terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vida Estudantil


Vida estudantil e suas Contradições
Um questionamento sobre os valores da educação moderna ( Escrito por Gavin Gee-Clough )

Sempre ingênuo, o estudante descarta a possibilidade de se ligar ao mundo de forma diferente da análise compulsiva que lhe foi ensinada. Conseqüentemente se torna mais e mais distante de seus verdadeiros dons e desejos.
É raro um estudante que conhece a si mesmo. Geralmente ele não sabe o que quer, mas o que pensa que quer (o que normalmente é o que ele acha que os outros querem). Esta é a base do pragmatismo de carreira, que se baseia no que o estudante se força a fazer para alcançar alguma recompensa.
Você diz, honestamente, que quer ser rico e poderoso; mas isto todo mundo quer, porque são instintos básicos que garantem sobrevivência - é a biologia. Mas biologia e sociedade atuando isoladamente sobre nós, sem séria reflexão, nos torna homogêneos e automáticos.
"Este mundo, monstro de energia, sem começo e sem fim, bem como sem aumento ou receita, revelando nada ! Este mundo é desejo de poder e nada alem". (Jim Morrison )

A ciência pode ser libertadora, mas da mesma forma: se atuar isoladamente arruína o progresso do ser humano. Para que a ciência estabeleça-se corretamente, ela precisa de arte.
A formulação das hipóteses científicas é completamente criativa e intuitiva; logo é arte. Em outras palavras, se ciência não estiver baseada na arte, ela não funciona.
Aplicada nos estudantes, esta lei decorre da seguinte maneira: separado de si mesmo depois de anos de vida acadêmica, o estudante desconhece arte, pois arte é o universo de si mesmo, de seu self; logo se a razão precisa de uma base intuitiva, o estudante não conseguirá raciocinar sozinho.
Razão torna-se um instrumento que justifica o status quo, ao invés de ser uma forma de modifica-lo.
E é o que está acontecendo. Estudantes deveriam ser o primeiro passo para a transformação do status quo, mas os sistemas educacionais de todo o planeta estão fazendo exatamente o contrário.
Vivemos num mundo onde educação é uma forma de manutenção da mediocridade global, e é por isso que ela está se perpetuando com tanta facilidade.
"No seu primeiro dia de aula você é cortado da vida para elaborar teorias a respeito dela" (Taisen Deshimaru, Mestre Zen )

A vida é a continua exploração da relação que existe entre o indivíduo e o planeta. A educação institucional inverte este processo. Nosso sistema de educação aliena progressivamente o indivíduo de si mesmo.
A escola se inicia como um jogo de aventuras, mas isto é só um truque para ganhar confiança. A criatividade e a curiosidade rapidamente desaparecem diante da exigência de obediência, imitação e do espírito competitivo. Quando a criança chega ao segundo grau a educação já atingiu essa meta.
Obediência e imitação não exigem nada de original da criança, ou seja, nada originado pelo seu self, por ela mesma. Por definição, dela é exigido exatamente o oposto: a dócil apropriação das idéias e comportamentos de outros. A atmosfera quase penal das salas de aula reitera o primeiro princípio escolar: submissão e coesão. Educação é como o status permanece quo.
A gradual desconsideração da opinião da criança sobre o que é melhor para ela é a retirada de sua individualidade. Quanto mais tempo ela fica exposta às instituições de ensino maior se torna essa separação. Escolas e universidades despejam no mundo seres humanos automáticos, apáticos... mas perfeitos para fazer a engrenagem do sistema funcionar.
Conservadorismo e estreiteza de visão são as logomarcas do estudante, o medíocre expoente da Razão. O relacionamento do estudante com o conhecimento racional é baseado na fé - a universidade como Templo da Razão, onde se valorizam especialistas e títulos de doutorados.

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