quinta-feira, 9 de junho de 2011

O Pensar e a Fuga - Ajude-se!


Entre o que gostaríamos que fossemos, e o que somos, o que estamos vivendo,  existe um tempo criado no pensamento.
Esse tempo chamamos de "tempo psicologico", que está dentro da gente, mas que difere do tempo cronológico, que é o tempo que é medido em uma viagem entre uma cidade a outra, por exemplo, ou quando marcamos certa hora para algum compromisso- o tempo cronologico escoa.
Esse pensar de um modo psicologico , não é prático, não é lógico, mas ligado sempre ao "vir-a-ser". Esse tempo está carregado de "vontades" em escapar da realidade, do fato. Esse pensamento nada mais é que o movimento dentro desse tempo entre o que é, e o que gostaria que fosse. Entre o ser e o vir-a-ser.
Produzido por sensações passadas e pelo desejo de repetí-las, cria-se um centro gerenciador das mesmas ( o ego ) na qual busca certezas ou repetições dessas seja pela via da satisfação ,ou do prazer, onde esse vir-a-ser está apoiado no campo das crenças, das  filosofias, sonhos, religiões, doutrinas e fantasias.
O pensamento é o tempo que existe nesse espaço, a "coisa que o percorre", entre o que se é, e o que se deseja ser.
Todo esse movimento dentro da psiqué impede ver o que é o fato. É isso que promove as fugas e escapes das dores interiores, em busca do prazer.
Tais movimentos sempre nos deixam sem conhecer as causas, porque é um costume assim viver.
Somos treinados desde crianças a assim pensarmos - seja na comparação, seja na competição . Criam-se assim, ideais dentro da mente. Ideais religiosos, doutrinários, filosoficos, humanos, divinos, morais e éticos.
O pensamento não sabe o que fazer com essas projeções, pois não é a realidade do agora, mas apenas ideais, como coisas projetadas no futuro. O pensador não sabe o que fazer com o fato, com o que é . Tenta controlar, modificar, fugir, evitar.
Ocorre que podemos frear esse modo de pensar, pois o mesmo produz as neuroses, os impedimentos e dissabores, além do medo e traumas, pois, evidente,criam *conflitos* dentro de nós - entre a realidade e a projeção do que se gostaria que fosse a realidade chamada "Ideal".
Podemos observar tudo isso ocorrendo, sem esse movimento rumo ao ideal, quando não nos dividimos entre o que somos e o que gostariamos que fossemos, pois essa divisão cria o conflito interior. Ou seja, somos a angustia, as dores e tristezas, que promovem nossas fugas em busca dos ideais. Não podemos fugir das mesmas. Nós somos tudo isso.
Somente quando PERCEBERMOS ESSE FATO ou tudo isso ocorrendo, sem julgamentos, haverá a paralização instantanea desse movimento do pensamento, onde as células cerebrais que desde a infancia estão sendo formatadas a pensarem do modo "vir-a-ser" , sofrerão uma transmutação, e uma tranquilidade mental reinará.

( Texto base:  Krishnamurti )

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