sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

o Louco


Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
( Khalil Gibran)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Concebido sem pecado original


Todos os livros e doutrinas religiosas podem ser analisados e interpretados no sentido psicologico e espiritual (esotérico).
Não podemos analisá-los apenas sob a perspectiva do ego cuja consciência está presa aos seus próprios interesses.
A concepção divina e a virgindade da mãe devem ser analisados a partir de uma perspectiva cosmogonica e espiritual.
Deve-se observar ainda que de acordo com esta análise, a virgindade da mãe não é lesada nem pela concepção, nem pelo parto.
Quem é o Cristo, o Filho, o Ungido de Deus? Quem são os Mensageiros Divinos? E os Messias (Avatares em outra religião)?
Todos estes nomes podem ser resumidos em "Cristo, o Filho de Deus".
Todos os Avatares, Messias, Mensageiros Divinos, Cristos e "Iluminados" foram filhos de uma mulher e de um varão, concebidos e nascidos como qualquer outro humano.
O homem, nessa perspectiva, desde a concepção tem um corpo físico e um corpo imaterial , com toda as suas funções potencialmente disponíveis. A energia (vamos chamar assim a parte "imaterial") e o corpo formam uma unidade interdependente. A personalidade em suas motivações e ações divide-se em id, ego ("eu") e superego (Freud).
No id estão as forças profundas, naturais e involuntárias que governam a vida; o "eu" é o centro da consciência e o superego a sua consciência moral construída pela interação com o meio e a educação. No id localiza-se, também, a "centelha divina" segundo diversas escolas esotericas, a parcela da "inteligência cósmica", o "Cristo", energia adormecida no inconsciente humano que espera a oportunidade, a hora e as condições favoráveis para manifestar-se.
Revela-se como uma ânsia de liberdade que vai crescendo e sobre o qual o ego (superego) não tem poderes porque é instintiva, e foge portanto, ao seu controle. Neste processo longo e doloroso o ego será destruído e nascerá um novo ser humano dominado pelo "espírito", o "Cristo", o "Mestre", o "homem Iluminado".
Ele nasce da "alma humana", concebido pelo "poder Divino", por ser uma centelha" Dele", cuja virgindade não é lesada nem pela concepção, nem pelo parto.
O "Cristo nascido da alma" uniu os opostos, positivo e negativo, masculino e feminino, consciente e inconsciente, racional e intuitivo, o céu e a terra.
Ele é "filho de Deus" - Complexio Oppositorum.
Este é o "nascimento imaculado" de um "Mestre", de um "Avatar", de um "Messias", de um "Iluminado", do "Cristo", um " Filho de Deus ".

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O Meu Olhar


O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sonhos

Mundos reais
Mundos ilusorios
Mundos alegres
Mundos tristes
Sonhar a liberdade
Pensar na felicidade
Alcanço, logo perto
E distante se torna
Lagrimas levam
Mas em sonhos...

...me liberto...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ausencia presente

Sou um observador ausente...
Mas o que seria isso ?
Seria algo surgido,
quando não se está presente
Detalhes eu vejo, além das cores, formas e brilhos
E nisso reside o meu presente;
Pois não desejo vir-a-ser,
muito menos algo que fui
Mas apenas estar Ausente...
E, estranho...
ao mesmo tempo,
Presente "nisso tudo"

sábado, 9 de outubro de 2010

Ética Universal


Uma ética universal esta além dos valores comuns, dos valores de uma sociedade e suas leis 'a regrarem-na e, por isso, de dificil entendimento pelo comum, de algo incomum, pois quem nesse estado vive, vive além de um "centro de reações" psicológicas na qual não mais se julga, avalia ou reage, condena ou aprova, mas sim isento de tais reações, conduz a uma reta ação, correta, Universal, que apareceu em muitos no passado 
(sábios) e que ainda hoje, aparece .
Nesse "estado de sabedoria" age-se sem causar ou sofrer danos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dois mundos, uma unidade


DOIS MUNDOS, UMA UNIDADE, UMA REALIDADE

O mundo material, objetivo e racional é regido pela lei da causalidade.
Nada acontece sem uma causa correspondente, nenhum efeito é maior do que a sua causa.
Tudo que está sujeito à lei da causalidade acontece no tempo e no espaço, que não são objetos, mais sim modos ou atributos de percepção sensitiva e concepção intelectual. A ciência, a técnica e a arte, isto é, a cultura e a civilização assentam alicerces na lei da causalidade, que é o objeto específico da inteligência. Existem, entretanto, fenômenos de causas desconhecidas e que o homem comum chama de casualidade.
Este é o mundo dos sentidos e do intelecto, o mundo do ego. O mundo que não pode ser explicado pela lei da causalidade nem pelos sentidos e pelo intelecto é o mundo dos instintos, da emoção, do sentimento, o reino do eterno, do infinito, do absoluto.
Este é o mundo do Ser. O ser humano interage com esses dois mundos.
A distinção entre dois mundos, segundo Nietzsche apareceu claramente com Sócrates, pela oposição entre essencial e aparente, verdadeiro e falso, inteligível e sensível, fazendo da vida aquilo que deve ser julgado, medido, limitado; foi criado o "homem teórico", racional e lógico, separando o pensamento e a vida.
"Enquanto em todos os homens produtivos o instinto é uma força afirmativa e criadora, e a consciência uma força crítica e negativa, em Sócrates o instinto torna-se crítico e a consciência criadora".
Todos os fenômenos conhecidos e desconhecidos estão interrelacionados. Não há dois mundos separados, estanques. Não há um "vale de lágrimas" aqui no mundo do ego e um céu ou inferno em outro mundo, em outra dimensão. O ser humano move-se dentro de um todo e cabe a cada um, individualmente, tomar consciência dessa realidade.
Quando toda a nossa motivação e ação, toda a nossa energia e interesses estão canalizados para o mundo do ego somos incapazes de perceber o Todo. Ao nos afastarmos do mundo sensível e desenvolvermos apenas o intelecto, nós nos separamos da Unidade. Ao desenvolvermos somente a capacidade intelectual nós nos afastamos da nossa essência, nós nos incapacitamos, nos
aleijamos, desenvolvemos apenas uma parte, deixamos de viver pelas leis da natureza, do nosso mundo interior. O "homem teórico" de que nos fala Nietzsche afastou-se de sua humanidade e, pela inteligência, criou Deus.
O homem criou Deus e, agora, busca desenfreadamente, provas da sua existência. Não é fantástico? Tudo é extremamente simples, mas o homem quer uma explicação lógica, racional, científica! Desviou-se, separou-se, pela força da vontade, do seu mundo interior que faz a ligação com o Todo e agora, busca, freneticamente, respostas racionais para a sua existência.
Mas o seu Deus racional, objetivo não existe porque é uma criação sua, e, portanto, uma ilusão.
O homem primitivo vive instintivamente; o homem intelectual vive racionalmente; o homem superior promove a paz entre os instintos, transformados em sentimento, e o intelecto e, assim, pelo sentimento interage com o Todo, o eterno e o infinito.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

"Para lugar nenhum"

Escondida entre as montanhas, num país distante, existia uma aldeia. À entrada da aldeia haviam três estradas e, no local onde elas se separavam, três avisos diziam: "PARA O MAR", "PARA A CIDADE" , e o terceiro: "PARA LUGAR NENHUM". Até onde se podia lembrar, as pessoas só tinham viajado pelas duas primeiras estradas. Ninguém ousava seguir a estrada que levava a "Lugar nenhum". Ela permaneceu deserta e não trilhada.

Jane, uma menina da aldeia, não se cansava de fazer os outros habitantes a mesma pergunta: - Para onde vai a estrada que vai a lugar nenhum? E ela recebia invariavelmente a mesma resposta: - A lugar nenhum.

As pessoas temiam pela segurança da menina e diziam:- Nunca siga essa estrada. é muito perigosa. Ninguém jamais teve coragem de percorrê-la. Mas Jane pensou com seus botões que, se há uma estrada, ela deve levar a algum lugar. Um dia Jane fugiu da aldeia e, cuidando para que não a vissem, pegou a estrada proibida. Andou por um longo caminho, atravessando colinas e vales, passando por riachos e quedas d'água, florestas e desertos. E continuou em frente, até que começou a acreditar que os aldeões deviam estar certos. A estrada, de fato, não levava a lugar algum.

Até que um dia ela avistou um cão e disse a si mesma: - Se há um cachorro, deve haver uma casa ou pelo menos alguém por perto. Com um misto de medo e esperança, pôs-se a seguir o cachorro. Ele a conduziu por um caminho que dava numa casa escondida no meio de um bosquezinho frondoso. Uma senhora de idade morava na casa.

- Venha, minha pequena - convidou a senhora - venha para minha casa onde há muitos anos não recebo ninguém. Mostrou a Jane sua mansão repleta de tesouros preciosos.

- Você pode levar o que quiser. Tudo que possuo é seu, basta você querer. É a sua recompensa por ter tido coragem de ter trilhado a estrada que levava a lugar nenhum. Carregada de ouro e jóias, Jane se despediu da boa senhora.

Nesse meio tempo, os aldeões suspeitaram que Jane lhes havia desobedecido e tomado a estrada proibida. Ansiosos e nervosos, estavam convencidos que algo terrível havia acontecido. Por isso ficaram surpresos ao vê-la se aproximando, vinda daquela estrada, carregando seu precioso tesouro. Com toda a confiança, contou-lhes a verdade sobre sua viagem, e eles a escutaram maravilhados e espantados.

Logo havia uma torrente de aldeões viajando na estrada que levava a lugar nenhum. Caminharam durante dias e noites, mas não chegaram a lugar nenhum. Não encontraram nem o cão, nem a casa nem a boa senhora. Voltaram para a aldeia amargurados e desapontados, xingando Jane e acusando-a de mentirosa e impostora.

Jane balançou a cabeça e disse calmamente:

- É verdade que há um tesouro por descobrir, mas só para aqueles que ousam seguir uma estrada que leva a lugar nenhum.

(autoria desconhecida)

domingo, 26 de setembro de 2010

Seriedade


Confunde-se seriedade com situações na qual a pessoa ache ou não engraçado.
Quando da auto-observação, com certeza há respeito ao ser-humano que o impede em rir da desgraça alheia, mas isso não implica em não sorrir para coisas engraçadas, mesmo em situações na qual o outro esteja atrapalhado.
A seriedade implica nas observações de sí mesmo, em seus pensamentos e emoções geradas pelo ridículo que muitos desses nos apresentam, ou que nos permitiram surgir, porque nem todos os seres humanos estão no mesmo grau de conscientização de seus "humores" - no sentido de amadurecimento de seus pensamentos, motivos, sentimentos e emoções próprias, de sí mesmo. E isso nunca implicou inclusive que a tais valores ou condições que a pessoa encaixou em si mesma, seja o outro obrigado a seguir - pois isso é uma auto-imagem criada, e se caso o outro não vibre nessa condição na qual se colocou, será esse ferido em sua imagem, em seu orgulho que em sí mesmo condicionou tal imagem criada; haverá conflitos e confusões de todas as espécies.
Ser sério implica em observar-se nas relações com o outro, seja pessoa, objeto, natureza: quais motivos, sejam esses os mais difíceis ou mais ocultos que estejam na relação.
Onde se possa PERCEBER de fato onde e o como estaria contribuindo ou não para que o conflito se instaure, ou exista. E isso não é exigencia nem regra a seguir, mas sim apenas um estado atento na qual a pessoa deixe fluir.
Pois nada no Universo é permanente, tudo se apresenta sempre novo, e não podemos continuar a nos apegar a situações ou coisas passadas, mortas, inseridas apenas na memória.
E isso é o que é realmente viver a vida no presente.

Dualismo


"Hoje não podeis ver e nem ouvir, e é melhor assim. Mas um dia, o véu que cobre os vossos olhos será retirado pelas mãos que o teceram, e a argila que obstrui os vossos ouvidos será retirada pelos dedos que a amassaram. Então vereis, então ouvireis. E não deplorareis ter conhecido a cegueira e a surdez, pois,naquele dia, conhecereis a finalidade oculta de todas as coisas e bendireis as trevas como bendireis a luz"

Khalil Gibran

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sabedoria

e Rebeldia.
Sabedoria é algo que se adquire pelo amadurecimento.
Todo nosso aprendizado necessita do tempo para tornar-se um conhecimento, um saber. Um curso superior pode demandar cinco, seis anos, não pelo volume de conhecimentos necessários à sua conclusão mas porque o aprendizado precisa sedimentar-se.
Isto, entretanto, não significa que toda pessoa com determinada idade seja um sábio. A sabedoria é um dom que poucos desenvolvem.
Inequivocamente a sabedoria nasce da experiência. Entretanto, a experiência nada representa sem o conhecimento. O sol nasce no leste e se põe no oeste. Para os nossos sentidos, indiscutivelmente, o sol gira em volta da terra. O estudo e a pesquisa vão-nos mostrar que esta é uma ilusão, o sol está fixo, é a terra que gira em torno do sol.
Quantas outras ilusões os nossos sentidos nos mostram e nós aceitamos como realidades. Nós percebemos, devido às limitações dos nossos sentidos, apenas algumas dimensões da nossa realidade. É a consciência desta realidade que se amplia pela sabedoria.
A vida é um eterno aprendizado e para isso, precisamos manter o intelecto e o coração abertos ao novo. A harmonia entre mente e coração, entre a razão e sentimento é um dos segredos que levam à sabedoria. O comportamento rebelde, segundo socialmente nos propõem, é uma agressão à harmonia, inclusive universal segundo muitos espiritualistas.
Pois eu afirmo o contrário: a rebeldia é indispensável ao desenvolvimento da consciência e dos valores éticos.
É famosa a parábola de Jesus sobre a ovelha desgarrada:
"Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se desgarrar, porventura não deixa as outras noventa e nove nos montes e vai em busca daquela que se desgarrou? E, se acontece encontrá-la, digo-vos em verdade que se alegra mais por esta, do que pelas noventa e nove que não se desgarraram."
Somente o pecador é capaz de tornar-se santo. Somente quem elevou o ego ao seu grau máximo pode perdê-lo. Somente quem elevou o orgulho ao seu ápice pode tornar-se humilde. Somente quem passou pelo inferno pode chegar ao céu. O rebelde, o pecador, a ovelha desgarrada é "procurada por Deus".
O que nos mostra tal parábola ?
Deus irá preocupar-se com as restantes noventa e nove? São um rebanho, não tem vontade própria, apáticas vegetam na sua mediocridade. Mas Deus vai atrás da ovelha desgarrada, diferente, corajosa, audaciosa, rebelde. Quando a encontrar ele a levará festivamente nos ombros e haverá mais júbilo nos céus por causa desta única ovelha do que por todo o rebanho apático que somente lhe sabe dizer "Amém!".
Rebeldia é não aceitar autoridades e construir a sua própria verdade. Rebeldia significa buscar a Liberdade. Todo rebelde é um guerreiro e na luta contra as trevas da ignorância e das ilusões ele emergirá triunfante. A rebeldia enseja desenvolver o nosso mundo, a nossa consciência. O inconformismo contra a realidade em que vivemos e a necessidade de procurar soluções para os problemas pessoais e sociais são promovidas por rebeldes. O rebelde é um agente de transformação.
Rebeldia é a qualidade de um sábio.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Amor e Dor



O amor engrandece
e nisso não há duvidas
Mas não há um amor grande
que não tenha tido como caminho uma dor intensa,
constante, pulsante.
O amor é o desejo de todos,
mas é na dor como o fogo
que prova ao ouro
é que contemplamos o amor em essencia.
A dor é o periodo
em que a verdade está sendo gerada.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cap.33


Quem conhece os homens é inteligente
Quem conhece a si mesmo é iluminado
Vencer os homens é ter força
Quem vence a si mesmo é forte
Quem sabe contentar-se é rico
Agir fortemente é ter vontade
Quem não perde a sua residência, perdura
Quem morre mas não perece, eterniza-se

(Tao Te Ching - Cap.33)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Experimentar



Consequencia do padrão reinante em nossa mente, o pensar produz o negar e expulsar, o admitir e aceitar, apegando-se ao que lhe seja agradável , expulsando ou tentando expulsar seu oposto.
Toda experiencia nesse padrão produz isso, e assim nasce o Ego, que acumula, com sua avaliação do bom ou mal, do melhor e do pior.
Mas...no momento de experimentar, o experimentador (Ego) não existe. O que existe é o experimentar, para logo em seguida nascer o Sensor, o que avalia como certo e errado, bom ou ruim, prazer ou fuga, pois ao acumular em sua mente na forma de memorias tais experiencias ( um processo viciado ), acostumou-se a lá buscar o vir-a-ser.
Enquanto existir essa entidade separada da experiencia, existirá a acumulação que sempre utiliza-se do processo de vir-a-ser, pois foge 'a dor, ao ruim, buscando o prazer, o melhor - é o condicionamento cerebral, o que nosso cérebro se acostumou.
Uma das consequencia, é construirmos sociedades cada vez mais consumistas, altamente competitivas, porque exigimos sempre o melhor, o mais perfeito , o que dará maior prazer.
Riquezas nascem, pobrezas enraizam-se.
Acumulos ocorrem, exigencias  sutilizam-se.

Tambem  violencia se produz.

Enquanto existir o Ego, existirá sempre o sensor, corrompendo a experiencia.

Mas...
Quem se importa?


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ame


Não há doutrinas miraculosas nem fórmulas para o sucesso e para a felicidade.
Todo ser humano tem o seu caminho e a sua cruz; todo ser humano está num processo único e individual ; todo ser humano é um Universo que precisa ser descoberto por si mesmo.

Amor e Liberdade promovem Harmonia, um estágio superior.

1. Ame profundamente a si mesmo - corpo, mente e coração - porque assim você ama sua existencia.

2. Ame o outro - seu semelhante, animais, plantas, montes, rios, mares, sol, lua e estrelas – como a si mesmo.

3. Ame e viva tão totalmente que nada sobre para ser amado e vivido.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Razão e Paixão


"(...)E ele respondeu, dizendo:
A vossa alma é muitas vezes um campo de batalha, em que a vossa razão e o
vosso julgamento estão em guerra contra a vossa paixão e o vosso apetite.
Pudesse eu ser o pacificador da vossa alma e transformaria a discórdia e a rivalidade dos vossos elementos numa união e melodia.
Mas como o poderia fazer, a menos que vós também fosseis pacificadores, amantes de todos os vossos elementos?

A vossa razão e a vossa paixão são o leme e as velas da vossa alma navegante.
Se um de vós navegar e as velas se partirem, só podereis andar à deriva ou ficar imóveis no meio do mar.

Pois a razão, só por si, é uma força confinante;
e a paixão, não controlada, é uma chama que arde provocando a sua própria destruição.
Por isso deixai a vossa alma exalar a vossa razão até ao auge da paixão, de forma a poder cantar;
E deixai que ela oriente a vossa paixão com razão, de forma a que a vossa paixão possa viver através da sua ressurreição diária, e, qual fénix, renascer das próprias cinzas."

Khalil Gibran

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Quem és tu ?




"Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trêmulo sem ritmo na esfera da vida.
Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.
Eles dizem-me no seu despertar:
" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito."
E no meu sonho eu respondo-lhes:
"Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem."
Só uma vez fiquei mudo.
Foi quando um homem me perguntou:
"Quem és tu?" "

Khalil Gibran

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Liberdade e Responsabilidade


Responsabilidade é a negação da liberdade. Como é possível ser livre e responsável? Não é mais fácil afirmar que não há liberdade? Sim, tenhamos a coragem de afirmar que o ser humano não é livre, que esta sociedade não é livre, que este país não é livre. É possível dizer que um ser dominado pelo instinto ou pela sua consciência moral é livre? Quando dividimos tudo entre certo e errado estamos negando a liberdade. Se não escolhemos o nosso corpo , emoções, a nossa capacidade mental, nem o berço onde nascemos, como pode alguém falar em liberdade?

Somente existe a liberdade de ser e esta é uma conquista totalmente pessoal.
O nosso corpo, mente e emoção é uma máquina de efeitos condicionados e por isso não é livre. Ao ampliarmos a consciência acontece a transformação.
Dane Rudhyar afirma que há uma "reorientação, repolarização e uma reavaliação que implicam num estágio de "isolamento". Há, no início, "uma cisão quase completa de sua personalidade nitidamente diferenciada de todas as raízes raciais e culturais.Há uma "reconversão" quando a "consciência estelar individual aprende que ela, como Estrela, pertence a uma Constelação."
Segundo Jung, há a tomada de consciência da sua "sombra". A "sombra" representa o que falta a cada personalidade. Ela é, para cada indivíduo, aquilo que ele poderia ter vivido e não viveu.É "o conjunto do que o sujeito não reconhece e que o persegue incansavelmente".
É neste processo de autotransformação que encontraremos a liberdade. A liberdade de ser.


quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Busca


A BUSCA: satisfação de desejos
O homem é o ántropos grego: aquele que olha para cima, aquele que anseia sempre o mais alto e por isto seus desejos são infinitos. A insatisfação, afirma Saramago, mora no coração do próprio Deus.
O que move o ser humano é o desejo. Como não é possível satisfazer todos, faz escolhas usando a razão e a intuição, direcionado, também, pelos códigos de moral, ética e Direito do seu grupo social. Entre o erro e o acerto, ele aprende. É assim que se realiza. Realizar-se significa desenvolver todas as potencialidades afetivas e criativas com liberdade e respeito mútuo.
A felicidade, redenção," iluminação ", realização reside na eliminação ou satisfação dos desejos.
Existem dois caminhos:
A satisfação de alguns e o direcionamento ou sublimação de outros, através de um condicionamento imposto pela vontade.
A satisfação de todos.
Os caminhos são escolhidos naturalmente de acordo com o caráter de cada pessoa. Há uma inclinação natural nessa busca. Entretanto, para o ser humano tornar-se inteiro, uma unidade, um indivíduo, um si-mesmo, ambos os caminhos precisam ser trilhados. O homem numa etapa do seu desenvolvimento precisa saber usar a sua força de vontade até o seu ponto máximo, exercendo seu poder sobre os instintos e sobre a natureza que o cerca; não irá eliminar a força dos seus instintos mas compreende-los, dominá-los; noutra etapa ele necessita satisfazer, entregar-se e viver todos os desejos instintivos ainda existentes até que já não haja nada a ser desejado. A fera dominada precisa ser solta para que ele possa experimentar a totalidade. A segunda etapa, para alguns, é o maior desafio, a passagem pelos infernos.
Wu Wei, não-agir, não escolha, é o estado do ser " iluminado ", ou seja, realizado. Para chegar a este estágio ele passou pelos dois caminhos, porque não há outra forma de encerrar A Busca: a satisfação dos seus desejos.

domingo, 11 de julho de 2010

Inspire...Expire...

(vídeo com musica ao final do texto)

O mundo está fluindo através de mim, com todo o prazer e a alegria
Mas eu estou realmente sentindo isso?
O mundo está fluindo através de mim, com todo o amor e felicidade
Mas eu não sinto isso mais

Longe de uma visão cósmica
Longe de uma nova realidade

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire

Existe algo além da razão
Onde é que tudo começa, e haverá um tempo quando isso vai acabar?
Se formos capazes de ver, temos de aprender a não desviar o olhar até que nos encontremos outra vez?

Longe de uma visão cósmica
Longe de uma nova realidade

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire


(RPWL - Breathe In, Breathe Out)


                     

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cosmoconsciência


Cosmovisão (Weltanschauung) é a compreensão do mundo, pela causa eficiente, formal e material. Cosmoconsciência é a compreensão do mundo pela causa final. Nesse sentido, afirma Rohden:
“o homem moral crê em Deus, o homem cosmoconsciente sabe o que é Deus”.
Muitos ainda se apegam às suas verdades imutáveis, consciências cristalizadas, petrificadas, e não conseguem perceber que nós precisamos evoluir junto com o mundo. Porque tudo de significativo que acontece é incorporado em nós e cresce conosco se mantivermos a mente e o coração abertos. O nosso mundo interior é infinito e real. Todas as coisas vinculadas ao mundo externo passam. Nós, no nosso mundo interior, em qualquer idade, ainda somos a criança que quer descobrir o mundo, o adolescente que desperta para uma nova vida e o jovem idealista que quer mudar o mundo.
Por que colocar uma “bíblia” debaixo do braço e pensar que estamos com a verdade? Isto não se refere apenas aos religiosos mas a qualquer ser humano.
O homem sábio, por mais genial que seja, não é aquele que sabe a Bíblia de cor, ou conhece todos os ramos da ciência. Sábio é aquele que abre a mente e o coração e permite que a verdade flua para dentro de si.
“Não procure a Verdade, permita que ela o encontre,” diz Rajneesh.
O homem desde que se conhece como sapiens, sapiens, tem procurado encontrar respostas para os mistérios que o cercam.Nós vivemos numa realidade, num mundo definido, por que não dizer, criado pelos nossos sentidos. Precisamos aceitar, além das vias científicas, a existência de outras vias de conhecimento, como a ampliação da consciência com a absorção de conteúdos inconscientes e a intuição. O Universo é um todo do qual nós percebemos somente uma face. Nós não podemos objetivar completamente os fenômenos, mas apenas falar do “mundo que o homem é capaz de conhecer”.
Sobre a fé, é necessário citar um texto atribuído a Buda:
“Não acrediteis numa coisa apenas por ouvir dizer. Não acrediteis na fé das tradições só porque foram transmitidas por longas gerações. Não acrediteis numa coisa só porque é dita e repetida por muita gente. Não acrediteis numa coisa só pelo testemunho de um sábio antigo. Não acrediteis numa coisa só porque as probabilidades a favorecem ou porque um longo hábito vos leva a tê-la por verdadeira. Não acrediteis no que imaginastes, pensando que um ser superior a revelou. Não acrediteis em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores. Mas, aquilo que por vós mesmos experimentastes, provastes e reconhecestes verdadeiro, aquilo que corresponde ao vosso bem e ao bem dos outros - isso deveis aceitar, e por isso moldar a vossa conduta”
A mecânica quântica, descoberta há um século, ainda não é compreendida pela maioria dos cientistas, pelo homem religioso, muito menos pelo homem comum. A sua compreensão promove tamanha revolução da visão do mundo, que se iguala, se não supera, o que aconteceu na época em que Galileu afirmou que a Terra não é o centro do universo.
“A filosofia de Descartes”, diz Heisenberg, “fazia clara distinção entre sujeito e objeto. Descartes distingue muito nitidamente: Deus, eu, o mundo. Pode-se decompor este triângulo, por assim dizer, em seus três lados. A tarefa do cientista é tratar de um dos lados: o lado do “mundo objetivo”. E nesse mundo objetivo, pensava Einstein, tudo deve acontecer segundo um determinado programa que pode ser expresso matematicamente. Eu, porém, pertencia a uma geração mais jovem, e desde o início participei das dores de parto, por assim dizer, da teoria dos “quanta”; percebi que a antiga distinção simplesmente não era possível, ainda que o quiséssemos. Por isso inclino-me a dizer a que a ciência da natureza não é uma explicação do mundo objetivo, e sim uma parte do jogo recíproco entre o mundo e nós mesmos: e por isso também uma parte da linguagem com que nós falamos do mundo. Por conseguinte, nós mesmos não podemos absolutamente excluir-nos dela.”
“Deus”, “eu”, “o mundo” é um todo; a causa e o efeito estão interrelacionados.
Devemos ser capazes de assumir a posição do observador, estar fora, separados, olhar de longe e do alto, perceber e sentir as coisas passar; não estar vinculados, apegados, entranhados a nenhuma coisa do mundo; ser essa consciência de desapego, esse estar no mundo, sem ser do mundo; sentir essa realidade desligada do egoísmo do eu; ser o espírito que contempla tudo o que existe, “tanquam non”, como se não existisse. Esta consciência redireciona as nossas motivações e ações. O nosso pensar e agir passa a ser determinado pela visão panorâmica do espírito, a cosmoconsciência.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Deus não responde


"Você reclama que grita e Deus não responde. Que se sente aprisionado e que é uma sentença perpétua, embora ninguém tenha dito nada. Considere, então, que você é seu próprio juiz e sua própria prisão.
- Prisioneiro, deixe a sua prisão!
Para sua perplexidade, verá que ninguém vai impedi-lo. A realidade fora da prisão é mesmo aterradora, mas nunca tão aterradora quanto a angústia daquela sala trancada. Dê seu primeiro passo para a liberdade. Não é difícil. O segundo passo é mais difícil. Mas nunca permita que seus carcereiros o derrotem. Eles são apenas seu próprio medo e seu próprio orgulho"
(Ingmar Bergman em "O Mundo de Luz e Sombras").

quinta-feira, 10 de junho de 2010

(...)


"A moralidade e o direito nasceram, quando o homem deixou de viver pela alma do Universo. Com a tirania do intelecto começou a grande insinceridade; quando se perdeu a noção da alma, foi decretada a autoridade paterna e a obediência dos filhos.
Quando morreu a consciência do povo, falou-se em autoridade do governo e lealdade dos cidadãos."
(Tao Te King)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nuvens



"Liberta as veias do curso do sangue.
Entreabre os olhos e deixa entrar a luz
Depois toma posse de teu próprio ser:
Procura a tua essência dentro de ti mesmo."
Tantra-Yoga.

Afinal, o que é real e o que é ilusório, se em cada coisa e em cada "eu" há diversas dimensões, se o observador faz parte essencial do fenômeno observado? Faz alguma diferença para o observador do nascer do sol, se é o sol ou a terra que está girando? A terra gira? Ela gira ou apenas muda de posição em relação aos planetas,ao sol e ao universo? O tempo existe ou é apenas um condicionamento da mente? Ele existe ou é apenas uma convenção? É tudo uma ilusão?
O por do sol tinge de tons multicoloridos as nuvens que se movimentam lentamente. Nuvens que seguem seus caminhos, em harmonia, em "paz consigo mesmas".
Elas são reais (?) e convidam para uma reflexão...

sábado, 8 de maio de 2010

Espírito Livre


Existe um mundo real, único, maravilhoso e trágico, impenetrável aos outros, um universo construído, diuturnamente, pelos sentidos conscientes e inconscientes, que é o nosso mundo interior. Nesse mundo somente existe o agora. Ele molda o passado e contém, potencialmente, o futuro. Esta é a morada do Ser e da sabedoria, mas também do Ego e de suas legiões; aqui moram demônios, trevas, medos, tristezas, ódios, raivas, ansiedades, inquietude, angústias e tempestades que se revezam com deuses, luzes,
alegrias, amores, prazeres e calmarias... Aqui é o céu, e aqui é o inferno, duas faces da mesma moeda.
O acesso direto à Verdade demanda uma passagem para além do âmbito do pensamento ordenado. (Heinrich Zimmer.)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Embriagados



Segundo Rajneesh, quando temos continuamente um único pensamento, somos hipnotizados por ele; se olharmos continuamente para uma só coisa, seremos hipnotizados por ela. A pessoa pode estar hipnotizada, embriagada, pelo sexo, pela fé, pela riqueza, pelo poder...
A técnica da hipnose é a repetição. Coisas ilógicas e irracionais são transformadas em verdades, pela repetição. Afirma Rajneesh: "Hitler repetiu continuamente: "Os judeus são a razão da miséria e do declínio da Alemanha. Se eles forem destruídos, não haverá mais problemas. Vocês são os senhores do mundo, são uma raça especial; vieram ao mundo para dominar - são a raça superior." No começo nem seus amigos acreditavam nisso. Assim como ele também não acreditava porque era uma mentira evidente. Mas depois de tanto repetir, o povo começou a acreditar - estava hipnotizado. E quando outras pessoas ficaram hipnotizadas, Hitler também ficou hipnotizado pelo pensamento de que deveria haver alguma verdade no que dizia: "Quando milhões de pessoas acreditam numa mesma coisa deve haver alguma verdade nela". O que aconteceu? Um povo extremamente culto e inteligente teve um comportamento idiota. Por que? Existe um processo simples de transformar uma mentira em verdade - é só repeti-la continuamente.
Estamos todos hipnotizados em maior ou menor grau e a hipnose não permite nos apercebermos disso. O mundo todo se move em sonambulismo. É por isso que existe tanta miséria, tanta violência, tanta guerra. "O que significa essa sonolência? Significa que você não tem consciência de quem é - então todas as suas ações são irresponsáveis. Você está louco e tudo o que faz, faz como um bêbado. Sair desse estado hipnótico é despertar, tornar-se consciente."
O que você pode fazer? O que pode fazer uma pessoa - que dorme profundamente - para despertar dos seus sonhos?
A resposta é minha: abandone tudo o que você tem como certo e errado; todos os valores da tradição, da religião e da civilização; questione tudo; não siga autoridades; pesquise, estude, observe, observe com atenção e você começará a despertar. Tenha um novo posicionamento perante a vida. Faça isto JÁ.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Religare


Sabeis o que é religião? Não é cântico, não é execução de ritual, não é adoração de deuses de lata ou imagens de pedra; ela não se encontra nos templos e igrejas, nem na leitura da Bíblia ou do Gita; não é a repetição de um nome sagrado ou o seguir de qualquer outra superstição inventada pelos homens. Nada disso é religião.
Religião é o sentimento da bondade, daquele amor semelhante ao rio – que é um movimento rico eterno. Naquele estado, vereis chegar um momento em que não haverá busca de espécie alguma; e esse findar da busca é o começo de algo totalmente novo.
A busca de Deus, da Verdade, o sentimento de se ser integralmente bom (não o cultivo da bondade, da humildade, porém o buscar, além das invenções e dos artifícios da mente, uma certa coisa – e isso significa ser sensível a essa coisa, viver nela, sê-la) isso é que é a verdadeira religião.
A vida cuidará então de vós, de uma maneira surpreendente, pois, de vossa parte, nada haverá para cuidar. A vida, então, vos levará aonde lhe aprouver, porque sereis uma parte dela; não haverá mais problemas concernente à segurança ou ao que “os outros” digam ou não digam. E esta é que é a beleza da vida.

(Livro: A CULTURA E O PROBLEMA HUMANO -pg 133)

Condicionado


Toda e qualquer palavra, frase ou sentença emitida por um ser humano carrega dentro de si o condicionamento daquele que emitiu a frase.

Mas é preciso entender que nem tudo que é condicionado é falso, ou emite uma impressão tendenciosa.
Todo e qualquer julgamento de valor é baseado em alguma informação adquirida no passado, ou seja, o julgamento é sempre a expressão da história do julgador.

O ideal de um julgamento imparcial é justamente isto: um ideal.

No mundo real todo e qualquer julgamento é baseado em regras, conceitos, decisões e julgamentos anteriores, e neste sentido está atrelado a condições anteriores.

Um julgamento imparcial é aquele que está de acordo com regras e conceitos anteriores do que é imparcial, e, portanto, aí está a parcialidade dele.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Experiencia de vida


Afirma Rumi, poeta e místico árabe: "você pode pensar que compreende algo,
mas a mais superficial experiência disto pode causar a perda de toda a sua
compreensão".

A experiência de vida provoca percepções diferentes em cada pessoa, afinal cada um é um universo individual. Esta diferença de percepção é maior entre pessoas extrovertidas e introvertidas.
Algumas diferenças entre “extrovertido” e “introvertido” conceituados por Jung:
As atividades do tipo “extrovertido” parecem ser determinadas em grande parte pelos objetos que os interessam; para ele, o objeto - ou seja, tudo o que está fora dele - é o eixo dos acontecimentos; faz o que lhe é solicitado pelo mundo exterior e vive de acordo com as exigências e padrões da realidade objetiva em curso; ele não dá valor ao seu mundo subjetivo interior. Está mais interessado na amplitude do conhecimento.

“Não há qualquer outro tipo humano”, afirma Carl C. Jung, “que se iguale ao tipo perceptivo extrovertido no que diz respeito ao realismo. Seu senso objetivo para os fatos é extraordinariamente bem desenvolvido. O que ele às vezes experimenta dificilmente merece o nome de “experiência”.
As atividades do tipo “introvertido” parecem ser, em grande escala, dirigidas por algo dentro deles mesmos, algo "subjetivo"; o seu ser interno é o centro de tudo e a importância do mundo objetivo (tudo o que ocorre fora dele) é julgada apenas na medida em que o afeta; os estímulos objetivos desencadeiam um processo mental que é centrado no "eu" interior; o introvertido sempre tenta compreender o que percebe e o que lhe acontece e, com esse esforço subjetivo, tenta, por assim dizer, adaptar o mundo exterior ao seu mundo privativo interior; recolhe fatos apenas como evidência para suas próprias hipóteses e não em benefício dos próprios fatos; tem dificuldades em fazer uma abordagem objetiva da vida; está mais interessado na profundidade do que na amplitude e o processo de pensamento pode ser alimentado tanto de fontes subjetivas e/ou inconscientes como de dados reais por meio dos órgãos sensoriais.
O tipo extrovertido é objetivo, o introvertido subjetivo. A diferença de percepção entre os dois tipos e suas conseqüências podem resumir-se num fato citado por Elie G. Humbert em “Jung”: Jung “ficou impressionado ao ver Freud e Adler se oporem em função de duas teorias que lhe pareciam igualmente válidas, e explicava a ruptura pela impossibilidade de admitirem que sua divergência, tinha a ver com suas estruturas, extrovertida para Freud, introvertida para Adler.”

segunda-feira, 15 de março de 2010

A descoberta do Mundo




"Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.


Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste. /.../


O que eu queria, e não posso, é que tudo que viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo a que eu pertencesse.


Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer : tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente
os meus sentimentos."
(A descoberta do mundo - Clarice Lispector)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Máscaras


Muitos de nós construímos durante nossa vida diversas cercanias muito altas , impedindo outros a escalada rumo ao nosso real ser, porque diversas vezes confundimos a necessidade de utilizarmos máscaras criadas por nós mesmos, para uma possível melhor forma em nos relacionarmos em situações que apresentam-se mais difíceis. Como exemplo, podemos dizer certa coisa a outrem, utilizando de uma forma diplomática. Outros preferem lidar com tais situações diretamente, acreditando que sejam aquilo mesmo que se apresentam perante todos. Vão direto ao assunto, sem a diplomacia, mas ainda assim podem carregar-se de certa máscara, que confunde-se com seu próprio real ser.
Máscaras podem ser utilizadas como num teatro, mas que logo seriam retiradas assim que termina a peça, a peça da vida, tudo em pró do bom relacionamento, pois ninguém em sã consciencia prefere a dor de um conflito .
A questão está em quando temos consciencia de estarmos utilizando as mascaras, e não a confusão com nosso ser real.
Sabedor ou consciente de quando devem ser utilizadas, esse em verdade vive uma vida em comunhão com o próximo, mesmo que muitas vezes sinta necessidade de reclusões em sí mesmo, cujo fruto se dá o nome de Meditação. Tal solidão profunda constróe um ser de muito maior consciencia do mundo que o cerca, e não uma solidão produzida por um ser que se sente agredido porque iludiu-se com suas mascaras.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desenvolvimento


Qual é a contribuição do desenvolvimento científico na evolução moral do ser humano?
A facilidade de comunicação que a tecnologia nos oferece, o espantoso volume de informações que cada vez mais estão disponíveis para a grande massa humana, a desmistificação de muitos fenômenos da natureza, a nova visão do planeta Terra e a sua relação com o Universo, todas as grandes descobertas da física, química, genética, neurologia, etc. etc. até que ponto contribuem para o desenvolvimento moral do ser humano?
Maior conhecimento intelectual, maior conforto material e maior expectativa de vida colaboram para uma evolução moral ?
Alguém nos últimos séculos, com todo o desenvolvimento científico e tecnológico, conseguiu superar em autoconhecimento os grandes sábios da antigüidade como Lao Tse, Buda, Platão, Sócrates, apenas para citar os mais conhecidos no ocidente ?
O mundo percebido pelos sentidos do homem comum é o mesmo observado pelo homem dito religioso, pelo intelectual e pelo cientista. É o mundo das aparências, o mundo externo, percebido pelos sentidos na sua forma mais simples e superficial. Por maior que seja o saber intelectual, o poder político, religioso e econômico de um ser humano, o seu nível de consciência é apenas maior em extensão, em quantidade, em valores horizontais, se comparado com um homem comum, analfabeto e sem posses materiais.
Todas as Religiões (organizações religiosas, esotéricas e místicas) que conhecemos, sem exceção, são formadas por pessoas que estão no mesmo nível de consciência: o nível de consciência do ego. Nenhuma dessas Religiões promove o desenvolvimento moral do ser humano. Elas estão no mundo do ego e, portanto, somente tem a capacidade de aperfeiçoar o ego, tornando-o altruísta e virtuoso. Nenhuma dessas Religiões através de seu Deus, deuses, credos e dogmas consegue promover a redenção isto é, libertar o ser humano da sua ignorância com relação à Verdade.
As Religiões utilizam os nomes dos seres "iluminados pelo espírito" para prometerem a redenção, a felicidades eterna. Os "mestres iluminados" não fundaram nem fundam Religiões. São os egos espertos que utilizam os seus ensinamentos interpretando-os e adaptando-os aos seus interesses egoístas.
A disputa entre a Religião e a Ciência é uma luta pelo poder. Ambas estão no mesmo nível do ego e dos valores horizontais. É um jogo de poder que tem como armas o conhecimento intelectual, experimental, a razão, a lógica, a emotividade, o sentimento, a fé. Por isso Deus (a Verdade) não pode ser encontrado nem pela Ciência nem pela Religião.
O desenvolvimento científico e tecnológico não ajuda a promover o desenvolvimento moral do ser humano. Este desenvolvimento é individual e promovido pelo perceber, talvez uma "lei cósmica", "evolutiva" (no sentido de retorno 'a essencia), independentemente do conhecimento intelectual, do poder ou das posses materiais de cada um.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Crear


Alma e espírito são considerados sinônimos e definidos como o corpo imaterial do ser humano. A alma é conceituada também como a psique. A alma, para muitos, é a individualidade, o "eu" que é considerado imortal. A Religião, a Filosofia, a Psicologia, a Alquimia e a Astrologia além das Escolas Esotéricas, procuram dar, cada uma a seu modo, uma resposta às nossas indagações existenciais. O homem, entretanto, mostra-se renitente, inseguro, com medo de olhar para dentro de si mesmo. Esta incapacidade está ligada à sua consciência de vida.
É próprio do homem inconsciente voltar-se para fora, para o outro; querer controlar a natureza e a vida das pessoas que o cercam. Temos uma fantástica evolução tecnológica em todas as áreas.
A vida média do ser humano e a redução da natalidade estão crescendo de tal forma que num futuro não muito distante seremos uma humanidade de idosos. A astronomia e a física estão num estágio de descobertas nunca antes imaginado. Especula-se até na existência de mais de um universo. Mas descobrir o nosso universo pessoal é tão árduo quanto desvendar os mistérios do mundo que nos cerca.
A ampliação da consciência em extensão e profundidade através do autoconhecimento leva-nos à autotransformação.
É nesta caminhada da inconsciência para a autoconsciência que "creamos" nossa alma. Nós nos "creamos" progressivamente ao nos libertarmos da escravidão da ignorância. Nós estamos dormindo e vivemos na ilusão.
O "Eu" é memória, lembranças,consciência, inconsciência, etc., e está indelevelmente ligado ao corpo material. Este tem os mecanismos necessários para a autotransformação. Está posto o desafio: "crear"(1) uma "alma individual", sob pena de continuarmos sendo apenas como mais um ponto dentre bilhões de outros, dormindo no Universo.
(1) "Crear" é a manifestação da Essência em forma de existência

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Forasteiro


"Neste mundo, sou um forasteiro, um estranho... Sou um desconhecido dos meus parentes e amigos; quando com um deles me encontro, por acaso pergunto a mim mesmo: "Quem será esse? Onde e como o conheci? Qual o determinismo estranho que nos aproxima e nos faz falar?" Sou estranho à minha própria alma: por isso, quando a minha língua fala, não sei se ouço a minha própria voz. Sou estranho ao meu corpo. Quando diante do espelho, observo em mim como que expressões que não correspondem ao meu íntimo sentir, e vejo, no fundo das minhas pupilas, imagens que não traduzem, de modo algum, o que está na minha alma. Neste mundo, eu sou um forasteiro. Não existe quem compreenda uma palavra, ao menos, da linguagem da minha alma. Eu sou um estrangeiro neste mundo. Sou o poeta que, de passagem pela vida, canta em seus versos o que ela possui de mais profundo, harmonioso e belo. Eu sou um estrangeiro, e sempre serei um estrangeiro para mim, até que a morte me leve e me faça voltar à minha verdadeira pátria."

(Gibran Kahlil Gibran).

Místico do Ser


"a liberdade de espírito ao preço da mais sangrenta autovivissecção, assistindo e apressando o crepúsculo de todos os ídolos em cujos altares outrora imolara"
"desse isolamento doentio, do deserto desses anos de ensaio, o caminho ainda é longo até aquela descomunal segurança e saúde transbordante ... até aquela madura liberdade de espírito que é também autodomínio e disciplina do coração e permite os caminhos para muitos e opostos modos de pensar" .....
"Ele olha com gratidão para trás - grato a sua andança, a sua dureza e a seu estranhamento de si, a seu olhar a distância e a seu vôo de pássaro em frias altitudes. Que bom que ele não permaneceu, como alguém delicado, embotado, que fica em seu canto, sempre, "em casa", sempre "junto de si"! Ele estava fora de si: não há dúvida nenhuma. Somente vê a si mesmo - e que surpresas encontra nisso! Que arrepio nunca provado! ... ".
(Labirintos da Alma: Nietzsche e a auto-supressão da moral -Giacoia Júnior, Osvaldo)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Direito à Individualidade


Qualquer um que não saiba como controlar o seu eu mais íntimo, se conformará
em controlar a vontade do seu vizinho. (Goethe.)


O respeito à individualidade é um valor ético nem sempre
compreendido e praticado, principalmente porque, a vontade de poder controlar a vida do seu semelhante é inerente à natureza humana. O direito à igualdade, embora na prática, seja apenas um ideal, é uma das maiores conquistas da nossa civilização. Este direito, entretanto, que pretende proteger os mais fracos, nega, de certa forma, o direito à individualidade, ou seja, à diferença.

“Só podemos dizer que os indivíduos são iguais na medida em que êles são amplamente inconscientes, isto é, inconscientes de suas diferenças reais. Quanto mais uma pessoa é inconsciente, tanto mais ela se conforma aos cânones do comportamento psíquico. Mas, quanto mais ela toma consciência de sua individualidade, tanto mais acentuada se torna sua diferença com relação a outros indivíduos e tanto menos corresponderá ela à expectativa comum."(Jung- ANatureza da Psiqué).

As diferenças individuais que se revelam pelo desenvolvimento da consciência não são compreendidas pelo homem comum. A diferença de níveis de consciência dificulta a comunicação. A pessoa, ao adotar valores éticos, em substituição às normas morais vigentes do seu grupo social, torna-se diferente e portanto, passa a ser tratada com preconceito e é marginalizada.
“Na verdade, para a maioria, a fim de que um ponto de vista seja válido, precisa colher o maior número possível de aplausos, independentemente dos argumentos apresentados em seu favor. “Verdadeiro” e “válido” é aquilo em que a maioria crê, pois confirma a igualdade de todos. Mas para uma consciência diferenciada já não é mais de todo evidente que sua própria concepção se aplique aos outros, e vice-versa.”(Jung - A Natureza da Psiqué) .

Saber-se igual aos outros dá segurança psicológica, fortalece o ego, aumenta a auto-estima. O uniforme que a criança usa desde o Jardim de Infância nada mais é do que a obsessão, muitas vêzes inconsciente, de pais e mestres em impor uma igualdade que não existe no ser humano. É com base na igualdade que é identificado o ser humano “normal”.
“Ser normal é talvez a coisa mais útil e conveniente com que podemos sonhar; mas a noção de “ser humano normal”, tal como o conceito de adaptação, implica limitar-se à média. ...
Ser “normal” é o ideal dos que não têm êxito, de todos os que ainda se encontram abaixo do nível geral de adaptação. Mas para as pessoas dotadas de capacidade acima da média, que não encontram qualquer dificuldade em alcançar êxitos e em realizar a sua quota-parte de trabalho no mundo, para estas pessoas a compulsão moral a não serem nada senão normais significa o leito de Procusto: mortal e insuportavelmente fastidioso, um inferno de esterilidade e de desespero.” (Fordham - Introdução a Psicologia de Jung).

Ser normal, é ser igual aos demais. É a confirmação da igualdade. Ser diferente é, portanto, anormal, doentio. O diferente precisa ser “tratado” para que volte a ser igual aos demais. É assim que o ser humano mediano julga o seu semelhante. Se o direito à igualdade dentro do grupo social tem os seus méritos, ela também gera preconceitos e discriminação contra o diferente, seja pela condição social, convicções, hábitos, preferências sexuais, etc.
O preconceito e a discriminação sempre existiram e vão continuar existindo porque é muito difícil e demorada a mudança de consciência do ser humano. Assim como se lutou arduamente, por séculos, pelo direito à igualdade, deve-se combater, agora, num nível superior, pelo direito à diferença. O mesmo orgulho sadio que ostenta aquele que se identifica como homem de massa, deve poder mostrar aquele que é diferente em sua natureza, em sua individualidade.
O direito à individualidade, à diferença, é de certa forma uma utopia. O homem inconsciente tem uma compulsão em dominar o outro. Mas toda forma de poder é verdadeira inimiga da ordem. Toda ordem ou imposição contraria aquilo que é, por si só, um elemento intrínseco à natureza humana. Por que dominar o outro? É querer formá-lo à nossa imagem e semelhança.
O sonho e o ideal do homem comum é uma sociedade igualitária em que são suprimidas todas as diferenças. O senso comum é essa força que também chamamos de democracia, regime de governo indispensável para organizar uma sociedade de indivíduos inconscientes.
O sonho daqueles que estão acima da média do nível geral de adaptação, daqueles que têm um maior nível de consciência da realidade, daqueles que já ultrapassaram o nível de confusão do "caçador” – presente em todas as mitologias -, que mata as coisas do mundo porque não as ama e não as ama porque não as compreende, daqueles que não sentem a necessidade de governo
político e religioso devem conformar-se em ser apenas diferentes.
Uma sociedade fundada na solidariedade e na liberdade ainda é uma utopia
.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Fogos de Artifício




Hoje o silencio é forte na cidade grande. Muitos se foram, antes, bem antes , 'as estradas rumo a tradição da esperança em um novo ano - o "que tudo se realize". Voltarão, e continuarão normalmente com os mesmos pensamentos, as mesmas atitudes, a mesma vida, que talvez a grande maioria tentou esquecer na virada do ano. O advogado continuará sua consciencia particular de grupo : o grupo dos advogados , com sua astúcia, estudos e conhecimento das leis. A dona de casa também continuará em seu grupo. O professor, o carpinteiro, todos continuarão em suas respectivas consciencia de grupo. Não diferimos de animais que também tem sua própria consciencia de grupo . O lobo, o leão, o gato...


O medo, o prazer, a crença, a inveja, a depressão e a solidão, todas essas coisas que fazem parte de nossa consciencia, não difere da consciencia de outros grupos distantes milhares de quilometros, sejam eles comunistas ou democratas , cristãos ou muçulmanos, alemães ou brasileiros, civilizados ou aborígenes. Um é contra o comunismo, o outro contrário ao cristão, e continuamos a repetir , sempre essas mesmas condições.


É duro aceitar isso, que temos uma consciencia comum ao restante da humanidade, até porque a maioria tem a crença de que algo de individual sobreviverá após a morte, mas que não se aceita que tudo isso é "programação" - programados para pensar que temos algo separado do restante da humanidade. Isso promove a continuidade do mesmo padrão , repetindo ano após ano, a mesma esperança ao findar cada um, extasiados 'a fogos de artifício...