quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Busca


A BUSCA: satisfação de desejos
O homem é o ántropos grego: aquele que olha para cima, aquele que anseia sempre o mais alto e por isto seus desejos são infinitos. A insatisfação, afirma Saramago, mora no coração do próprio Deus.
O que move o ser humano é o desejo. Como não é possível satisfazer todos, faz escolhas usando a razão e a intuição, direcionado, também, pelos códigos de moral, ética e Direito do seu grupo social. Entre o erro e o acerto, ele aprende. É assim que se realiza. Realizar-se significa desenvolver todas as potencialidades afetivas e criativas com liberdade e respeito mútuo.
A felicidade, redenção," iluminação ", realização reside na eliminação ou satisfação dos desejos.
Existem dois caminhos:
A satisfação de alguns e o direcionamento ou sublimação de outros, através de um condicionamento imposto pela vontade.
A satisfação de todos.
Os caminhos são escolhidos naturalmente de acordo com o caráter de cada pessoa. Há uma inclinação natural nessa busca. Entretanto, para o ser humano tornar-se inteiro, uma unidade, um indivíduo, um si-mesmo, ambos os caminhos precisam ser trilhados. O homem numa etapa do seu desenvolvimento precisa saber usar a sua força de vontade até o seu ponto máximo, exercendo seu poder sobre os instintos e sobre a natureza que o cerca; não irá eliminar a força dos seus instintos mas compreende-los, dominá-los; noutra etapa ele necessita satisfazer, entregar-se e viver todos os desejos instintivos ainda existentes até que já não haja nada a ser desejado. A fera dominada precisa ser solta para que ele possa experimentar a totalidade. A segunda etapa, para alguns, é o maior desafio, a passagem pelos infernos.
Wu Wei, não-agir, não escolha, é o estado do ser " iluminado ", ou seja, realizado. Para chegar a este estágio ele passou pelos dois caminhos, porque não há outra forma de encerrar A Busca: a satisfação dos seus desejos.

domingo, 11 de julho de 2010

Inspire...Expire...

(vídeo com musica ao final do texto)

O mundo está fluindo através de mim, com todo o prazer e a alegria
Mas eu estou realmente sentindo isso?
O mundo está fluindo através de mim, com todo o amor e felicidade
Mas eu não sinto isso mais

Longe de uma visão cósmica
Longe de uma nova realidade

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire

Existe algo além da razão
Onde é que tudo começa, e haverá um tempo quando isso vai acabar?
Se formos capazes de ver, temos de aprender a não desviar o olhar até que nos encontremos outra vez?

Longe de uma visão cósmica
Longe de uma nova realidade

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire

Inspire, expire
Eu sinto que a hora está chegando perto
Inspire, expire
Eu sei que era para mim
Se eu soubesse a pergunta certa
Existe uma resposta a ser encontrada
Inspire, expire


(RPWL - Breathe In, Breathe Out)


                     

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cosmoconsciência


Cosmovisão (Weltanschauung) é a compreensão do mundo, pela causa eficiente, formal e material. Cosmoconsciência é a compreensão do mundo pela causa final. Nesse sentido, afirma Rohden:
“o homem moral crê em Deus, o homem cosmoconsciente sabe o que é Deus”.
Muitos ainda se apegam às suas verdades imutáveis, consciências cristalizadas, petrificadas, e não conseguem perceber que nós precisamos evoluir junto com o mundo. Porque tudo de significativo que acontece é incorporado em nós e cresce conosco se mantivermos a mente e o coração abertos. O nosso mundo interior é infinito e real. Todas as coisas vinculadas ao mundo externo passam. Nós, no nosso mundo interior, em qualquer idade, ainda somos a criança que quer descobrir o mundo, o adolescente que desperta para uma nova vida e o jovem idealista que quer mudar o mundo.
Por que colocar uma “bíblia” debaixo do braço e pensar que estamos com a verdade? Isto não se refere apenas aos religiosos mas a qualquer ser humano.
O homem sábio, por mais genial que seja, não é aquele que sabe a Bíblia de cor, ou conhece todos os ramos da ciência. Sábio é aquele que abre a mente e o coração e permite que a verdade flua para dentro de si.
“Não procure a Verdade, permita que ela o encontre,” diz Rajneesh.
O homem desde que se conhece como sapiens, sapiens, tem procurado encontrar respostas para os mistérios que o cercam.Nós vivemos numa realidade, num mundo definido, por que não dizer, criado pelos nossos sentidos. Precisamos aceitar, além das vias científicas, a existência de outras vias de conhecimento, como a ampliação da consciência com a absorção de conteúdos inconscientes e a intuição. O Universo é um todo do qual nós percebemos somente uma face. Nós não podemos objetivar completamente os fenômenos, mas apenas falar do “mundo que o homem é capaz de conhecer”.
Sobre a fé, é necessário citar um texto atribuído a Buda:
“Não acrediteis numa coisa apenas por ouvir dizer. Não acrediteis na fé das tradições só porque foram transmitidas por longas gerações. Não acrediteis numa coisa só porque é dita e repetida por muita gente. Não acrediteis numa coisa só pelo testemunho de um sábio antigo. Não acrediteis numa coisa só porque as probabilidades a favorecem ou porque um longo hábito vos leva a tê-la por verdadeira. Não acrediteis no que imaginastes, pensando que um ser superior a revelou. Não acrediteis em coisa alguma apenas pela autoridade dos mais velhos ou dos vossos instrutores. Mas, aquilo que por vós mesmos experimentastes, provastes e reconhecestes verdadeiro, aquilo que corresponde ao vosso bem e ao bem dos outros - isso deveis aceitar, e por isso moldar a vossa conduta”
A mecânica quântica, descoberta há um século, ainda não é compreendida pela maioria dos cientistas, pelo homem religioso, muito menos pelo homem comum. A sua compreensão promove tamanha revolução da visão do mundo, que se iguala, se não supera, o que aconteceu na época em que Galileu afirmou que a Terra não é o centro do universo.
“A filosofia de Descartes”, diz Heisenberg, “fazia clara distinção entre sujeito e objeto. Descartes distingue muito nitidamente: Deus, eu, o mundo. Pode-se decompor este triângulo, por assim dizer, em seus três lados. A tarefa do cientista é tratar de um dos lados: o lado do “mundo objetivo”. E nesse mundo objetivo, pensava Einstein, tudo deve acontecer segundo um determinado programa que pode ser expresso matematicamente. Eu, porém, pertencia a uma geração mais jovem, e desde o início participei das dores de parto, por assim dizer, da teoria dos “quanta”; percebi que a antiga distinção simplesmente não era possível, ainda que o quiséssemos. Por isso inclino-me a dizer a que a ciência da natureza não é uma explicação do mundo objetivo, e sim uma parte do jogo recíproco entre o mundo e nós mesmos: e por isso também uma parte da linguagem com que nós falamos do mundo. Por conseguinte, nós mesmos não podemos absolutamente excluir-nos dela.”
“Deus”, “eu”, “o mundo” é um todo; a causa e o efeito estão interrelacionados.
Devemos ser capazes de assumir a posição do observador, estar fora, separados, olhar de longe e do alto, perceber e sentir as coisas passar; não estar vinculados, apegados, entranhados a nenhuma coisa do mundo; ser essa consciência de desapego, esse estar no mundo, sem ser do mundo; sentir essa realidade desligada do egoísmo do eu; ser o espírito que contempla tudo o que existe, “tanquam non”, como se não existisse. Esta consciência redireciona as nossas motivações e ações. O nosso pensar e agir passa a ser determinado pela visão panorâmica do espírito, a cosmoconsciência.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Deus não responde


"Você reclama que grita e Deus não responde. Que se sente aprisionado e que é uma sentença perpétua, embora ninguém tenha dito nada. Considere, então, que você é seu próprio juiz e sua própria prisão.
- Prisioneiro, deixe a sua prisão!
Para sua perplexidade, verá que ninguém vai impedi-lo. A realidade fora da prisão é mesmo aterradora, mas nunca tão aterradora quanto a angústia daquela sala trancada. Dê seu primeiro passo para a liberdade. Não é difícil. O segundo passo é mais difícil. Mas nunca permita que seus carcereiros o derrotem. Eles são apenas seu próprio medo e seu próprio orgulho"
(Ingmar Bergman em "O Mundo de Luz e Sombras").

quinta-feira, 10 de junho de 2010

(...)


"A moralidade e o direito nasceram, quando o homem deixou de viver pela alma do Universo. Com a tirania do intelecto começou a grande insinceridade; quando se perdeu a noção da alma, foi decretada a autoridade paterna e a obediência dos filhos.
Quando morreu a consciência do povo, falou-se em autoridade do governo e lealdade dos cidadãos."
(Tao Te King)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nuvens



"Liberta as veias do curso do sangue.
Entreabre os olhos e deixa entrar a luz
Depois toma posse de teu próprio ser:
Procura a tua essência dentro de ti mesmo."
Tantra-Yoga.

Afinal, o que é real e o que é ilusório, se em cada coisa e em cada "eu" há diversas dimensões, se o observador faz parte essencial do fenômeno observado? Faz alguma diferença para o observador do nascer do sol, se é o sol ou a terra que está girando? A terra gira? Ela gira ou apenas muda de posição em relação aos planetas,ao sol e ao universo? O tempo existe ou é apenas um condicionamento da mente? Ele existe ou é apenas uma convenção? É tudo uma ilusão?
O por do sol tinge de tons multicoloridos as nuvens que se movimentam lentamente. Nuvens que seguem seus caminhos, em harmonia, em "paz consigo mesmas".
Elas são reais (?) e convidam para uma reflexão...

sábado, 8 de maio de 2010

Espírito Livre


Existe um mundo real, único, maravilhoso e trágico, impenetrável aos outros, um universo construído, diuturnamente, pelos sentidos conscientes e inconscientes, que é o nosso mundo interior. Nesse mundo somente existe o agora. Ele molda o passado e contém, potencialmente, o futuro. Esta é a morada do Ser e da sabedoria, mas também do Ego e de suas legiões; aqui moram demônios, trevas, medos, tristezas, ódios, raivas, ansiedades, inquietude, angústias e tempestades que se revezam com deuses, luzes,
alegrias, amores, prazeres e calmarias... Aqui é o céu, e aqui é o inferno, duas faces da mesma moeda.
O acesso direto à Verdade demanda uma passagem para além do âmbito do pensamento ordenado. (Heinrich Zimmer.)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Embriagados



Segundo Rajneesh, quando temos continuamente um único pensamento, somos hipnotizados por ele; se olharmos continuamente para uma só coisa, seremos hipnotizados por ela. A pessoa pode estar hipnotizada, embriagada, pelo sexo, pela fé, pela riqueza, pelo poder...
A técnica da hipnose é a repetição. Coisas ilógicas e irracionais são transformadas em verdades, pela repetição. Afirma Rajneesh: "Hitler repetiu continuamente: "Os judeus são a razão da miséria e do declínio da Alemanha. Se eles forem destruídos, não haverá mais problemas. Vocês são os senhores do mundo, são uma raça especial; vieram ao mundo para dominar - são a raça superior." No começo nem seus amigos acreditavam nisso. Assim como ele também não acreditava porque era uma mentira evidente. Mas depois de tanto repetir, o povo começou a acreditar - estava hipnotizado. E quando outras pessoas ficaram hipnotizadas, Hitler também ficou hipnotizado pelo pensamento de que deveria haver alguma verdade no que dizia: "Quando milhões de pessoas acreditam numa mesma coisa deve haver alguma verdade nela". O que aconteceu? Um povo extremamente culto e inteligente teve um comportamento idiota. Por que? Existe um processo simples de transformar uma mentira em verdade - é só repeti-la continuamente.
Estamos todos hipnotizados em maior ou menor grau e a hipnose não permite nos apercebermos disso. O mundo todo se move em sonambulismo. É por isso que existe tanta miséria, tanta violência, tanta guerra. "O que significa essa sonolência? Significa que você não tem consciência de quem é - então todas as suas ações são irresponsáveis. Você está louco e tudo o que faz, faz como um bêbado. Sair desse estado hipnótico é despertar, tornar-se consciente."
O que você pode fazer? O que pode fazer uma pessoa - que dorme profundamente - para despertar dos seus sonhos?
A resposta é minha: abandone tudo o que você tem como certo e errado; todos os valores da tradição, da religião e da civilização; questione tudo; não siga autoridades; pesquise, estude, observe, observe com atenção e você começará a despertar. Tenha um novo posicionamento perante a vida. Faça isto JÁ.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Religare


Sabeis o que é religião? Não é cântico, não é execução de ritual, não é adoração de deuses de lata ou imagens de pedra; ela não se encontra nos templos e igrejas, nem na leitura da Bíblia ou do Gita; não é a repetição de um nome sagrado ou o seguir de qualquer outra superstição inventada pelos homens. Nada disso é religião.
Religião é o sentimento da bondade, daquele amor semelhante ao rio – que é um movimento rico eterno. Naquele estado, vereis chegar um momento em que não haverá busca de espécie alguma; e esse findar da busca é o começo de algo totalmente novo.
A busca de Deus, da Verdade, o sentimento de se ser integralmente bom (não o cultivo da bondade, da humildade, porém o buscar, além das invenções e dos artifícios da mente, uma certa coisa – e isso significa ser sensível a essa coisa, viver nela, sê-la) isso é que é a verdadeira religião.
A vida cuidará então de vós, de uma maneira surpreendente, pois, de vossa parte, nada haverá para cuidar. A vida, então, vos levará aonde lhe aprouver, porque sereis uma parte dela; não haverá mais problemas concernente à segurança ou ao que “os outros” digam ou não digam. E esta é que é a beleza da vida.

(Livro: A CULTURA E O PROBLEMA HUMANO -pg 133)

Condicionado


Toda e qualquer palavra, frase ou sentença emitida por um ser humano carrega dentro de si o condicionamento daquele que emitiu a frase.

Mas é preciso entender que nem tudo que é condicionado é falso, ou emite uma impressão tendenciosa.
Todo e qualquer julgamento de valor é baseado em alguma informação adquirida no passado, ou seja, o julgamento é sempre a expressão da história do julgador.

O ideal de um julgamento imparcial é justamente isto: um ideal.

No mundo real todo e qualquer julgamento é baseado em regras, conceitos, decisões e julgamentos anteriores, e neste sentido está atrelado a condições anteriores.

Um julgamento imparcial é aquele que está de acordo com regras e conceitos anteriores do que é imparcial, e, portanto, aí está a parcialidade dele.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Experiencia de vida


Afirma Rumi, poeta e místico árabe: "você pode pensar que compreende algo,
mas a mais superficial experiência disto pode causar a perda de toda a sua
compreensão".

A experiência de vida provoca percepções diferentes em cada pessoa, afinal cada um é um universo individual. Esta diferença de percepção é maior entre pessoas extrovertidas e introvertidas.
Algumas diferenças entre “extrovertido” e “introvertido” conceituados por Jung:
As atividades do tipo “extrovertido” parecem ser determinadas em grande parte pelos objetos que os interessam; para ele, o objeto - ou seja, tudo o que está fora dele - é o eixo dos acontecimentos; faz o que lhe é solicitado pelo mundo exterior e vive de acordo com as exigências e padrões da realidade objetiva em curso; ele não dá valor ao seu mundo subjetivo interior. Está mais interessado na amplitude do conhecimento.

“Não há qualquer outro tipo humano”, afirma Carl C. Jung, “que se iguale ao tipo perceptivo extrovertido no que diz respeito ao realismo. Seu senso objetivo para os fatos é extraordinariamente bem desenvolvido. O que ele às vezes experimenta dificilmente merece o nome de “experiência”.
As atividades do tipo “introvertido” parecem ser, em grande escala, dirigidas por algo dentro deles mesmos, algo "subjetivo"; o seu ser interno é o centro de tudo e a importância do mundo objetivo (tudo o que ocorre fora dele) é julgada apenas na medida em que o afeta; os estímulos objetivos desencadeiam um processo mental que é centrado no "eu" interior; o introvertido sempre tenta compreender o que percebe e o que lhe acontece e, com esse esforço subjetivo, tenta, por assim dizer, adaptar o mundo exterior ao seu mundo privativo interior; recolhe fatos apenas como evidência para suas próprias hipóteses e não em benefício dos próprios fatos; tem dificuldades em fazer uma abordagem objetiva da vida; está mais interessado na profundidade do que na amplitude e o processo de pensamento pode ser alimentado tanto de fontes subjetivas e/ou inconscientes como de dados reais por meio dos órgãos sensoriais.
O tipo extrovertido é objetivo, o introvertido subjetivo. A diferença de percepção entre os dois tipos e suas conseqüências podem resumir-se num fato citado por Elie G. Humbert em “Jung”: Jung “ficou impressionado ao ver Freud e Adler se oporem em função de duas teorias que lhe pareciam igualmente válidas, e explicava a ruptura pela impossibilidade de admitirem que sua divergência, tinha a ver com suas estruturas, extrovertida para Freud, introvertida para Adler.”

segunda-feira, 15 de março de 2010

A descoberta do Mundo




"Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso.


Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste. /.../


O que eu queria, e não posso, é que tudo que viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo a que eu pertencesse.


Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer : tome, é seu, abra-o!
Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente
os meus sentimentos."
(A descoberta do mundo - Clarice Lispector)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Máscaras


Muitos de nós construímos durante nossa vida diversas cercanias muito altas , impedindo outros a escalada rumo ao nosso real ser, porque diversas vezes confundimos a necessidade de utilizarmos máscaras criadas por nós mesmos, para uma possível melhor forma em nos relacionarmos em situações que apresentam-se mais difíceis. Como exemplo, podemos dizer certa coisa a outrem, utilizando de uma forma diplomática. Outros preferem lidar com tais situações diretamente, acreditando que sejam aquilo mesmo que se apresentam perante todos. Vão direto ao assunto, sem a diplomacia, mas ainda assim podem carregar-se de certa máscara, que confunde-se com seu próprio real ser.
Máscaras podem ser utilizadas como num teatro, mas que logo seriam retiradas assim que termina a peça, a peça da vida, tudo em pró do bom relacionamento, pois ninguém em sã consciencia prefere a dor de um conflito .
A questão está em quando temos consciencia de estarmos utilizando as mascaras, e não a confusão com nosso ser real.
Sabedor ou consciente de quando devem ser utilizadas, esse em verdade vive uma vida em comunhão com o próximo, mesmo que muitas vezes sinta necessidade de reclusões em sí mesmo, cujo fruto se dá o nome de Meditação. Tal solidão profunda constróe um ser de muito maior consciencia do mundo que o cerca, e não uma solidão produzida por um ser que se sente agredido porque iludiu-se com suas mascaras.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Desenvolvimento


Qual é a contribuição do desenvolvimento científico na evolução moral do ser humano?
A facilidade de comunicação que a tecnologia nos oferece, o espantoso volume de informações que cada vez mais estão disponíveis para a grande massa humana, a desmistificação de muitos fenômenos da natureza, a nova visão do planeta Terra e a sua relação com o Universo, todas as grandes descobertas da física, química, genética, neurologia, etc. etc. até que ponto contribuem para o desenvolvimento moral do ser humano?
Maior conhecimento intelectual, maior conforto material e maior expectativa de vida colaboram para uma evolução moral ?
Alguém nos últimos séculos, com todo o desenvolvimento científico e tecnológico, conseguiu superar em autoconhecimento os grandes sábios da antigüidade como Lao Tse, Buda, Platão, Sócrates, apenas para citar os mais conhecidos no ocidente ?
O mundo percebido pelos sentidos do homem comum é o mesmo observado pelo homem dito religioso, pelo intelectual e pelo cientista. É o mundo das aparências, o mundo externo, percebido pelos sentidos na sua forma mais simples e superficial. Por maior que seja o saber intelectual, o poder político, religioso e econômico de um ser humano, o seu nível de consciência é apenas maior em extensão, em quantidade, em valores horizontais, se comparado com um homem comum, analfabeto e sem posses materiais.
Todas as Religiões (organizações religiosas, esotéricas e místicas) que conhecemos, sem exceção, são formadas por pessoas que estão no mesmo nível de consciência: o nível de consciência do ego. Nenhuma dessas Religiões promove o desenvolvimento moral do ser humano. Elas estão no mundo do ego e, portanto, somente tem a capacidade de aperfeiçoar o ego, tornando-o altruísta e virtuoso. Nenhuma dessas Religiões através de seu Deus, deuses, credos e dogmas consegue promover a redenção isto é, libertar o ser humano da sua ignorância com relação à Verdade.
As Religiões utilizam os nomes dos seres "iluminados pelo espírito" para prometerem a redenção, a felicidades eterna. Os "mestres iluminados" não fundaram nem fundam Religiões. São os egos espertos que utilizam os seus ensinamentos interpretando-os e adaptando-os aos seus interesses egoístas.
A disputa entre a Religião e a Ciência é uma luta pelo poder. Ambas estão no mesmo nível do ego e dos valores horizontais. É um jogo de poder que tem como armas o conhecimento intelectual, experimental, a razão, a lógica, a emotividade, o sentimento, a fé. Por isso Deus (a Verdade) não pode ser encontrado nem pela Ciência nem pela Religião.
O desenvolvimento científico e tecnológico não ajuda a promover o desenvolvimento moral do ser humano. Este desenvolvimento é individual e promovido pelo perceber, talvez uma "lei cósmica", "evolutiva" (no sentido de retorno 'a essencia), independentemente do conhecimento intelectual, do poder ou das posses materiais de cada um.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Crear


Alma e espírito são considerados sinônimos e definidos como o corpo imaterial do ser humano. A alma é conceituada também como a psique. A alma, para muitos, é a individualidade, o "eu" que é considerado imortal. A Religião, a Filosofia, a Psicologia, a Alquimia e a Astrologia além das Escolas Esotéricas, procuram dar, cada uma a seu modo, uma resposta às nossas indagações existenciais. O homem, entretanto, mostra-se renitente, inseguro, com medo de olhar para dentro de si mesmo. Esta incapacidade está ligada à sua consciência de vida.
É próprio do homem inconsciente voltar-se para fora, para o outro; querer controlar a natureza e a vida das pessoas que o cercam. Temos uma fantástica evolução tecnológica em todas as áreas.
A vida média do ser humano e a redução da natalidade estão crescendo de tal forma que num futuro não muito distante seremos uma humanidade de idosos. A astronomia e a física estão num estágio de descobertas nunca antes imaginado. Especula-se até na existência de mais de um universo. Mas descobrir o nosso universo pessoal é tão árduo quanto desvendar os mistérios do mundo que nos cerca.
A ampliação da consciência em extensão e profundidade através do autoconhecimento leva-nos à autotransformação.
É nesta caminhada da inconsciência para a autoconsciência que "creamos" nossa alma. Nós nos "creamos" progressivamente ao nos libertarmos da escravidão da ignorância. Nós estamos dormindo e vivemos na ilusão.
O "Eu" é memória, lembranças,consciência, inconsciência, etc., e está indelevelmente ligado ao corpo material. Este tem os mecanismos necessários para a autotransformação. Está posto o desafio: "crear"(1) uma "alma individual", sob pena de continuarmos sendo apenas como mais um ponto dentre bilhões de outros, dormindo no Universo.
(1) "Crear" é a manifestação da Essência em forma de existência