segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cosmoconsciência


Cosmovisão (Weltanschauung) é a compreensão do mundo, pela causa eficiente, formal e material. Cosmoconsciência é a compreensão do mundo pela causa final. Nesse sentido, afirma Rohden:
“o homem moral crê em Deus, o homem cosmoconsciente sabe o que é Deus”.
Muitos ainda se apegam às suas verdades imutáveis, consciências cristalizadas, petrificadas, e não conseguem perceber que nós precisamos evoluir junto com o mundo. Porque tudo de significativo que acontece é incorporado em nós e cresce conosco se mantivermos a mente e o coração abertos. O nosso mundo interior é infinito e real. Todas as coisas vinculadas ao mundo externo passam. Nós, no nosso mundo interior, em qualquer idade, ainda somos a criança que quer descobrir o mundo, o adolescente que desperta para uma nova vida e o jovem idealista que quer mudar o mundo.
Por que colocar uma “bíblia” debaixo do braço e pensar que estamos com a verdade? Isto não se refere apenas aos religiosos mas a qualquer ser humano.
O homem sábio, por mais genial que seja, não é aquele que sabe a Bíblia de cor, ou conhece todos os ramos da ciência. Sábio é aquele que abre a mente e o coração e permite que a verdade flua para dentro de si.
“Não procure a Verdade, permita que ela o encontre,” diz Rajneesh.
O homem desde que se conhece como sapiens, sapiens, tem procurado encontrar respostas para os mistérios que o cercam.Nós vivemos numa realidade, num mundo definido, por que não dizer, criado pelos nossos sentidos. Precisamos aceitar, além das vias científicas, a existência de outras vias de conhecimento, como a ampliação da consciência com a absorção de conteúdos inconscientes e a intuição. O Universo é um todo do qual nós percebemos somente uma face. Nós não podemos objetivar completamente os fenômenos, mas apenas falar do “mundo que o homem é capaz de conhecer”.
Sobre a fé, é necessário citar um texto atribuído a Buda:
“Não acrediteis numa coisa apenas por ouvir dizer. Não acrediteis na fé das tradições só porque foram transmitidas por longas gerações. Não acrediteis numa coisa só porque é dita e repetida por muita gente. Não acrediteis numa coisa só pelo testemunho de um sábio antigo. Não acrediteis numa coisa só porque as probabilidades a favorecem ou porque um longo hábito vos leva a tê-la por verdadeira. Não acrediteis no que imaginastes, pensando que um ser superior a revelou. Não acrediteis em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores. Mas, aquilo que por vós mesmos experimentastes, provastes e reconhecestes verdadeiro, aquilo que corresponde ao vosso bem e ao bem dos outros - isso deveis aceitar, e por isso moldar a vossa conduta”
A mecânica quântica, descoberta há um século, ainda não é compreendida pela maioria dos cientistas, pelo homem religioso, muito menos pelo homem comum. A sua compreensão promove tamanha revolução da visão do mundo, que se iguala, se não supera, o que aconteceu na época em que Galileu afirmou que a Terra não é o centro do universo.
“A filosofia de Descartes”, diz Heisenberg, “fazia clara distinção entre sujeito e objeto. Descartes distingue muito nitidamente: Deus, eu, o mundo. Pode-se decompor este triângulo, por assim dizer, em seus três lados. A tarefa do cientista é tratar de um dos lados: o lado do “mundo objetivo”. E nesse mundo objetivo, pensava Einstein, tudo deve acontecer segundo um determinado programa que pode ser expresso matematicamente. Eu, porém, pertencia a uma geração mais jovem, e desde o início participei das dores de parto, por assim dizer, da teoria dos “quanta”; percebi que a antiga distinção simplesmente não era possível, ainda que o quiséssemos. Por isso inclino-me a dizer a que a ciência da natureza não é uma explicação do mundo objetivo, e sim uma parte do jogo recíproco entre o mundo e nós mesmos: e por isso também uma parte da linguagem com que nós falamos do mundo. Por conseguinte, nós mesmos não podemos absolutamente excluir-nos dela.”
“Deus”, “eu”, “o mundo” é um todo; a causa e o efeito estão interrelacionados.
Devemos ser capazes de assumir a posição do observador, estar fora, separados, olhar de longe e do alto, perceber e sentir as coisas passar; não estar vinculados, apegados, entranhados a nenhuma coisa do mundo; ser essa consciência de desapego, esse estar no mundo, sem ser do mundo; sentir essa realidade desligada do egoísmo do eu; ser o espírito que contempla tudo o que existe, “tanquam non”, como se não existisse. Esta consciência redireciona as nossas motivações e ações. O nosso pensar e agir passa a ser determinado pela visão panorâmica do espírito, a cosmoconsciência.

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