quarta-feira, 23 de novembro de 2011

a Vida segundo Jiddu Krishnamurti

A realidade não é o Incriado? Não deve, pois, a mente desistir de criar, de formular, para que possa compreender o Incriado? Não deve a mente-coração ficar absolutamente quieta e silenciosa para conhecer o Real?
No fim de tudo, para compreender a Vida, Deus, o Desconhecido, têm a mente e o coração de estar não preparados, mas sim inseguros. Na vitalidade da insegurança reside o Eterno.
Só pode haver verdadeiramente entendimento, alegria real de viver, quando houver completa unidade, ou quando não mais existir o ponto fixo (Ego, Eu), isto é, quando a mente e o coração puderem acompanhar livres e rápidas as ondulações da Vida, da Verdade.
Compreender a imortalidade, a Vida, é coisa que exige grande inteligência . Isso exige um incessante discernimento que só pode existir quando houver constante penetração, o demolir das paredes da tradição, da religião, da aquisitividade e das reações autoprotetoras do Eu.
Podeis fugir para alguma ilusão a que chamais paz, imortalidade, 'deus', crenças, religião,porém isso não terá realidade. O que, porém, há de libertar a mente e o coração da tristeza e das ilusões é o pleno apercebimento do eterno movimento da Vida. Este só é discernido quando a mente está livre do centro (Eu, Ego), daquele centro de consciência que é limitado.
Assim, aquela realidade imensurável, inominável, que nenhuma palavra tem, aquela realidade só se manifesta quando a mente está toda livre e silenciosa, num estado de criação.
O estado de criação não é um simples estado alcoólico, drogado,estimulado; mas quando uma pessoa compreendeu e passou por esse processo de autoconhecimento, e se acha livre de todas as reações de inveja, ambição e avidez, ver-se-á, então, que a criação é sempre nova e, por conseguinte, sempre destrutiva (nada permanece, tudo é impermanente-não há nada que se possa manter seguro).
No silêncio, na tranqüilidade suprema, detida a incansável atividade da memória, está o Imensurável, o Eterno.
Digo que a Vida é uma só, embora as expressões da Vida sejam múltiplas. A Verdade, que é a vida, nada tem com pessoa alguma nem com organização alguma(Religião, Ordens, Seitas). Não me interessam sociedades, religiões, dogmas; o que me interessa é a Vida, porque eu sou a Vida. Não almejais a Vida e o preenchimento da Vida, que é a Verdade. A vida está a todo momento em um estado de nascença, de surgir, de vir a ser. Nesse surgir, vir a ser por si mesmo, não há continuidade, nada que se possa identificar como sendo permanente. A vida está em constante movimento, em ação; cada momento dessa ação jamais existiu anteriormente e jamais existirá de novo. Cada novo momento, porém, forma uma continuidade de movimento.
Afinal, que é a vida? É uma coisa sempre nova, uma coisa que se está sempre transformando, sempre criando um sentimento novo. Hoje jamais é igual a ontem, e esta é a beleza da vida.
Podemos, vós e eu, enfrentar cada problema de maneira nova? Nunca podereis, se estais carregado das lembranças de ontem. A plenitude da vida só é possível quando a mente-coração estiver integralmente vulnerável ao movimento da vida, sem nenhum obstáculo artificial e autocriado.
A riqueza da vida advém quando a carência, com suas ilusões e valores, tiver cessado. Uni-vos com a vida, e vos unireis com todas as coisas. Se estais enamorado da Vida, então vós vos unireis com a Vida, quer a chameis Buda ou Cristo.
A Vida é livre, incondicionada, ilimitável e, para atingi-la, é preciso não trilhar um caminho qualquer , limitado, restrito (Religião, Crenças, Idéias). Pois a Verdade é o todo e não a parte. A ela não podereis chegar com mentes não adestradas, apenas meio evoluídas, e com semi-evoluídas emoções, pois ela é a perfeita harmonia, o perfeito equilíbrio da mente e do coração, que é a Vida. Quando já houverdes reconhecido essa Lei, que é universal, a Vida una em todas as coisas, então vivereis em verdadeira amizade e afeição a todos. É só na essência criadora da Realidade que se verifica o término do conflito e da aflição. Esse anseio de vir a ser nasce da ignorância, pois o presente é que é o Eterno.
É só na solidão da Realidade que se encontra a plenitude; na chamada criação não há “outro”; só há o Ser único .

Dessa Vida, imortal e livre/ Eu sou a eterna fonte/ Eis a Vida que eu canto.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente. Esse é o pensamento yogue, esse é o caminho .
    Eu sou anseio ...eu sou fonte...sou criatividade!!

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