis de felicidade, que é o que todos nós buscamos na vida.

Liberte-se da prisão do ego

Quando a percebemos a não-dualidade, essa percepção é libertadora, porque abre um caminho maravilhoso de novas possibilidades.
Geralmente, o que fazemos é o processo inverso. Nos martirizamos, nos culpamos por não seguirmos uma conduta que achamos que deveríamos ter, mas que não conseguimos seguir com consistência. O resultado é frustração e tristeza.
Essa é uma espécie de autoviolência que encontra fundamento em várias religiões, inclusive na Católica. É a ideia de que já nascemos com pecados e devemos nos punir sempre que cometamos alguma falta que não esteja condizente com aquilo que se espera de nós.

" Algumas pessoas dizem que a prática budista visa dissolver o eu. Não compreendem que não existe um eu a ser dissolvido. Existe apenas a noção do eu a ser transcendida. – Thich Nhat Hanh "

A ilusão do ego é o resultado de uma visão corrompida da nossa relação com o mundo. É como uma doença que toma vida dentro de nós, que precisa ser tratada para que se restabeleça o equilíbrio da vida.
Para o budismo, essa doença é tratada através de um caminho prático de ações no cotidiano, sem nada de misticismo. Esse caminho é chamado de Nobre Caminho Óctuplo e sua prática, por si só, já é a própria libertação.
Em outras palavras, não se percorre o caminho para chegar à felicidade. A felicidade é o próprio caminho.

( fonte - Toni Durden : http://mude.nu/compaixao/dissolucao-da-nocao-de-ego/ )